Local existe desde 1979 e é querido por muitos cariocasRedes Sociais
Tradicional livraria fecha as portas no Rio depois de 45 anos
O comunicado deixou milhares de leitores tristes na noite desta sexta-feira (12)
Rio - Nenhuma história infantil, presente nos livros que dominam as prateleiras da tradicional livraria Malasartes, no shopping da Gávea, poderia prever um final tão triste como o comunicado na tarde desta sexta-feira (12), aos frequentadores assíduos do local. Depois de 45 anos de portas abertas, o espaço vai encerrar as atividades no dia 31 deste mês.
"É com um misto de emoções que chegamos ao momento de encerrar as atividades da nossa querida Livraria Malasartes. Desde a nossa abertura, cada página virada e cada história vivida tornaram este lugar especial. Para todos os nossos verdadeiros clientes amigos, verdadeiros fornecedores e maravilhosos. Autores infantis que nos deram tantas alegrias com suas histórias, muito obrigada por todo carinho e um grande abraço a todos. Vou sentir saudades", diz o comunicado nas redes sociais.
O empreendimento, que firmou raízes no local desde 1979, foi palco de milhares de encontros memoráveis entre crianças e a literatura. Lançamentos emblemáticos passaram por lá, como a Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque, ilustrado por Ziraldo, e o Menino Maluquinho, escrito por Ziraldo. O espaço chegou a conquistar muitas parcerias com escolas públicas e privadas.
"Abrimos a Malasartes em 1979, no Shopping da Gávea. A loja era da Maria Helena Novaes, professora de psicologia na PUC. As sócias eram Ana Maria Machado, jornalista e escritora, Maria Eugênia da Silveira, socióloga e contadora de histórias, e eu, recém formada em psicologia. Nós três abrimos com a cara e a coragem, não existia nenhuma livraria focada no público infantil juvenil no Rio de Janeiro", contou ao Dia a fundadora Renata Mattos de Moraes, 71 anos, atualmente, a única que tocava o ramo.
Depois de tantos anos, a empreendedora explicou a principal questão que levou a difícil escolha de encerrar as atividades neste mês.
"Depois da pandemia, o comércio livreiro caiu assustadoramente, as pessoas acostumaram a pedir pela internet. Várias lojas que eram únicas aqui do shopping da Gávea não existem mais. As editoras continuam aumentando os preços dos livros. O preço de um livro infantil das editoras maiores não custa menos que R$59,90", detalhou.
Com um espaço acolhedor, onde muitos puderam, por anos, se deliciar com os prazeres da leitura, a livraria chegou a passar por momentos difíceis na pandemia de Covid-19, quando as vendas foram reduzidas, e quase fechou às portas em 2021.
Foi naquela época, inclusive, que a Malasartes descobriu o quanto era querida por todos. Uma união entre os leitores e amantes do local, conseguiu dar um respiro de alívio para as proprietárias: todos começaram a divulgar o Instagram do estabelecimento, que iniciou o processo de encomendas online.
"Criei o Instagram e mobilizei grupos. Passaram a vender por WhatsApp, pois o shopping estava fechado. Foi um processo muito bonito. A Malasartes teve um papel muito importante na minha vida e de toda a minha geração, que tem hoje 40 anos", lembrou a advogada Alice Amorim, 41, sobrinha de Renata.
Querida por todos
A publicação de que a livraria vai encerrar as atividades comoveu anônimos e famosos nas redes sociais, já são mais de 800 comentários na postagem. A atriz Alice Wegmann foi uma das pessoas a expressar sua tristeza com a notícia.
"Ah não! Fui tanto aí… minha avó me levava todo mês para escolher um livrinho. Era meu passeio favorito. Me veio até o cheirinho de vocês agora, obrigada por tudo", comentou a famosa.
A escritora Sônia Travassos também deixou um comentário na publicação: "A Malasartes não pode fechar! Estou sem palavras! A Malasartes fez e faz parte de toda minha trajetória profissional, como professora especialista em LIJ e como autora também. Foi onde realizei os lançamentos de meus primeiros livros, com Dona Iaci, Claudinha e Renata. Nossa! Quantos anos de parceria! Estou sem palavras!".
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