A escritora Roseana Murray deixou o hospital ontem e posou animada, para fotos, ao lado de funcionários da unidade de saúdePedro Ivo
Na saída da unidade, o semblante da artista esbanjava alegria enquanto conversava e dançava suavemente. "Meu filho é rockeiro, ele dá uma canja nas bandas de Visconde de Mauá. Eu prefiro ir ouvindo rock, dançando e conversando", contou, com um sorriso no rosto.
A escritora reforçou ainda sua força vontade e felicidade em poder ir para casa. "Na ocasião, meu marido ligou para o meu filho e falou que eu estava morta, porque eu parecia estar. Mas eu estou aqui, viva, segura, quase sem dor e feliz", comemorou.
"Minha irmã é meu maior amor, e nós temos uma ligação fora do normal. Quando eu recebi um telefonema dizendo que ela havia morrido, eu não acreditei. Eu tinha certeza absoluta que ela não tinha morrido, e quando viemos para o hospital eu não desgrudei dela. Tudo isso é um milagre, é a força do amor e da união, uma corrente fortíssima. Minha irmã é surpreendente, impressionante, que força que ela tem", disse Evelyn Kligerman, irmã de Roseana.
Para os cirurgiões plásticos Leonardo Freitas, Thiago Genn e Tarcísio Encinas, a recuperação da escritora foi surpreendente.
"Já recebemos ataques de pitibulls, mas não nessa quantidade. Nesse caso, foram três cachorros, resultando em várias feridas quase que no corpo inteiro e bem violentas. Acredito que o caso dela foi um dos mais graves de mordida de cão que tivemos aqui no hospital", explicou Freitas.
Ainda segundo o cirurgião, Roseana vai poder ter uma vida normal, precisando retornar ao hospital algumas vezes para trocar os curativos e ser acompanhada. Além disso, ela terá que adaptar a não ter o braço direito, que precisou ser amputado.
Antes de deixar o hospital, a artista passou por um corredor rodeado de funcionários que a aplaudiram e vestiram camisas estampadas com seu rosto e a frase "Lute como uma escritora".
Em seguida, em agradecimento, ela recitou um poema:
Com suas asas feitas
de alguma coisa que não conhecemos.
Varreu como varrem ruas e praças.
Juntou tudo em suas mãos,
soprou, soprou, soprou."
Os próximos passos, segundo Roseana, é ter uma boa recuperação, fazer uma sarau de poesia no hospital e escrever um livro infantil para crianças que perderam algum membro do corpo, usando o humor.
Segundo o relator do caso, desembargador Gilmar Augusto Teixeira, os tutores não representam risco para a ordem pública ou econômica, já que os animais não estão mais em posse deles. Embora soltos, Kayky, Ana Beatriz e Davidson terão que cumprir duas medidas cautelares: manutenção da perda temporária da tutela dos animais apreendidos e proibição de aquisição de outros animais domésticos até o julgamento.
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