Fabrício Alves de Souza foi morto durante confronto entre criminosos e PMs no Complexo da Pedreira Reprodução/Redes sociais

Rio - A família do pintor Fabrício Alves de Souza, de 26 anos, morto a caminho do trabalho durante um confronto entre criminosos e policiais militares no Complexo da Pedreira, Zona Norte do Rio, em 2021, se queixa da demora para a conclusão do caso. O crime, ocorrido no dia 21 de dezembro de 2021, ainda não teve um desfecho e, até o momento, não foi descoberto de onde partiu o tiro que matou o trabalhador. 
Fabrício Alves de Souza foi morto durante confronto entre criminosos e PMs no Complexo da Pedreira - Reprodução/Redes sociais
Fabrício Alves de Souza foi morto durante confronto entre criminosos e PMs no Complexo da PedreiraReprodução/Redes sociais
Conforme informado pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (18), as investigações ainda estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e são acompanhadas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ). Ainda segundo a especializada, agentes trabalham no caso para esclarecer as circunstâncias da morte. Dois anos e quatro meses depois do homicídio, ninguém foi indiciado pelo crime.
À época, moradores do Complexo da Pedreira disseram que policiais do 41º BPM (Irajá) teriam confessado que fizeram "uma besteira" ao atirarem erradamente contra Fabrício. A equipe policial não chegou a ser afastada das suas funções. Em nota recente, a PM informou que a corporação segue colaborando integralmente com as investigações da Polícia Civil.
Fabrício não tinha antecedentes criminais e estava cortando caminho pela Favela do Quitanda, por volta das 5h da manhã, para chegar ao trabalho. Ao DIA, nesta quinta-feira (18), Edna da Silva Alves, mãe de Fabrício, desabafou sobre os dias de angústia. "Hoje o que eu peço é justiça, são dois anos sem resposta. Quero justiça pela vida do meu filho. Depois que perdemos ele nunca mais voltamos a ser a mesma família. Meu filho era maravilhoso, amigo, pai amoroso e muito trabalhador", lamentou Edna.
Ainda segundo a mãe do rapaz, poucos dias depois do ocorrido, a investigação na Polícia Ciivil parece ter ficado estagnada. "Até hoje não tivemos nenhuma resposta do Estado do Rio. Temos medo do caso cair no esquecimento", completa Edna. A família do rapaz contratou um advogado para acompanhar as investigações. O pintor deixou a mulher e duas filhas menores de idade, à época com 11 meses de vida e a outra com cinco anos.
Testemunha diz que pintor foi abordado por PMs
Amigos do pintor que moram na mesma comunidade contaram que o rapaz se rendeu ao ser abordado pelos militares, mas que mesmo assim foi baleado. Os populares afirmam ter escutado os policiais dizendo entre eles que fizeram "coisa errada", depois de serem questionados pelos moradores sobre Fabrício ter sido ferido.
"Ele estava indo trabalhar por volta das 5h da manhã, que era a rotina dele. Passava por dentro da comunidade para cortar caminho até o ponto do ônibus que ele pega para chegar ao trabalho. Nesse momento ele foi abordado, levantou as mãos e disse que era morador para os policiais, mas eles não quiseram saber e atiraram", disse uma testemunha que, na ocasião, pediu para não ser identificada. 
Fabrício estava com a carteira de trabalho assinada há pouco mais de dois meses, à época, e era considerado um profissional de excelência. Ele prestava serviço como pintor em uma obra da Cury Construtora, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ao DIA, o patrão de Fabrício, Claudinei Gomes Silva, de 37 anos, contou que o funcionário tinha comprometimento com o horário e estava sempre disposto a ajudar os colegas.
"Se eu pedisse pra ele passar um pouco do horário por causa de algum imprevisto no serviço, ele aceitava na hora. No feriado de Dia das Crianças, por exemplo, eu precisei de ajuda na obra e ele prontamente foi trabalhar. Sem falar que ele era muito querido por toda a equipe, os funcionários estão de coração partido", contou o patrão no enterro do rapaz. O corpo de Fabrício foi enterrado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.