Memorial inaugurado com parte do acervo histórico da Associação Atlética Vila IsabelYolanda Braconnot / Divulgação

Rio - Parte da memória da extinta Associação Atlética Vila Isabel (AAVI) poderá ser revisitada em um memorial que acaba de ser inaugurado no Boulervard 28 de Setembro, principal via do bairro da Zona Norte. Troféus conquistados pelo tradicional clube, que encerrou as atividades após 70 anos, em 2020, ficarão expostos permanentemente para moradores da região em uma vitrine dentro de um supermercado erguido no terreno da antiga sede, que foi demolida. 
Última presidente do clube, Yolanda Braconnot comemorou a iniciativa. "É uma felicidade muito grande, cumprimos com o que eu sonhava, que era ter um memorial do clube. Fizemos uma placa de agradecimento pela homenagem, que também está exposta lá. Aquele terreno é sagrado para os moradores de Vila Isabel e adjacências. São muitas histórias: pessoas que cursaram o maternal, fizeram festas de debutante, disputaram torneios, passaram a adolescência", disse a ex-dirigente, em entrevista ao "DIA".
Yolanda contou, ainda, a que a seleção dos troféus expostos no "Espaço Vilinha", na nova filial do Prezunic, foi feita por dois ex-atletas que venceram o tricampeonato da Federação Metropolitana de Futebol de Salão, em 1965, durante a "época gloriosa" do clube. O restante dos prêmios está abrigada na sede da Associação de Moradores e Comerciantes (VIA) do bairro.

A inauguração do memorial, na última terça-feira (27), também contou com a réplica da famosa estátua do compositor Noel Rosa, encomendada a pedido do comerciante Jorge Artur Mendes, que já foi vice-presidente do clube e atualmente preside a VIA. 

"Aquele era um espaço de extrema importância para o morador. A homenagem serve para deixar vivo o legado esportivo, cultural e social do clube", declarou Jorge.

Ascensão e queda 

Fundado em 1950, no Boulevard 28 de setembro, o "Vilinha", como era carinhosamente chamado pelos moradores, foi palco de shows de grandes nomes da música brasileira, como Emílio Santiago, Luiz Gonzaga, Dicró, Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, Martinho da Vila, Arlindo Cruz e muitos outros. Além de ser tricampeão carioca de futsal, sediou concursos de beleza, inclusive de Miss, campeonatos de vôlei, halterofilismo, bailes de carnaval e inúmeros "jantares dançantes". O local, tinha, ainda, uma piscina bastante disputada pelos sócios.

Yolanda Braconnot assumiu a gestão da entidade em 2008, quando as dívidas acumuladas, segundo ela, já eram "impagáveis". "Saí por problemas de saúde, mas voltei em 2011 e fiquei até o encerramento das atividades. Senti que ainda tinha um dever a ser cumprido com o clube", relembrou.

O terreno foi leiloado no mesmo ano em que Yolanda tornou-se presidente, porém, o novo dono só tomou posse 12 anos depois. "Nesse meio tempo, conseguimos manter o clube aos trancos e barrancos. Além das dívidas, muitos fatores foram contribuindo para a decadência: tiveram casos de invasões, fomos proibidos de realizar shows por conta do som alto, o número de sócios pagantes diminuiu a cada ano que passava, chegando a ficar em 60, e, por fim, a pandemia tornou inviável qualquer tipo de atividade." 
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Raphael Perucci