Prefeitura inicia demolição de prédio irregular no Recreio dos BandeirantesReginaldo Pimenta/Agência O Dia
A ação é realizada pela Secretaria de Ordem Pública (Seop) e pelo Ministério Público do Rio, por meio do Grupo de Atuação Especializada Contra o Crime Organizado (Gaeco), em um edifício localizado na Rua Flávio de Aquino, próximo ao Terreirão, área que sofre forte influência do crime organizado. O advogado Thiago Chaves, que representa os moradores, ressalta que nenhum deles tem qualquer ligação com criminosos.
A operação de demolição havia sido paralisada devido a uma decisão liminar conseguida pelos proprietários, que proibia a Prefeitura do Rio de seguir com a derrubada do prédio. A Seop afirma que a liminar foi revogada e, por isso, ação foi retomada.
O documento serviu para que os responsáveis reconstruíssem todas as paredes internas do 2º ao 7º pavimento, além da fachada frontal e lateral do prédio. A constatação foi feita por engenheiros da prefeitura em vistoria recente.
Com a liminar revogada, a demolição foi retomada de forma manual, uma vez que a utilização de máquinas e retroescavadeiras poderia abalar a estrutura dos prédios vizinhos.
O prédio residencial multifamiliar ocupa um terreno de aproximadamente 500 m² e é composto por um nível térreo e mais seis pavimentos, sendo cinco em fase de acabamento e o último em fase de estruturas.
A construção não atende os parâmetros urbanísticos definidos para o local, onde é permitido apenas construções com até dois andares, dentre outras exigências. O edifício possui oito apartamentos por pavimento, totalizando 48 unidades. De acordo com a prefeitura, os responsáveis já haviam sido notificados sobre o embargo da obra e mesmo assim aceleraram as construções.
"A prefeitura está abusando da autoridade dela, arrombaram o portão, não fomos avisados que iria quebrar nada. Ultrapassaram uma liminar que não caiu, e mesmo que tivesse caído, tínhamos que ter sido avisados e não fomos", destacou.
De acordo com a moradora, nenhum dos habitantes foi intimado sobre a questão da liminar. "Intimação só para a prefeitura? Nós aqui não temos que ser intimados?", questionou a mulher.
No local, além de crianças especiais, há mulheres grávidas e um idoso com Alzheimer que, segundo Ketila, respira com ajuda de aparelhos.
"Cortaram a nossa água, agora que pedimos eles religaram por conta do meu filho autista. Estão com maquitas aqui. Começaram a quebradeira e meu filho vai ter uma crise", disse.
Rayssa, que também é moradora do prédio, alega que não houve extinção do processo e que a liminar não caiu. Assim como Ketila, ela reforça que os moradores não foram intimados de qualquer decisão.
Além disso, após o início da demolição, os moradores foram levados para a delegacia por conta de um problema com a Light. De acordo com Rayssa, a luz utilizada pelos habitantes do prédio era do relógio de serviço pois, mesmo com pedidos, a empresa não colocou relógios nas unidades.
"Mesmo com pedido, a Light não coloca nosso relógio. A luz está paga e eles identificaram isso", ressaltou.
Ao total, 36 pessoas foram indiciadas e 25 pessoas foram conduzidas à 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) por furto de energia.
Procurada, a Seop relatou, por meio de nota, que recebeu um ofício da CGM informando que processo que impedia o prosseguimento da demolição pela Prefeitura foi instinto, possibilitando, desta forma, a retomada da demolição, uma vez ser uma construção irregular ilegalizável.
"Não cabe a Prefeitura informar ao morador o andamento do processo, mas sim ao advogado da parte interessada, uma vez que o sistema envia notificações às partes interessadas", diz parte do texto.
Já sobre o acesso ao prédio, a pasta enfatizou que, na chegada dos agentes, os moradores estavam na varanda e se recusaram a abrir o portão.
"Dessa forma, foram utilizados os meios necessários para acesso à construção irregular, o que é permitido após às 7h".
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