Rio - A Secretaria Municipal de Educação de Cabo Frio abriu um processo administrativo interno para investigar uma série de denúncias envolvendo suspensão de aulas e falta de professores na Escola Municipal Alfredo Castro, no município da Região dos Lagos. Um grupo de responsáveis dos alunos do 6º ano da escola reuniu provas (veja na imagem abaixo) que mostram a frequência com que a unidade libera os alunos mais cedo, por motivos diversos, ou cancelam as aulas. Segundo a Prefeitura de Cabo Frio, se comprovado as irregularidades, medidas administrativas serão tomada, no entanto, o órgão não informou um prazo para essa investigação interna.
Em denúncia enviada ao DIA, Cassiane Brito, mãe de uma das alunas do 6º ano da Escola Municipal Alfredo Castro, conta que desde o início deste ano tem estranhado a constância com que a filha tem saído cedo ou não tinha aulas. A responsável, então, passou a printar os avisos da escola e notificou a Secretaria de Educação da cidade, questionando sobre o horário letivo de 13h às 18h. No entanto, nenhuma medida foi tomada e as justificativas para a falta de aula foram mudando, segundo ela.
"A cada e-mail que eu enviava algo mudava na escola para esconder melhor o que estavam fazendo. Um exemplo, ao invés de liberarem os alunos cedo, passaram a deixá-los com horários livres no meio do turno, assim fazendo parecer que estavam tendo todas as aulas", explica a responsável. Revoltada com o descaso, Cassiane criou um grupo com pais do 6º ano e descobriu que outros responsáveis também estavam reclamando da situação.
No grupo, alguns pais escreveram: "Minha filha é nova na escola, e não estou entendendo o porquê de tantos dias sem aula, sem nenhuma explicação. Está difícil"; "Acabei tomando a atitude de transferir a minha filha para outra escola"; "Minha filha alegou que estão colocando ar condicionado nas salas. Será esse o motivo de falta de aula? E quando não é isso, sai mais cedo. A gente que trabalha faz como?", indagou uma mãe.
O DIA teve acesso à troca de mensagens do grupo com a direção da escola e os pais. Em fevereiro, os alunos foram liberados pelo menos duas horas antes do horário previsto quatro vezes, sendo uma delas justificado pela ausência de dois professores que apresentaram atestado médico. Já em março, os alunos foram liberados às 15h15, três horas antes do fim do horário letivo, por seis dias, sendo dois dias por falta de professor.
No mês de abril, os alunos ficaram sem aula por pelo menos três dias por causa da pintura da escola. A justificativa, no entanto, não convenceu os pais. Eles alegam que a escola poderia ter feito a revitalização da unidade durante as férias de janeiro ou no feriadão que teve em março. Nos dias 08, 09 e 24 de abril os alunos também ficaram sem aulas ou foram liberados cedo, conforme notificação da própria direção. "É um absurdo isso, é muita falta de respeito. Todo dia meu filho sai cedo".
Confira:
O grupo decidiu contatar por e-mail a Secretaria de Educação, que retornou para alguns pais com a seguinte mensagem no dia 09 de abril: "O setor de Recursos Humanos informou que está em processo de contratação de professores para suprir a carência. A liberação dos discentes antes do horário regular ocorre devido a atestados médicos dos docentes", disse a pasta por meio de nota.
Cassiane conta que precisou recusar uma oportunidade de emprego por causa da situação, pois não tem ajuda para buscar a filha na escola em horários variados. "É um abuso o que estamos passando. Os professores simplesmente ficam usando atestados, ou a escola cria situações como falta de água, pintura, tudo o que possa imaginar para não ter aula ou sair cedo", desabafa a mãe.
Outras denúncias contra a escola
No dia 1º de abril, a Escola Municipal Alfredo Castro, em Cabo Frio, foi alvo de denúncias por parte dos alunos. Desta vez, os estudantes relatam problemas como falta de ar-condicionado, bebedouros com cheiro ruim, falta de limpeza, chão inadequado com poeira, banheiros sem portas e outros.
Há menos de um mês, o vereador Davi Souza visitou a escola e denunciou a falta de extintores de incêndio, o que coloca em risco a segurança dos alunos. Além disso, ele também constatou problemas de infraestrutura no prédio.
Na ocasião, por meio de nota, a prefeitura de Cabo Frio disse que a unidade tem passado por reparos. "87 unidades escolares recebem atenção diária da Secretaria de Educação, que atende às solicitações das equipes diretivas. Na Escola Municipal Alfredo Castro, os aparelhos de ar-condicionado já foram instalados e a unidade passou por pintura durante o último feriado. Nesta segunda-feira (1°), foi realizada a limpeza do local. Além disso, um processo será aberto para aplicação de resina no piso da escola, e essa questão também será solucionada em breve", disse.
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