Rivaldo Barbosa prestou depoimento nesta segunda-feira (3) sobre o caso MarielleArquivo / Agência O Dia
Caso Marielle: delegado Rivaldo Barbosa nega participação em crime e diz que não conhece irmãos Brazão
Ex-chefe de Polícia Civil do Rio prestou depoimento nesta segunda-feira (3) na Penitenciária Federal de Brasília
Rio - O delegado Rivaldo Barbosa, acusado de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou, em depoimento realizado na tarde desta segunda-feira (3), que não conhece os irmãos Brazão e que não participou do planejamento para o crime.
O ex-chefe de Polícia Civil do Rio foi ouvido pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República na Penitenciária Federal de Brasília, onde está detido pelo crime, por aproximadamente cinco horas.
Após a oitiva, o advogado Marcelo Ferreira, que representa o delegado, contou que Barbosa destacou que nunca se envolveu com Chiquinho e Domingos, acusados de serem os mandantes do crime. A defesa ainda alega que a PF não conseguiu provas sobre esse envolvimento.
"Ele nunca esteve com essas pessoas, não conhece essas pessoas. Ele entregou o celular dele para a Polícia Federal com todas as senhas e isso nunca foi levado em consideração. Cadê as conversas que teria tido com ele? Se foi combinado um ano antes que ele receberia um valor para poder não investigar um crime que acontecia no futuro, cadê qualquer elemento em relação a isso? Não tem, a Polícia Federal não conseguiu trazer isso e ficou muito claro no depoimento que realmente ele nunca teve contato com ninguém", disse Ferreira.
O depoimento de Rivaldo foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última segunda-feira (27), após o próprio delegado pedir para ser ouvido.
Participação na morte de Marielle
O delegado foi preso no dia 24 de março após investigações da Polícia Federal apurarem seu envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridas em março de 2018. De acordo com o apurado, Barbosa teria tentado obstruir as investigações dos assassinatos. Ele assumiu o cargo de chefe de Polícia Civil um dia antes das mortes. Antes, Rivaldo era coordenador da Divisão de Homicídios da corporação.
Além de tentar atrapalhar a apuração do caso, o delegado também teria planejado "meticulosamente" o crime a mando da família Brazão. A Polícia Federal apurou que, durante o planejamento, Rivaldo proibiu que o atentado fosse realizado no trajeto de chegada ou saída da Câmara dos Vereadores do Rio. Segundo a investigação, Rivaldo queria evitar possíveis pressões à Polícia Civil caso o crime tivesse conotação política.
A PF ainda destacou que, antes mesmo de assumir o cargo de chefe de Polícia Civil, o delegado teria combinado com Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, que também foram presos em março, a não identificação dos responsáveis pela ordem do assassinato de Marielle Franco.
Barbosa também é acusado de receber propina para obstruir as investigações sobre o crime. Rivaldo teria recebido aproximadamente R$ 400 mil para evitar que as apurações sobre os mandantes avançassem. Tal informação consta em relatório de 2019.
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