Felipe Leone, 24, usa top em homenagem a MadonnaReginaldo Pimenta

Rio - A sexta-feira (3) amanheceu movimentada na Rodoviária do Rio. Na véspera do show de Madonna, fãs de diferentes regiões do Brasil desembarcaram no terminal, na Zona Portuária, para assistir a apresentação da rainha do pop. A apresentação vai acontecer neste sábado (4), a partir das 21h45, na Praia de Copacabana, na Zona Sul. Gratuito, a expectativa é de que o local receba cerca de 1,5 milhão de pessoas.
Segundo a concessionária que administra a rodoviária, o terminal deve registrar um aumento de quase 30% de desembarques em relação aos dias normais. A expectativa é que, apenas nesta sexta, cheguem cerca de 19 mil passageiros em 600 ônibus. No sábado, a previsão é de 18.200 pessoas desembarcando em 580 ônibus diferentes.
O ator Felipe Leone, 24 anos, veio de São Paulo para assistir o show da Madonna pela primeira vez na vida. Ele, que também nunca veio ao Rio, saiu da capital paulista na noite desta quinta-feira (2) e vai ficar na cidade até segunda (6). A O DIA, ele falou da expectativa de ver a diva de perto.
"Para mim, a Madonna representa uma liberdade de expressão muito grande, até pelo fato de eu ser artista. Ela traz uma espontaneidade muito grande, dá as caras e mostra a que veio", comentou Felipe, que chegou na cidade vestindo um top dourado, com cones nos seios, eternizado pela rainha do pop na turnê 'Blonde Ambition', em 1990.
"Acredito que não tem forma melhor de homenagear a nossa diva se não usando esse top, que é uma marca registrada dela. Vou usar durante o show e se fizer calor, vou usar só o top, sem a camisa por baixo", brincou o ator.
Ao desembarcar no Rio, Felipe encontrou um amigo virtual que fez por conta da Madonna, o assessor de comunicação Guilherme Gustavo, 23. Pela primeira vez se encontrando pessoalmente, eles não esconderam a ansiedade em ver a rainha do pop.
"Ela é a minha maior diva. Nos meus primeiros contatos com ela eu era muito novo. Tinha uns 6 anos e ouvia minha mãe escutar. Quando eu me descobri bissexual, as músicas dela fizeram ainda mais sentido e eu virei mais fã", disse Gustavo, que completou: "Madonna é uma artista completa. O que ela fez nos anos 1980, de defender pessoas com HIV e levantar questões contra a sorofobia, tornam ela o maior ícone LGBT da história. Essa representatividade que ela emana é surpreendente".
Assim como seu amigo Felipe, Guilherme também fez uma homenagem à rainha do pop ao pintar o cabelo de loiro perolado, em uma alusão ao visual da cantora quando ela lançou o álbum "True Blue", em 1986.
Dividindo a vida entre Sorocaba e São Paulo, Gustavo conversou com seus clientes antes de vir ao Rio para assistir o show. "Essa pode ser a última oportunidade que tenho de ver um show dela. Não pensei duas vezes e estou muito feliz. Estar aqui no Rio e poder dizer que eu vi a Madonna vai ser inesquecível", comemorou.
O amigo, Felipe, também fez questão de dar um jeito de assistir ao espetáculo. Além de ator, ele trabalha como vendedor e conseguiu uma folga para poder viajar. Porém, nem tudo é feito de boas notícias. Para conseguir realizar seu sonho, Felipe teve que se afastar do grupo teatral de qual fazia parte.
Assim que foi confirmado que Madonna viria se apresentar no Rio, no dia 25 de março, Felipe e Gustavo já se programaram para viajar. A dupla comprou as passagens e marcou a hospedagem de maneira antecipada. Instalados em Santa Teresa, na Região Central do Rio, Felipe espera gastar cerca de R$ 1.200, enquanto Guilherme tem previsão de utilizar cerca de R$ 2.000 de seu orçamento.
