Prisão do miliciano, em 2020, foi feita pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A Justiça do Rio condenou, nesta segunda-feira (1º), o miliciano Carlos Vinicius Sanches França Neves, conhecido como Feiuk, a 33 anos de prisão em regime fechado pela morte de duas pessoas em 2019, na Baixada Fluminense. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o homem e outros integrantes de uma milícia que atua em Austin, em Nova Iguaçu, executaram por vingança Maicon José Jovem de Oliveira e Bruno Tavares Ribeiro próximo ao Arco Metropolitano.
A decisão de condenação é da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. Segundo a denúncia, no dia 26 de agosto de 2019, Carlos e outros criminosos encontraram as vítimas em um bar e os renderam, colocaram ambos em um carro e os mataram a tiros. 
Para o MPRJ, os crimes foram cometidos por motivo torpe, uma vez que Bruno, meses antes, envolveu-se em uma confusão em um bar na região e atirou contra duas pessoas, provocando a ira dos milicianos que atuam no local. Desde então, ele era alvo da organização criminosa.
De acordo com o promotor de Justiça Bruno de Faria Bezerra, a prova contida nos processos demonstrou a audácia do réu e da organização criminosa, denominada Milícia de Austin, já que em mandados de busca e apreensão cumpridos contra os integrantes, foram apreendidos telefones celulares em que os milicianos falavam sobre os crimes praticados pela quadrilha, inclusive os homicídios que resultaram na condenação de Carlos.
O promotor destacou ainda a violência da organização, citando que as vítimas foram mortas com vários disparos de arma de fogo e jogadas em um matagal, nas proximidades do Arco Metropolitano.
Trabalho da milícia
Carlos, que foi preso em abril de 2020, e mais 29 pessoas viraram réus por integrar a Milícia de Austin no mesmo ano da prisão do miliciano. Na época, a Justiça disse que a organização criminosa buscava obter vantagens patrimoniais e de domínio do território e imposição de força, praticando crimes como homicídios, roubos, extorsões e estelionatos. O grupo foi até alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).
Segundo a denúncia daquele ano, o grupo exigia taxa de segurança, assim como o pagamento de quantias por mototaxistas para que pudessem circular livremente na região. A milícia também teria monopolizado o fornecimento de água e de cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet. Ainda de acordo com a denúncia, o grupo contava com a participação de policiais militares da ativa, havendo uma divisão de atividades em núcleos e diferentes papéis na organização.
Durante uma operação contra o grupo em 2019, o ex-subsecretário de Obras de Nova Iguaçu, Jefferson Ramos, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma. O sítio de Jefferson foi um dos 43 alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). A especializada chegou até o endereço dele após uma investigação apontar uma relação com um dos líderes da milícia de Austin, Marcos Antônio dos Santos Amaral, o Marquinho Alemão, que foi preso na mesma operação.