Thiago da Costa morreu após ser baleado na frente de uma oficina do bairro Sampaio, na Zona Norte do RioReprodução

Rio - A Justiça do Rio tornou réu o mecânico Victor Emmanuel Braga Silva pelo homicídio do barbeiro Thiago Farias da Costa, de 37 anos, morto a tiros na frente de uma oficina no Sampaio, na Zona Norte do Rio, em outubro do ano passado. Um mandado de prisão preventiva também foi expedido contra o homem. Victor está foragido.
Na decisão, proferida na quinta-feira da semana passada (4), o juiz Daniel Werneck Cotta, da 2ª Vara Criminal do Rio, destacou que há indícios suficientes da autoria do mecânico em relação ao crime. Segundo o magistrado, Victor admitiu, em depoimento, que atirou contra Thiago porque achou que o barbeiro estava escondendo uma arma. Após os tiros, ele fugiu em seu veículo levando a arma, que teria sido jogada em direção aos trilhos da estação de trem Triagem, em Benfica, também na Zona Norte.
Para Cotta, a decretação da prisão do acusado é necessária para garantir a ordem pública, especialmente levando em questão o modo como o crime aconteceu. Na ocasião, Victor e Thiago discutiram porque o carro do barbeiro apresentou problemas no dia que foi liberado, mesmo ficando cerca de quatro meses na oficina.
"As circunstâncias do fato aqui analisadas indicam a gravidade concreta da conduta, bem como a personalidade violenta do acusado, a evidenciar um risco concreto à ordem pública, se solto estiver. De igual modo, há a necessidade da custódia cautelar do denunciado para a conveniência da instrução criminal considerando que há testemunhas a serem ouvidas em juízo, inclusive parentes da vítima, e a liberdade do acusado poderia lhes causar relevante temor e impedir o comparecimento em juízo, prejudicando a instrução. Saliente-se que a gravidade concreta do delito justifica o receio de novo ataque à integridade física e à vida", escreveu o juiz.
A decisão atende os pedidos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que havia denunciado e solicitado a prisão preventiva do mecânico no final de março deste ano.
Família aguarda prisão
Em conversa com O DIA, nesta quinta-feira (11), Josy Sampaio da Costa, irmã de Thiago, contou que a família tem a esperança de que o mecânico seja preso e pague pelo homicídio. Ela ainda contestou o que Victor disse em depoimento, pois há vídeos que mostram que o barbeiro não estava armado.
"Nossa esperança é que ele seja preso e que pague pelo o que fez. Isso não vai trazer meu irmão de volta, mas que pelo menos a Justiça seja feita, que ele fique preso para não fazer com outras pessoas o que ele fez com a nossa família. Foi muito nítido. No vídeo dá para ver que meu irmão não estava armado. Ele já veio lá de dentro da oficina armado e as pessoas tentando segurar ele. Fica bem claro que a intenção dele já era atirar", comentou.
Desde outubro de 2023, familiares sofrem com o luto e a falta de informações sobre o paradeiro do autor do crime. O pai, a mãe e o irmão gêmeo de Thiago estão arrasados, segundo Josy. 
"Meus pais têm sofrido muito. Vem sendo muito difícil ver o sofrimento deles e do meu irmão também. Esses dias, o Alex [outro irmão] falou que perdeu o parceiro de vida, a pessoa que ele podia contar para tudo. Ele falou hoje que viu algumas coisas no Instagram e quer mandar para ele, mas não pode mais. É muito difícil ver esse sofrimento causado de uma forma tão banal. Por um motivo tão fútil. Por um carro. Eu como irmã parece que a minha vida perdeu a cor. Eu ainda tenho três filhos que precisam de mim. Eu fico imaginando meus pais passando por isso. Meu pai falou pra mim que não tem mais nada a perder. Graças a Deus nós conseguimos tirar da cabeça do meu pai de achar ele. Agora, vamos ver se a polícia acha e que ele seja preso. É isso que a gente quer", completou.
Relembre o caso
Thiago foi morto a tiros após uma discussão com o mecânico na frente da oficina de Victor na Rua Paim Pamplona no dia 28 de outubro de 2023. A vítima chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte, mas não resistiu aos ferimentos.
Um vídeo o qual O DIA teve acesso mostra o acusado, de camisa preta, sendo contido por outras pessoas no momento em que discutia com Thiago, de camisa rosa. Logo depois, o criminoso se aproxima da vítima e dispara diversas vezes.
Em um dos depoimentos colhidos pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), um amigo de Thiago, que estava junto com ele no momento do crime, disse que o barbeiro foi atingido pelos tiros depois de uma discussão em razão do tempo do conserto de seu carro. O veículo de Thiago teria ficado quatro meses na oficina de Victor e que, logo após o mesmo ser liberado, o carro voltou a apresentar um problema, tendo que ser empurrado novamente para o estabelecimento.
O laudo de exame de corpo de delito de necropsia esclareceu que a morte decorreu de hemorragia interna em razão de ferimento de tórax e abdômen, provocados por projetil de arma de fogo. Foram identificados cinco ferimentos de entrada de projetil no corpo do barbeiro.
Thiago foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, dois dias depois de sua morte.