José Carlos Miranda morreu após ser baleado em um confronto na Linha AmarelaReprodução

Rio - Familiares de José Carlos da Silva Miranda, de 64 anos, que morreu após ser baleado em um confronto entre criminosos e um policial militar na Linha Amarela, estiveram nesta terça-feira (18) no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberação e reconhecimento do corpo.
O homem estava sentado na parte de trás de um ônibus da linha 315 (Central x Recreio) quando foi baleado na cabeça no início da manhã desta terça. José Carlos trabalhava como montador de esquadrias de alumínio em uma empresa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele seguia para o trabalho no momento em que foi atingido.
Antônio Cláudio de Souza, irmão de José Carlos, lamentou a perda do familiar e comentou sobre a falta de segurança que assola o Rio de Janeiro.
"A rapaziada toda do trabalho gostava dele. Ele foi um irmão muito querido. Uma perda muito significante e dolorida para a família. Infelizmente, estamos vivendo uma situação que a gente tem que pedir a Deus a todo momento que nos guarde, nos guie e nos dê proteção. Está muito difícil o Rio de Janeiro", disse.
José morava em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ainda não há informações sobre seu enterro.
Morte de mulher
Além do homem, Deborah Vilas Boas, de 27 anos, também morreu baleada durante o confronto. A vítima estava em um ponto de ônibus, próximo ao local do tiroteio, quando foi atingida. Segundo a Polícia Militar, os disparos em direção ao ponto foram realizados pelos criminosos.
De acordo com familiares, a vítima estava a caminho do trabalho na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, quando o crime aconteceu. Ela trabalhava como faturista na área de saúde em uma empresa do bairro e tinha acordado por volta das 3h para chegar no local.
A família de Deborah também esteve no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, na manhã desta terça-feira (18), para reconhecer e liberar seu corpo. O tio do marido da vítima, Waldir Souza, lamentou a violência no estado.
"Um amor de menina, 27 anos, uma filha de sete meses, saindo de casa para trabalhar, e aí de repente um tiroteio no meio da rua. A gente não pode mais andar no Rio de Janeiro, a gente sai e não sabe se vai voltar. Outra coisa é que eu estava no local, a perícia chegou depois e corpo não estava lá, por que recolheram o corpo antes da perícia chegar?", disse.
A mulher deixa o marido e uma filha de sete meses. Nas redes sociais, Deborah compartilhou todo processo da gestação até o nascimento da filha, além de fotos com a família e o crescimento da bebê. Na última quinta-feira (13), quando a menina completou "mêsversário", a comemoração foi com tema de festa junina.
"Cada mês uma descoberta, agora você bate palma, já fica em pé sozinha, se der confiança você ainda dança. Cada salto é uma descoberta e leva seus pais à loucura, mas estamos amando cada fase sua. Te amamos muito meu amor", publicou.
A mulher será enterrada no Cemitério Vertical Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, às 11h30 desta quarta-feira (19). O velório começa duas horas antes no mesmo local.
Investigações
Uma câmera de segurança gravou os criminosos chegando em um carro e abordando duas pessoas em uma moto na saída 7 da Linha Amarela. Os suspeitos descem do veículo e rendem as vítimas. Logo depois, um policial militar aparece, saca sua arma e atira contra o grupo, gerando um confronto. Alguns suspeitos conseguem fugir, mas um deles é baleado. Toda a situação aconteceu em menos de um minuto.
Veja o vídeo:
No confronto, Alexsandro de Andrade Venâncio, de 24 anos, um dos suspeitos envolvidos na tentativa de assalto, foi baleado. Enquanto aguardava ser socorrido, ele contou para policiais que estava na companhia de outros três criminosos conhecidos como MD, Coroa e Diretor. Um deles seria morador da comunidade do Arará, em Benfica, também na Zona Norte do Rio. A Polícia Civil busca pelo grupo.
O criminoso, que revelou ser da Mangueira, ainda na Zona Norte, foi socorrido e encaminhado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Ele segue internado na unidade sob custódia com quadro de saúde estável. Junto com o suspeito foram apreendidas duas pistolas.
O homem cumpria pena de um ano e oito meses, em regime aberto, por tráfico de drogas. Ele foi condenado em outubro de 2022 pelo crime e sua pena era consistentes na prestação de serviços à comunidade, em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos ou outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
Indagado por uma testemunha, Alexsandro negou que realizou disparos durante o confronto. "Eu não matei. Eu não troquei tiro. Não dei nenhum tiro. Me ajuda, por favor. Liga para a ambulância. Não foi eu que matou ela", disse.
As mortes estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A especializada busca pelas identificações e pelo paradeiro dos suspeitos que fugiram do local logo após a troca de tiros.
A perícia já foi realizada nos pontos onde Deborah e José Carlos morreram, além da área onde aconteceu o tiroteio. As duas armas dos suspeitos apreendidas na ação e uma do policial militar envolvido no confronto passarão por uma perícia para saber de onde partiu os disparos que acertaram as vítimas.
As diligências estão em andamento para elucidar as circunstâncias do crime e esclarecer todos os fatos.