Outro grande fã que encarou uma noite inteira de estrada foi o advogado Vitor de Castro, 28 anos. Saindo de Belo Horizonte, em Minas Gerais, nesta quinta-feira (2), ele e mais quatro amigos alugaram um apartamento em Copacabana e já estão na expectativa para o show.
"No dia que ela anunciou que viria ao Rio, a gente já se programou para vir porque somos muito fãs dela. A expectativa para sábado está altíssima", comentou Vitor, que completou: "A Madonna me lembra um pouco a minha mãe, pois foi ela que me apresentou essa cultura musical dos anos 1980. Madonna é um dos maiores ícones dessa época. Uma referência que eu cresci ouvindo".
Os cinco amigos ficarão em Copacabana até domingo (5). Os mineiros, porém, ainda não decidiram se vão chegar cedo à praia ou se deixarão para ir ao local do show no final da tarde. Para realizarem o sonho de assistirem a Madonna pela primeira vez, quase todos do grupo conseguiram se liberar do trabalho.
"Quando comprei a passagem eu estava sem trabalhar. Assim que entrei no meu emprego atual, já avisei logo que tinha esse compromisso. Todo mundo conseguiu dar um jeito, só a minha amiga Barbara que está trabalhando de home office, daqui do Rio", comentou Vitor, que tem previsão de gastar em torno de R$ 4 mil para curtir a festa.
Vivendo em São Paulo, o cantor carioca Noah Cliff, 24, também fez questão de vir a sua cidade natal para assistir ao show da Madonna. Ele desembarcou na Rodoviária do Rio com sua amiga Luna. Diferente dos outros turistas, a dupla programou a viagem em cima da hora.
"Só começamos a ver as coisas da viagem na madrugada dessa quarta-feira (1º). A passagem de ônibus foi até tranquilo de achar, só que os preços que estavam um pouco salgados", explicou o carioca, que vai ficar na casa da família, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
Noah e Luna se conheceram há três anos e se tornaram melhores amigos. Parceiros de viagens e aventuras, eles fizeram questão de realizarem juntos o sonho de ver a diva do pop pela primeira vez.
"⁠As expectativas estão altíssimas, Madonna é um fenômeno cultural inexplicável. Ela representa liberdade, tanto musicalmente como politicamente. Além de ser uma voz para as mulheres e à causa LGBTQIAPN+", reforçou Noah.
Para o cantor, foi uma surpresa ela ter escolhido o Brasil como ponto final para a turnê "The Celebration Tour". "Quero chegar cedo em Copacabana para garantir um bom lugar e também para curtir a praia, porque é triste morar em uma cidade que não tem praia", brincou Noah.
Criado no Rio de Janeiro, mas morando em São Paulo há dois anos, o ator Caio Henrique Costa, 30, retornou à cidade para realizar um sonho. Na última vez em que a diva pop esteve no Rio, em 2012, Caio não tinha dinheiro para assistir o show de uma de suas maiores referências artísticas.
"A expectativa está a mil. A minha idolatria por ela coincidiu também com a descoberta da minha sexualidade, lá em 2008. Nessa época eu procurei saber mais sobre ela e me apaixonei não só pelas músicas, mas também pela forma como ela trata a carreira e a arte. Me apaixonei pela Madonna artista e pela Madonna ativista, mulher, que se posiciona e luta pelo que ela acredita", reforçou Taz, como é conhecido no meio artístico.
Para ele, o show da rainha do pop significa também uma ótima oportunidade de aprender. O ator explicou que observar a performance dela no palco será um importante estudo, além de uma grande diversão.
O carioca, que ficará no Rio até terça-feira (7), vai aproveitar a viagem para matar a saudade de sua família. Taz vai ficar na casa de sua mãe, em Bonsucesso, na Zona Norte, e já preparou todo um esquema para aproveitar ao máximo, gastando o mínimo possível.
"Desde que foi confirmado o show, eu já comprei as passagens. Como eu vou ficar na casa da minha família, não vou gastar com hospedagem. Na sexta eu vou descansar e preparar comidas para levar no sábado. Eu pretendo chegar bem cedo em Copacabana e passar o dia todo lá", explicou.
*Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Larissa Amaral.