Ykenga morreu na segunda-feira (1º)Reprodução / Facebook
Carioca da "gema", Ykenga era desenhista técnico e sociólogo de formação. No lendário jornal 'O Pasquim', onde iniciou a carreira nos anos 1970, foi um dos primeiros cartunistas a expor o racismo em suas charges. Ykenga passou pelos jornais 'O DIA', 'O Povo', 'Última Hora', 'O Fluminense', 'Jornal dos Sports', 'Tribuna', da Bahia, e 'O Povo', de Fortaleza.
Além de ativista do movimento negro, suas criações são marcadas pelo humor satírico, servindo como uma forma potente de crítica social e racial. Rubro-negro fanático, Ykenga também manteve o futebol presente em seus cartuns.
O artista ilustrou livros com textos do sambista Martinho da Vila, da editora Novos Talentos, da Associação Brasileira de Letra (ABL) e do Catálogo do Salão Internacional de Caricatura de Montreal (Canadá), além de publicar trabalhos autorais.
Ykenga deixa mulher e três filhas.
Em 2015, ele publicou o livro "Casa Grande & Sem Sala", uma paródia que critica o "mito" da democracia racial brasileira, em contraponto ao clássicoa "Casa-Grande & Senzala", de Gilberto Freyre.
A obra é uma coletânea de charges que ele criou ao longo do seu trabalho de militância no movimento negro. Em contraposição a Freyre, o cartunista defende a tese de que não existe democracia racial nem harmonia étnica no Brasil.
"O branco está sempre nas melhores condições e os negros estão nas piores estatísticas dos institutos de pesquisa. Meu livro é um contraponto a essa suposta democracia racial", disse ele na ocasião do lançamento.
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