Queli Santos Adorno e o pequeno Azafe receberam altaÁlbum de família / Divulgação
O primeiro a ser liberado do hospital foi o bebê, que recebeu alta ainda no início da manhã, com sete dias de vida. Já Queli recebeu a liberação algumas horas depois, junto com um encaminhamento para continuar o tratamento psicológico.
Segundo o documento, a paciente “passou por um trauma ocorrido na unidade” e necessita de acompanhamento.
Médica demitida
Após ser acusada de negar atendimento para o parto de Queli, a médica Sheila Peixoto Atthie Maia foi demitida pela Prefeitura de Duque de Caxias. Em nota, o município informou que foi aberta uma sindicância interna para apuração e responsabilização das demais condutas dos profissionais envolvidos no atendimento à paciente.
"A Prefeitura de Duque de Caxias manifesta ainda seu repúdio a esse tipo de conduta médica e reafirma seu compromisso com a assistência humanizada e o bem comum de todos os pacientes atendidos na rede municipal de saúde", informou o órgão.
O caso aconteceu entre a noite de sexta-feira (22) e a madrugada de sábado, quando o bebê acabou nascendo no chão da recepção da maternidade. Segundo o irmão da grávida, Luciano Adorno, a mulher entrou em trabalho de parto enquanto tentava convencer a equipe da unidade de saúde de que seu filho estava para nascer.
Ainda segundo os familiares, Sheila Maia foi a segunda médica a atender Queli, após a troca de plantão. A primeira profissional havia orientado que a mulher ficasse na maternidade.
"Essa primeira médica entendeu a situação dela, disse para ela ficar, falou que por ela já ser mãe de outros três, ela poderia evoluir muito rápido para dar à luz", explicou Luciano.
Tanto é que, conforme pode ser verificado, na ficha médica consta “nova reavaliação às 6h30”. Portanto, não há como eu tê-la orientado a ir para casa e, ao mesmo tempo, a fazer a reavaliação duas horas após.
De acordo com as diretrizes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e do Ministério da Saúde do Brasil, mulheres grávidas são internadas quando atingem cerca de 4 a 6 centímetros de dilatação. Quando eu avaliei a paciente ela apresentava 2 centímetros de dilatação. Por isso, a médica que a atendeu antes de mim e eu não indicamos a internação.
Tenho um histórico sólido de prática médica ética e de cuidados junto às minhas pacientes. Sou médica há 32 anos, dos quais 29 foram dedicados à obstetrícia, com mais de 2000 partos realizados. Ao longo de todo esse período, nunca respondi a nenhum processo, o que pode ser confirmado junto ao CREMERJ.
Embora eu tenha seguido os protocolos adequados, entendo que isso não diminui a angústia que a paciente enfrentou. Gostaria de expressar minha profunda empatia e solidariedade pela paciente e sua família”.
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