Leonardo Correia dos SantosReprodução

Rio - "Estamos preocupados, mas temos muita esperança." O relato, feito ao DIA nesta terça-feira (16), é da namorada do motoboy Leonardo Correia dos Santos, de 23 anos, que está desaparecido desde sábado passado (13) após fazer uma corrida para Brás de Pina, na Zona Norte do Rio. O caso é investigado pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).
A jovem, que preferiu não se identificar, disse que o celular de Leonardo foi rastreado e a localização apontou que o aparelho estava em Parada de Lucas, na Zona Norte. Familiares foram até a região, mas não o encontraram. Apesar de comentários nas redes sociais indicarem a possibilidade de o homem ter sido assassinado, a companheira disse que segue com esperanças de localizá-lo com saúde.
"Já fomos lá só que não deu em nada. Até com os caras do movimento a família falou, mas disseram que ele não está lá. Estamos preocupados, mas temos muita esperança. O Léo é muito bom. Nunca houve essas coisas [inimizades]. Moramos juntos desde quando nos conhecemos", contou.
Através das redes sociais, a jovem desabafou que pretende deixar a cidade do Rio assim que conseguir se encontrar com o namorado. Leonardo sumiu por volta das 20h10 de sábado, quando foi até a Rua Ourique, um dos acessos à comunidade Cinco Bocas, deixar um passageiro.
"Dias antes do desaparecimento nós fomos para igreja. O Léo tomou a melhor decisão da vida dele que foi aceitar Jesus. Eu apoiei e me juntei a ele. Deus sabe o que faz. Estávamos caminhando no caminho certo. A resposta é que o Léo é um milagre e dessa vez vai ser mais um. Eu não sei como Deus irá fazer, mas sei que vai ser perfeito. Como tudo que Ele faz. Parem de especular que meu namorado está morto. Ele está desaparecido. Eu tenho esperança e fé. Tenho um Deus que não vai deixar essa luta me matar, o desespero me tomar. Por mais pressão que seja a situação, o controle ainda está na palma de suas mãos", escreveu a companheira.
Uma amiga de Leonardo também utilizou a rede social para deixar uma mensagem de esperança. De acordo com ela, as buscas continuam. 
"Ainda tem vida aí. E mesmo que o cenário diga que é o fim e as evidências gritem que é pra desistir, mas estou dizendo: existe vida aí! Não vamos desistir. Não vamos nos cansar e nem nos calar. Até quando vão desaparecer inocentes e vamos ficar calados?", diz a postagem.
O motoboy usava uma moto Yamaha Factor de cor vermelha quando desapareceu. O caso foi registrado na 39ª DP (Pavuna) e encaminhado para a DDPA, que dá continuidade às investigações. Segundo a Polícia Civil, diligências estão em andamento para localizá-lo.
Comunidade integra o Complexo de Israel
A Cinco Bocas, em Brás de Pina, onde indica a última localização de Leonardo, é uma das comunidades que integra o Complexo de Israel, incluindo Parada de Lucas, Vigário Geral, a Cidade Alta e o Morro do Pica-Pau.
O complexo leva esse nome por causa do domínio do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e adepto de símbolos do Estado de Israel, como a Estrela de Davi. Ele é conhecido pela intolerância contra praticantes de religiões de matriz africana.
Segundo investigações, Peixão expulsa moradores de suas áreas de influência por exercerem a religião de matriz africana, determinando a invasão e depredação de centros religiosos dedicados à citada devoção. O criminoso é considerado foragido da Justiça e tem dez mandados de prisão pendentes, a maioria por tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
Ainda de acordo com Polícia Civil, a religiosidade do traficante é tamanha que ele se autointitula como Arão, o profeta de Deus, irmão de Moisés. O nome foi assumido também pela sua quadrilha que se autodenomina 'Tropa do Arão'. O próprio nome, Complexo de Israel, seria uma referência à terra prometida, de acordo com as investigações.
Outro exemplo da religiosidade de Peixão está nos símbolos usados para marcar seus territórios: a bandeira de Israel e a Estrela de Davi. Esses símbolos geralmente estão colocados em pontos altos das comunidades. Um exemplo está na Cidade Alta, onde foi instalada uma Estrela de Davi que pode ser vista há mais de 2,5km de distância.
A Cidade Alta, inclusive, está envolvida em outro caso de desaparecimento do último sábado (13). O casal Lohanna Miranda e Darielson Azevedo Nunes teria sumido após entrar por engano na região. O setor de descoberta de paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga o caso. 
Segundo relatos nas redes sociais, eles estariam a caminho do baile da Nova Holanda, no Complexo da Maré, e errado o caminho, parando na Cidade Alta. Uma das versões, é de que o casal, que estava em uma motocicleta, teria tentado fugir de uma blitz, quando entraram na comunidade. As circunstâncias, no entanto, ainda estão sendo investigadas.