Imagem representa o projeto da escultura de BetinhoDivulgação

Rio-  A escultura em bronze do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, será inaugurada nesta quinta-feira (21), na Praia de Botafogo, Zona Sul. O evento acontece às 9h, em uma celebração que contará com a presença de autoridades, familiares e amigos do ativista. 
Betinho convocou o país inteiro a assumir um papel ativo no combate à fome, em um movimento nacional que deu origem à Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida. O feito foi realizado através da frase: "Sei que não vou conseguir apagar esse incêndio sozinho, estou apenas fazendo a minha parte". 
Na inauguração da estátua, estarão o fundador do AfroReggae e idealizador do projeto José Júnior, o prefeito do Rio Eduardo Paes, e o secretário especial da Juventude Carioca Salvino Oliveira, que viabilizou junto à prefeitura a autorização para a instalação do monumento, que foi patrocinado pela Brahma. A iniciativa é uma parceira entre a Ação da Cidadania, AfroReggae e Secretaria Especial de Juventude Carioca.


"A estátua do Betinho é a consolidação de um legado construído de muitas décadas. Se não tivesse o Betinho, dificilmente teríamos esse movimento social tão forte que existe hoje no Brasil. E, quando nós pensamos em fazer a série (Betinho: no Fio da Navalha), é para exatamente potencializar essa herança que, para mim, é o maior ativista social de todos os tempos", comenta José Júnior.

A escultura faz uma releitura da fábula do "Beija-Flor", que ficou conhecida na década de 1990 na voz de Betinho e ainda hoje segue no imaginário do povo brasileiro, mesmo entre os mais jovens. Na parábola, o pássaro é questionado por outro animal como ele poderia combater um incêndio na floresta levando somente água no bico. Ele então responde que sozinho não conseguiria apagar as chamas, mas se cada animal fizesse a sua parte, o fogo iria cessar. 
"Mesmo sendo tão frágil quanto o beija flor que está em suas mãos, Betinho foi incansável na defesa da cidadania e da democracia neste país. Esta estátua vai nos lembrar que está em nossas mãos continuar as suas lutas, que não são poucas. Que a gente siga mobilizando a sociedade civil disposta a fazer a diferença na vida de quem precisa, porque a luta por direitos é permanente", diz Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania e filho de Betinho.

O local que vai abrigar o monumento também foi escolhido por outros motivos. Afinal, foi no bairro de Botafogo que o sociólogo morou até o fim de sua vida e onde também, após a volta do exílio, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), hoje instalado no mesmo endereço da Ação da Cidadania, no bairro da Gamboa. No atual espaço também funciona outra entidade criada por ele em 1987: a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA).
Reconhecido internacionalmente por sua incansável luta pela transformação social, Betinho morreu vítima da Aids em 1997, aos 61 anos. No entanto, para o secretário especial de Juventude Carioca, o legado do irmão do Henfil permanece mais vivo do que nunca. "É de extrema importância que as novas e futuras gerações conheçam o trabalho, a luta e a importância do Betinho para o Brasil. Os jovens precisam se espelhar em homens como ele, que jamais abandonou suas causas em defesa de quem mais precisa. Uma luta que começa na ditadura, pela volta da democracia, e depois segue no combate à pobreza, à desigualdade social e à maior mazela da nossa sociedade: a fome”" conclui Salvino Oliveira.

A trajetória de Betinho pode ser vista na série Betinho: no Fio da Navalha, produzida pela AfroReggae Audiovisua. A obra, inclusive, foi recentemente selecionada para o Festival Internacional de Séries de Cannes, sendo a única produção brasileira escolhida para a premiação, marcada para o próximo mês.