PMs saíram da viatura armados para abordar adolescentes negros e estrangeiros em IpanemaReprodução
"É inaceitável que abordagens racistas ainda ocorram no Rio de Janeiro a partir das forças de segurança. Este é mais um exemplo das experiências diárias enfrentadas por jovens negros no estado", disse Dani Monteiro.
Após a veiculação da notícia pela imprensa, a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) iniciou a investigação. Neste momento, agentes buscam identificar os jovens e testemunhas estão sendo ouvidas. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) colabora com a investigação.
Uma câmera de segurança registrou o momento, na noite de quarta-feira (3), quando uma viatura se direciona ao grupo de jovens de maioria negra na Rua Prudente de Morais, em Ipanema. Dois policiais militares saem do carro com armas em punho e iniciam a abordagem dos adolescentes. Os policiais mandam os jovens encostarem na parede e revistam cada um. Eles só foram liberados após um adolescente brasileiro dizer que os demais eram estrangeiros e estavam no Rio a turismo.
O caso veio à tona após a mãe do brasileiro relatar a ocorrência nas redes sociais. Na tarde de quinta-feira, Rhaiana Rondon contou que a viagem foi planejada há meses pelos amigos.
"Quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhados dos avós de um deles, experienciaram a pior forma de violência", desabafou. Rhaiana relatou que os PMs disseram para que os jovens tomassem cuidado quando andassem na rua, pois seriam abordados novamente. Além dos quatro turistas, o primo de um deles, que mora no Rio, também sofreu a abordagem.
"Não há dúvida: a abordagem foi racial e criminosa. Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho privilegiado de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem! Antes da viagem, fiz inúmeras recomendações, alertas e conselhos de mãe preocupada: 'Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos'. Pensei em diversas situações, mas jamais que a polícia seria a maior das ameaças", escreveu.
Rhaiana ressaltou que todos estão assustados com o ocorrido e que o incidente envolveu quatro países: França, Canadá, Gabão e Burkina Faso. O Itamaraty informou que acompanha o caso e "busca averiguar as circunstâncias do ocorrido para eventual tomada de providências".
O que diz a PM?
A corporação destacou que insere nas grades curriculares de todos os cursos de formação, como prioridade, disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais.
O órgão reforçou que a ouvidoria está à disposição dos cidadãos que se sentirem ofendidos para a formalização de denúncias através do telefone (21) 2334-6045 ou e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br.
A Corregedoria Geral da PM também pode ser contatada através do telefone (21) 2725-9098 ou ainda pelo site cintpm.rj.gov.br. O anonimato é garantido.
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