O diretor da Aperj,Thiago Hermida, e a vice, Denise RiveraReprodução

Rio - Diretores da Associação dos Peritos Oficiais do Estado do Rio de Janeiro (Aperj) defenderam que a investigações do caso Marielle Franco e Anderson Gomes ainda não foram concluídas. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (4), as lideranças sindicais apontaram pelo menos duas "pontas soltas" no processo e defenderam a classe de qualquer responsabilidade nessas situações. 

De acordo com Thiago Hermida, presidente da Aperj, e Denise Rivera, vice da associação, os cartuchos encontrados no local do ataque à vereadora durante a perícia, no Estácio, pertenciam a um lote da Polícia Federal. Segundo eles, faltam esclarecimentos de como essas munições chegaram até os executores e o porquê de a PF não estar sob investigação.
Marielle e Anderson foram mortos em março de 2018; Fernanda Chaves sobreviveu ao atentado - Arquivo / Agência O Dia
Marielle e Anderson foram mortos em março de 2018; Fernanda Chaves sobreviveu ao atentadoArquivo / Agência O Dia


"De onde veio esse lote? De onde veio essa munição? Como que esse material chegou até os autores? Deixo aqui que os senhores façam o juízo de valor que acharem necessário", pontuou Hermida.

Ainda segundo os diretores da Aperj, o problema do sumiço de fotos e vídeos feitos no local do crime também não passou pela perícia. De acordo com o diretor, a recuperação desse material não foi solicitada pela autoridade policial, o que impede a execução do trabalho. 
"Quero afirmar que a perícia do Rio de Janeiro não tem nenhuma culpa em nenhum fato divulgado. A perícia do Estado do Rio de Janeiro trabalha sob demanda. Sob requisição de autoridade policial. Quando acontece um crime, o perito não vai de vontade própria. Ele precisa ser demandado por um delegado de polícia e quando ele não é demandado, ele não vai", disse Thiago.
Denise também falou sobre o sumiço dos arquivos e detalhou que a perícia possuía um serviço para recuperação dessas mídias.
"A câmera foi entregue na direção. A direção não sabe dizer o que aconteceu com o cartão de memória. Só que nós temos um serviço de informática que resgata o que tem nesse cartão. Se houve um problema, porque não foi encaminhado para o serviço? Então, mais uma vez, a perícia não foi demandada para resolver o problema", explicou Denise.

Os diretores comentaram também sobre a redução dos recursos dedicados à perícia técnica no Rio de Janeiro e também sobre a falta da autonomia desses agentes.

"Isso compromete muito o trabalho porque a credibilidade da perícia acaba sendo comprometida. Sempre brigamos para que a perícia não estivesse na DH, no departamento de Homicídios, mas não conseguimos isso", afirmou Denise.