Familiares de Deborah estiveram no Instituto Médico Legal para realizar a liberação do corpoRenan Areias/Agência O DIA

Rio - "A gente não pode mais andar no Rio de Janeiro, a gente sai e não sabe se vai voltar". O desabafo é de Waldir Souza, tio do marido de Deborah Vilas Boas, de 27 anos, que morreu baleada em um ponto de ônibus durante um tiroteio na Linha Amarela, altura da saída 7, em Bonsucesso, na Zona Norte, na manhã desta terça-feira (18). Aos prantos e muito abalado, o companheiro da vítima, Wallace Souza, precisou ser amparado por familiares e não falou com a imprensa. Os dois são pais de uma menina de apenas sete meses.


No Instituto Médico Legal (IML), Waldir buscava entender o que aconteceu. Ele também esteve na Linha Amarela assim que soube da tragédia e questionou a perícia no local.

"Um amor de menina, 27 anos, uma filha de sete meses, saindo de casa para trabalhar, e aí de repente um tiroteio no meio da rua. Outra coisa é que eu estava no local, a perícia chegou depois e o corpo não estava lá, porque recolheram o corpo antes da perícia chegar?" indagou.

Deborah trabalhava como faturista na área da saúde em clínica na Barra da Tijuca, Zona Oeste, e tinha acordado por volta das 3h para pegar o ônibus. O caso ocorreu pouco antes das 6h.

Durante o confronto, um passageiro que estava dentro de um ônibus da Linha 315 também morreu baleado. José Carlos da Silva tinha 64 anos. Ainda na ação, um suspeito ficou ferido e foi encaminhado ao Hospital Salgado Filho, no Méier. Alexsandro de Andrade Venâncio está internado sob custódia com quadro estável.

Nas redes sociais, o caso gerou comoção entre amigos e até desconhecidos. "Meu coração de mãe sangra com essa notícia trágica. Meu Deus, que dor! Que Deus conforte e fortaleça o papai para seguir em frente para cuidar dessa preciosidade. Ela vai precisar muito de você papai Wallace e família! Sinto muito pela perda de vocês", disse um comentário.

"Meus sinceros sentimentos a toda família! Essa tragédia abalou todo o Rio de Janeiro! Estarão em minhas orações", relatou outra.

"Eu vim olhar o perfil com a alma sangrando, mesmo sem conhecer não tem como não doer aqui, tão linda, tão jovem, que o Senhor em sua infinita misericórdia ampare esse pai e essa bebê, que Deus te conceda a eternidade querida, que você cuide de sua princesinha aí de cima. Meus sentimentos de todo o meu coração", disse outro comentário.

As mortes são investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a Polícia Civil, homens armados em um carro tentaram roubar duas vítimas, que estavam em uma moto. Um policial militar percebeu a ação e tentou impedir o roubo. Os assaltantes reagiram e houve confronto. Um dos criminosos foi atingido, socorrido e está internado em unidade hospitalar sob custódia.

Questionados sobre a perícia, a Civil informou apenas que a equipe da DHC foi ao local, realizou o procedimento e iniciou as investigações para identificar os suspeitos e a autoria dos disparos que atingiram as vítimas. Duas armas que pertenciam ao grupo de criminosos foram apreendidas para serem periciadas, e a do policial foi recolhida com a mesma finalidade. Diligências estão em andamento para elucidar as circunstâncias do crime e esclarecer todos os fatos.