Arthur Yan segue internado no HeatArquivo Pesoal
'Só agradece a Deus por estar vivo', diz mãe de adolescente que ficou paraplégico após ser baleado
Arthur Yan dos Santos Aguiar, de 17 anos, estava a caminho da escola quando foi atingido. Caso aconteceu no Jardim Catarina, em São Gonçalo
Rio - O estudante Arthur Yan dos Santos Aguiar, de 17 anos, sente medo, mas agradece repetidamente a Deus por continuar vivo. Ao DIA, a comerciante Uellen dos Santos Simplício, mãe do adolescente, contou que tem somado forças para que o filho siga confiante na recuperação após ter ficado paraplégico ao ser baleado a caminho da escola no Jardim Catarina, em São Gonçalo, na segunda-feira (1º).
"Tem sido horrível, mas temos que ter força para mostrar força para ele. Como que vou falar para o meu filho que ele nunca mais vai andar? O milagre do Senhor vai acontecer: ele vai andar sim, em nome de Jesus. Vai fazer tratamento e vai conseguir andar. Ele só dá graças a Deus que está vivo", disse Uellen.
A mãe também explica que a família não tem estrutura de acessibilidade em casa, no Jardim Catarina, para cuidar do menino e tem esperanças de que alguém ofereça uma cadeira de rodas. Além disso, corre atrás para que Arthur receba um tratamento gratuito de fisioterapia quando deixar o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat).
"Queremos que ele faça fisioterapia para ver se ele consegue voltar a movimentar as pernas, porque ele é muito jovem, não merecia isso. Se alguém tiver disponibilidade de doar uma cadeira. Estamos precisando porque não temos nada disso, não estávamos preparados para isso, não temos estrutura para receber ele em casa, nada. O médico disse que ele é muito novo. A medula não se reconstrói, mas ele pode voltar a sentir um pouco com fisioterapia por ser muito novo", afirmou.
Por volta das 7h, Arthur saiu de casa para fazer uma prova no colégio, mas foi surpreendido por tiros disparados por dois homens que vestiam toucas ninjas, camisetas pretas e calças jeans. De acordo com a família, jovem tentou correr para se esconder, mas foi baleado nas costas pelos bandidos que gritavam "não corre não, vagabundo". Os bandidos, então, se aproximaram da vítima já caída, que disse ser estudante e estar a caminho da escola. Uellen contou que, ao perceberem que o menino estava com uniforme e material escolar, os criminosos fugiram.
"A família toda está muito abalada. Minha filha de 15 anos que socorreu ele, junto com a avó e a irmã de 8 anos, viu toda a situação, ele no chão e os vizinhos desesperados. Foi tudo próximo à casa da minha mãe, ele saiu do portão, passou duas ruas e aconteceu isso. Deus está no comando de tudo. Está sendo muito difícil para mim, tentando ter forças para passar a ele, senão ele pode entrar em depressão. Estou falando para ele que Deus é maravilhoso e ele vai voltar a andar em nome de Jesus", disse.
Querido na região, o jovem tem recebido diversas homenagens. Nesta quarta-feira, os colegas e funcionários da escola onde Arthur estuda se deram as mãos na quadra da unidade para fazer uma oração.
"Quando acontece isso dentro de comunidade com um jovem, todos acham que é criminoso. Meu filho não é criminoso, tanto que a diretora do colégio também está aqui junto, o colégio fez uma oração hoje, todo mundo se manifestando. Amanhã, vai ter uma reunião na comunidade, porque o povo está se reunindo na praça para fazer uma oração por ele, ninguém está conseguindo aceitar o que aconteceu", complementou Uellen.
Segundo a comerciante, a equipe médica do Heat ainda avalia a necessidade de remover a bala alojada próximo ao coração do menino, já que haveria a possibilidade dele ficar tetraplégico. A mãe também comentou que os funcionários tem sido atenciosos com o rapaz, mas ela tem sentido falta de um acompanhamento da assistência social e cuidados psicológicos. O quadro do jovem é considerado estável.
"Espero que a justiça seja feita, mas a gente sabe como é o país em que nós vivemos. Nem espero muito da Justiça, agora só quero a recuperação do meu filho e Deus ajude ele, que a gente consiga um lugar para fazer tratamento e ele se recupere em nome de Jesus", concluiu.
O caso foi registrado na 74ª DP (Alcântara), que aguarda pelos depoimentos de Uellen e Arthur. A investigação segue em andamento para identificar os responsáveis pelos disparos e a motivação do crime.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.