Victor Meyniel foi agredido na portaria de um prédio de Copacabana em setembro de 2023Reprodução

Rio - O estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre foi condenado, nesta quarta-feira (17), a dois anos e oito meses de prisão pelos crimes de lesão corporal e injúria por homofobia contra o ator Victor Meyniel, além de falsidade ideológica. A pena será cumprida em regime semiaberto. 
A decisão é do juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, titular da 27ª Vara Criminal da Capital. Segundo a sentença, o estudante poderá deixar a cadeia durante o dia, mas deverá retornar ao presídio para dormir. 
"Cumpre ressaltar que a comunidade LGBTQIA+ ainda sofre muitos preconceitos em nossa sociedade e qualquer ofensa precisa ser, da mesma forma, amplamente recriminada e punida, não restando dúvidas, após a colheita da prova oral, que o réu efetivamente injuriou a vítima, utilizando-se de elemento referente à orientação sexual. No que diz respeito ao concurso de crimes, não resta dúvida que os delitos resultaram de desígnios autônomos e ocorreram mediante mais de uma ação, razão pela qual a hipótese dos autos é de concurso material. Diante do exposto, por estarem fartamente comprovadas a autoria e a materialidade e não havendo nos autos qualquer causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade, há que se acolher a pretensão punitiva estatal", destacou Nicolau.
Yuri respondia o processo em liberdade desde novembro do ano passado quando o magistrado revogou sua prisão preventiva a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da defesa. Ele havia sido detido em flagrante no mês de setembro de 2023, após as agressões contra o ator na portaria de um prédio em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Desde quando foi liberado do presídio, o homem cumpria medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de manter contato com Victor e seus familiares, e a entrega de seu passaporte ao juízo.
Relembre o caso
Victor Meyniel foi brutalmente agredido por Yuri, que confessou o crime, no dia 2 de setembro de 2023. De acordo com o advogado do ator, Ricardo Brajterman, eles se conheceram na noite de 1º de setembro, na boate SubStation e, após a festa, se dirigiram para o apartamento do agressor, na Rua Siqueira Campos, em Copacabana. No dia seguinte, pela manhã, quando eles despediram na portaria, a sexualidade do agressor foi revelada ao porteiro do edifício.

A defesa do estudante apresentou uma certidão de casamento homoafetivo, durante audiência de custódia, para evitar a manutenção da prisão. Entretanto, Yuri teve a prisão convertida em preventiva por conta da gravidade da violência e a decisão da Justiça também ressaltou que o fato dele já ter sido casado com outro homem não exclui a possibilidade dele responder por injúria por homofobia, além da lesão corporal. Nas imagens que foram gravadas pelo circuito de segurança do prédio, o agressor joga Victor no chão e distribui socos contra ele.
O MPRJ denunciou o agressor, que se tornou réu pelos crimes de lesão corporal, injúria por homofobia e falsidade ideológica.

As câmeras também registraram que enquanto Yuri agredia Victor, o porteiro observou a cena sem intervir ou prestar socorro. Gilmar José Agostini foi autuado por omissão de socorro. O processo do porteiro foi arquivado após pagamento de multa.