O jornalista Tim Lopes foi executado em 2002Reprodução / Internet

Rio – O jornalista Tim Lopes, torturado e assassinado em 2012, foi homenageado neste sábado (29) com a inauguração de uma biblioteca comunitária em Higienópolis, na Zona Norte. O espaço, batizado com o nome do repórter, fica em uma sala da associação de moradores da região, em frente à Praça Eudoro Berlinck. A ação foi idealizada pelo Favelivro, projeto que promove e incentiva a leitura em favelas, escolas públicas e periferias.
Os livros estarão disponíveis para empréstimo de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. O espaço terá, ainda, rodas de bate-papo, mediação de leituras e outras atividades. Todo o material foi doado por voluntários.
Filho de Tim, o também jornalista Bruno Quintella falou ao DIA sobre a emoção com a homenagem. "Para nós, da família, é um motivo de muito orgulho e honra ser homenageado pelo Favelivro. Acho que com o mundo hoje, muito tecnológico e cibernético, [é importante] a gente ter um incentivo à leitura, em especial uma biblioteca comunitária, que é uma contribuição por doações. O projeto tem uma coisa muito bacana, que é uma coisa solidária, sem fins lucrativos. É um incentivo à leitura, ao universo da inclusão, em especial ao público jovem", disse.
Bruno também destacou que as lutas de Tim como profissional estão conectadas aos ideiais da iniciativa. "Esse projeto do Favelivro, que visa integrar a leitura e a cultura, nas periferias e favelas, é primordial e tem tudo a ver com toda a luta do meu pai, toda a causa que ele lutava, que é justamente se preocupar sempre com o futuro por meio dos jovens e também por conta da educação, por meio da cultura e leitura", afirmou.
Na visão de Veronica Marcílio, uma das fundadoras do projeto, coletivizar cada vez mais o acesso à leitura é essencial. "Ampliar as bibliotecas é ampliar o conhecimento. Quanto mais bibliotecas, mais você democratiza a leitura, que no país, ainda é muito cara e de acesso da elite. Então, o Favelivro faz com que mais e mais bibliotecas aconteçam para que esse processo de democratização de acesso do livro e da leitura seja real", declarou. A inauguração também teve a presença de irmãs de Tim Lopes.
Esta é a 40ª biblioteca comunitária aberta pelo projeto. No mês de maio, um espaço com o nome de Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, abriu em Duque de Caxias. Em abril, do jornalista Ancelmo Gois batizou outro espaço em em Cordovil, Zona Norte da capital.
Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, o Tim Lopes, foi um dos mais importantes repórteres investigativos do Brasil. Teve passagens por O DIA, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Placar e Globo. Aos 52 anos, em junho de 2002, ele foi torturado e assassinado por traficantes ao fazer uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk da Vila Cruzeiro, na Penha.