Júlia Santos, de 17 anos, e João Pedro das Neves, de 20, morreram dentro de um carro em ItaguaíReprodução

Rio - O laudo sobre a causa das mortes dos jovens João Pedro das Neves, de 20 anos, e Júlia Santos, de 17, encontrados já sem vida dentro de um carro em Itaguaí, na Baixada Fluminense, nesta segunda-feira (1º), apontou que os óbitos aconteceram devido a uma asfixia por gás. Segundo o padrasto da adolescente, eles tiveram intoxicação por monóxido de carbono.
As vítimas foram localizadas dentro de um veículo, em uma rua sem saída, no bairro Leandro, na noite desta segunda. O carro estava ligado com as portas e janelas fechadas, o que propiciou o acúmulo de gás em seu interior. A hipótese já vinha sendo considerada pela 50ª DP (Itaguaí), responsável pelo caso, após os corpos serem encontrados sem sinais de violência.
As buscas começaram depois que Júlia começou a ser considerada desaparecida por familiares e amigos. Ela saiu de casa na manhã de segunda-feira (1º) para ir ao campus do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) localizado em Itaguaí, mas não chegou na unidade. Parentes a tentaram contatar, mas não tiveram sucesso.
Ao DIA, nesta quarta-feira (3), o mecânico industrial Marcos Henrique Santos Luiz, de 33 anos, padrasto de Júlia, disse que a enteada deixou a residência, no bairro Leandro, por volta das 9h40, para pegar uma condução em direção ao Cefet. A adolescente foi vista por um tio em um ponto de ônibus por volta das 10h20 e informou ao parente que esperava uma Kombi, que seria mais rápida do que um ônibus. Em algum momento posterior, ela entrou no carro de João, que era seu amigo.
"Logo em seguida, ela me mandou mensagem dizendo que já estava na Kombi. A gente não sabe se era a Kombi ou se já estava no carro com o João. Ele era conhecido nosso porque fazia artes marciais junto comigo. Até aí tudo bem e depois nós começamos a descobrir. Minha esposa ligou para o meu genro e perguntou se a Júlia estava com ele, mas ele disse que não. Isso era 13h e pouco. Nós estávamos em Campo Grande. Uma colega da escola disse que ela não tinha ido. Na hora, voltamos para Itaguaí. Eu bati no Cefet primeiro e ninguém viu. O celular só chamava e não atendia", afirmou.
O padrasto explicou que as mensagens enviadas para o celular da adolescente não chegaram. Para ele, Júlia desligou os dados móveis e o localizador do celular. Marcos ressaltou que orientou a jovem à deixar o GPS do aparelho ligado como forma de segurança. Quando foi de noite, eles receberam a informação que havia um carro parado com dois corpos dentro em uma rua sem saída na região.
"Chegou uma notícia que tinha um carro abandonado com pessoas dentro próximo da nossa localidade, uns cinco quarteirões depois, próximo ao Arco Metropolitano. O noivo dela saiu da delegacia com alguns amigos. Um amigo meu me levou onde estava o carro. Quando eu cheguei lá, eu já sabia que ela era. O laudo saiu e, mesmo se não tivesse saído, eu já deduzi o que era: monóxido de carbono dentro do carro, pois estava com os vidros fechados. Com a queima ali do escape, resultou que puxou de fora para dentro e asfixiou os dois", destacou.
O laudo ainda destaca que não houve agressão de nenhuma das partes e nem relação sexual entre eles.
Adolescente planejava casar
Marcos disse que Júlia planejava o casamento com o noivo. A cerimônia aconteceria em abril de 2025, mesmo mês que o padrasto faz aniversário. O mecânico cuida da menina desde quando ela tinha 5 anos e era chamado de pai. A adolescente estudava no Cefet e era jovem aprendiz no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
"Estava tudo bem entre a gente. Ela era uma benção, uma menina da Igreja, esforçada. Ela ia dar entrada nas documentações dela em janeiro para poder casar em abril porque é o meu aniversário e ela ia dar esse meu presente. Estávamos empenhados demais junto com o noivo dela. A Júlia sempre foi uma ótima filha, uma ótima amiga. Eu crio ela desde os 5 anos. Ficou 12 anos comigo", completou.
Segundo o padrasto, a jovem queria seguir seus passos e fazia um curso de mecânica industrial. "Ela era uma pessoa empenhada no que fazia. Eu orientava a ela a fazer cursos para se preparar para o futuro", destacou.
O sepultamento de Júlia aconteceu na terça-feira (2) no Cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí.