Érika de Souza Vieira Nunes foi levada da 34ª DP (Bangu) para o sistema prisional Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil investiga se o idoso que foi levado morto para uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste, solicitou - e sacou - outros valores nos últimos dias além dos R$ 17 mil que seriam emprestados pelo Itaú. O delegado Fábio Luiz da Silva Souza, responsável pelas investigações do caso, afirmou que o próximo passo é analisar os contracheques emitidos em nome de Paulo Roberto Braga, de 68 anos.
A corporação também apura se a mulher que se apresenta como sobrinha de Paulo Roberto esteve com ele em outras duas instituições financeiras em busca de crédito. Além do Itaú, Érika de Souza Vieira Nunes teria levado o idoso ao Banco BMG e em uma filial da Crefisa para pedir um novo empréstimo.
Conforme denúncias, as tratativas ocorreram entre segunda (15) e terça-feira (16), horas antes da morte ser confirmada no Itaú. Por enquanto, Fábio Luiz não pensa em pedir a quebra do sigilo bancário de Paulo para a Justiça.
A mulher foi presa em flagrante pelos crimes de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. Em depoimento, Erika contou que o idoso tinha solicitado o empréstimo de R$ 17 mil para comprar uma televisão nova e reformar a casa.
 
Na sua oitiva, ela alegou que Paulo chegou vivo ao banco e que parou de responder no momento do atendimento no guichê. No entanto, em imagem obtida pelo RJ2, é possível ver que o aposentado já entra no banco com o corpo inerte.
 
Os novos vídeos são de câmeras de segurança do calçadão de Bangu, na Zona Oeste do Rio, e da entrada da agência bancária. Pelas imagens, Paulo já parece sem controle dos músculos e com o pescoço tombado para o lado. Com um movimento do braço, Erika ergue a cabeça do idoso por cerca de 20 segundos para passar pelo segurança. 
 
Depois ela volta, passa pela porta giratória e leva Paulo ao guichê. Lá, ela conversou normalmente, pedindo inclusive para que Paulo assinasse o documento que autorizava o recolhimento do dinheiro. Funcionários da agência bancária desconfiaram e chamaram equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
 
O laudo de exame de necropsia do idoso apontou que não é possível determinar se o homem veio a óbito antes ou depois de chegar no banco. Segundo o documento, a morte teria acontecido entre 11h30 de terça-feira (16), dia em que foi na agência, e 1h de quarta-feira (17), ou seja, de 10h a 24h de o idoso ser submetido ao exame de necropsia. Com isso, o laudo é inconclusivo sobre o momento exato da morte de Paulo. A causa da morte, de acordo com o laudo, foi broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca. 
 
O motorista de aplicativo que transportou a mulher e o idoso até o banco disse que Paulo Roberto estava vivo durante o trajeto. Em depoimento, o homem afirmou que o idoso chegou a segurar na porta do carro. O rapaz informou que foi acionado para a corrida por volta das 12h26 e que, ao chegar no local, Érika estava no portão da casa com o idoso. Segundo o motorista, ele chegou a ficar sete minutos sozinho com a vítima no carro aguardando a mulher voltar com a cadeira de rodas até o estacionamento.
 
Um homem que trabalha como mototaxista em um ponto na rua de Erika também prestou depoimento e disse que o idoso estava vivo no momento em que saiu de casa. De acordo com a testemunha, ele ajudou a colocar Paulo dentro do veículo. Conforme diz o depoimento, o idoso ainda respirava e tinha forças nas mãos. A testemunha ressaltou que Paulo até segurou na porta do carro quando entrou.
 
A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas. "O idoso é tio dela e temos testemunhas que confirmam que o Paulo chegou vivo à agência. Eles moram, a família em si, em um grande terreno com várias casas, e ali um cuida do outro. O seu Paulo sempre foi uma pessoa independente, mas de um tempo pra cá começou a ter uma saúde um pouco mais debilitada, não somente pela idade, mas porque ele também era uma pessoa alcoólatra", disse.
 
Ainda não há informações sobre o sepultamento do idoso. Familiares estiveram nesta quarta no IML de Campo Grande e liberaram o corpo. O cadáver segue no instituto até a família marcar o enterro.