Criminoso invadiu loja de aparelhos eletrônicos para matar Felipe Fernandes da Conceição em ParatyReprodução
Guerra entre facções pode ter motivado assassinato em Paraty, diz Polícia Civil
Felipe Fernandes da Conceição, de 32 anos, foi morto com pelo menos 19 tiros; homem tinha anotações por tráfico, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo
Rio - O homicídio de Felipe Fernandes da Conceição, de 32 anos, ocorrido nesta quarta-feira (26), em Paraty, na Costa Verde do Rio, pode estar relacionado à guerra entre facções na cidade. As investigações da Polícia Civil encontraram indícios de que o crime aconteceu devido a um ajuste de contas. A vítima, apontada como uma das lideranças do Comando Vermelho (CV) no município, foi condenada a 14 anos de prisão por tráfico, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo, e cumpria pena em liberdade.
De acordo com o delegado Marcelo Russo, titular da 167ª DP (Paraty), responsável pelas investigações, a apuração encontrou elementos que indicam que a disputa entre facções motivou o homicídio. Apesar dos indícios, nenhuma hipótese foi descartada até o momento.
"Felipe possuía várias passagens por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ele havia cumprido pena de cinco anos, aproximadamente, e estava em liberdade condicional utilizando tornozeleira eletrônica. A investigação não descarta nenhuma possibilidade, mas nós temos indícios de se tratar de uma guerra e um ajuste de contas entre facções criminosas rivais. Estamos juntando peças técnicas, exames papiloscópicos e demais perícias. Também estamos juntando imagens e fotos do local, bem como ouvindo testemunhas e parentes. Estamos bem avançados nas investigações para finalizar esse inquérito de forma exitosa e remeter para Justiça", destacou Russo.
O homem foi morto com pelo menos 19 tiros, por volta das 11h15 desta quarta-feira (26), na Rua Doutor Derli Elena, no bairro Patitiba. Câmeras de segurança de uma loja de aparelhos eletrônicos flagraram dois criminosos de roupas pretas, e encapuzados, descendo de um carro e atirando contra Felipe. O enteado da vítima, de 15 anos, também foi baleado.
Por uma gravação é possível ver o homem e o enteado na porta da loja no início dos disparos. O adolescente é o primeiro atingido por um tiro e cai na calçada, enquanto o padrasto corre para dentro da loja. Através da câmera interna do estabelecimento, os criminosos aparecem fazendo buscas por Felipe. Ele tenta correr, mas é alcançado na calçada por um dos executores. Pelo menos 19 disparos foram feitos contra a vítima. Os bandidos conseguiram fugir e ninguém foi preso até o momento.
O homem e o enteado foram socorridos e levados para o Hospital Municipal Hugo Miranda, ainda em Paraty, mas o homem não resistiu. Até esta quarta-feira (26), o adolescente seguia internado em estado grave.
Condenação por tráfico
Felipe foi condenado, em 2016, a 14 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo. No mesmo ano, ele, que integrava o Comando Vermelho (CV), foi preso em uma casa com diferentes entorpecentes que seriam vendidos em uma localidade conhecida como Beco do Bode. O homem ainda estava armado.
Na sentença, o juiz William Satoshi Yamakawa, da Vara Única da Comarca de Paraty, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), destacou que, diante da expressiva quantidade de drogas apreendida na casa onde Felipe estava e do farto material para embalagem, não havia dúvida da existência de uma organização voltada para o crime de tráfico de drogas. O magistrado ainda justificou sua decisão através de elementos que comprovavam o vínculo do homem com o Comando Vermelho.
"Ficou comprovado que o local era ponto de venda de drogas e onde os entorpecentes eram 'trabalhados' para negociação. Frise-se que as investigações indicavam a vinculação de Felipe com a facção Comando Vermelho, que dominava o tráfico na Patitiba, sendo o réu fotografado em atitude indicativa de pertencer a tal grupo, quando exibia os sinais do grupo criminoso, tendo ele confirmado a fotografia, alegando, contudo, que seria brincadeira. O próprio denunciado Felipe informou que devia a várias pessoas pela aquisição da droga que negociava, demonstrando a permanência da atividade por considerável período de tempo, e bem assim, a outra faceta de sua atuação, como o gerente do tráfico no local. Diante de tais elementos, restam comprovados o vínculo associativo e a permanência para o desenvolvimento do tráfico de drogas, não se configurando mera reunião ocasional de duas ou mais pessoas", escreveu.
No mesmo processo, também foram condenados o pai de Felipe e um terceiro homem.
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