Taxista atropela jovem em Vila Isabel e não presta socorroReprodução

Rio - A Polícia Civil identificou o taxista que atropelou o passeador de cães Vinicius da Silva Motta, de 23 anos, em Vila Isabel, na Zona Norte. O advogado Sérgio Garcia, que representa a vítima, disse ao DIA que a identificação da placa do veículo e do suspeito foram possíveis graças a imagens de câmeras de segurança da região. Com isso, a vítima e o condutor devem ser ouvidos pelos policiais da 20ª DP (Vila Isabel), que investiga o caso.
"Ele [motorista] até já se apresentou na delegacia na companhia de um advogado. Ele ainda não prestou depoimento, porque primeiro a vítima precisa ser ouvida. O Vinicius está debilitado, mas creio que na segunda-feira o inspetor se disponibilizou para ir ao hospital colher o depoimento dele. O motorista só pode depor após a vítima. Graças a Deus, concluíram essa parte de encontrar ele, que era o mais importante", afirmou Garcia.
Com a identificação do motorista, o advogado informou que os próximos passos são a representação tanto na esfera criminal quanto na cível. Sérgio acredita que o suspeito deve ser indiciado por tentativa de homicídio, apesar de o caso ter sido registrado como lesão corporal grave, e busca uma reparação pelos danos causados ao Vinicius.
"Nós vamos acompanhar o inquérito na delegacia, que fez um serviço bem prestativo, solucionaram de forma até rápida. Vamos representá-lo criminalmente, porque queremos justiça, e na esfera cível, buscar uma reparação. A justiça tem que ser feita, ele tem que pagar pelos atos que fez. Queremos agradecer o trabalho da polícia que foi bem eficaz", disse.
Vinicius está internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, desde que ele foi atropelado na Rua Torres Homem, em Vila Isabel, no último dia 3. O jovem, que perdeu oito dentes e fraturou a mandíbula, havia se encontrado com amigos em um bar depois de assistir ao jogo do Botafogo no Estádio Nilton Santos. As imagens do atropelamento viralizaram nas redes sociais.
Veja o vídeo:
Após o atropelamento, o taxista fugiu do local sem prestar socorro. Ao DIA, Vinicius contou que não se lembra do acidente, mas ao ver as imagens ficou incrédulo com a reação do taxista.
"Tem umas pessoas falando que eu queria assaltar, que eu poderia estar armado ou algo do tipo, mas eu estava sem nada, sem blusa e ainda levanto os braços. Ele me vê, atropela e não para prestar socorro. Ele não se preocupou em nenhum momento em saber se tinha me matado ou não, não ligou para minha vida nem um pouco", criticou.
Assim como a vítima, o advogado entendeu que há indícios de que o racismo pode ter sido um elemento que acarretou o atropelamento.
"Tudo incide que, pela cor do Vinicius, ele [motorista] pensou que fosse um assalto ou algo do tipo. Talvez, no mundo em que vivemos hoje, se fosse uma pessoa branca, ele não teria essa atitude. Não podemos afirmar, mas tudo que aparenta é que o motorista teve a impressão de que era um bandido ou algo do tipo e atropelou pelo simples fato da cor dele. Dá para perceber que o Vinicius não estava armado, estava sem camisa, com as duas mãos para o alto para pedir um taxi, e o motorista em nenhum momento quis parar. Pelo contrário, acelerou e deixa nítido que foi uma tentativa de homicídio, Vinicius podia vir a óbito", declarou o delegado.
"A delegacia colocou como lesão corporal grave qualificada, mas queremos que ele seja indiciado por tentativa de homicídio. Quanto ao crime racial, a gente não pode afirmar que ele será denunciado, porque não tivemos acesso às falas. Juridicamente, a gente não pode afirmar se houve crime racial, mas tudo indica que ele foi atropelado pela cor dele", concluiu.
Na unidade de saúde, Vinicius espera por uma cirurgia no maxilar, que ainda não tem uma previsão exata, mas deve acontecer no início da próxima semana. A irmã dele, Amanda Mattos, decidiu criar uma vaquinha online para auxiliar nos custos pós-cirurgia, como a implante dentário, fisioterapia e remédios. Até o momento, foram arrecadados R$ 23 mil dos R$ 30 mil estipulados pela família.