Polícia Civil investiga a morte do menino, que chegou sem vida à UPA de Ricardo de AlbuquerqueReprodução / Arquivo Pessoal

Rio - A mãe do menino Kaleb Gabriel da Cruz Lisboa, 2 anos, que deu entrada sem vida na emergência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, Zona Norte, nega que o filho tenha sido agredido. As acusações vieram a tona após familiares suspeitarem de maus-tratos. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi por um traumatismo na região do abdômen com uma lesão no pâncreas por ação contundente, como uma pancada.
Segundo o documento, o pâncreas do menino chegou a romper e a lesão não é compatível com uma queda de cama, versão dada pela mãe e padrasto da vítima. Em entrevista ao DIA, Júlia da Cruz Conceição afirmou que o menino estava brincando com o irmão mais novo, de 11 meses, quando caiu e bateu a cabeça. No momento da queda, as crianças estavam com o padrasto. "A única coisa que tenho para falar é que não houve agressão. Eu e meu marido não agredimos meu filho até porque eu como mãe nunca aceitaria isso. Ele estava brincando com o irmão na cama e caiu", relatou. 
Abalada com a morte do filho, Júlia contou como está sendo difícil lidar com a perda. "Está sendo muito duro, eu já não sei mais o que é dormir, o que é comer, estou vivendo a base de calmantes. Eu só quero deixar bem claro que eu não tenho nada a ver com isso e muito menos meu marido até porque meu marido deixou bem claro que ele caiu", disse.
O menino chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque e depois para o Hospital Municipal Albert Schweitzer. Lá, Kaleb passou por atendimento, realizou tomografia, ficou em observação por 4 horas e recebeu alta. Na quarta-feira (17), no entanto, a mãe conta que a criança amanheceu gelada.
Ela e o padrasto chegaram a levá-lo à UPA, mas o menino já chegou na unidade básica sem vida. Por conta disso, a família registrou um boletim de ocorrência contra o hospital, por negligência. "Isso foi negligência médica. Eu quero saber porque ele foi liberado sendo que não estava bem e nem medicado", desabafou ao DIA.
Outros familiares, no entanto, suspeitam que Kaleb era vítima de maus-tratos. De acordo com a tia do menino, Érika Lisboa, ele apresentava um comportamento estranho. "Ele era uma criança alegre, agitada e espevitada, mas ele parecia ter medo. Lembro de uma vez que a mãe falou que ele ficaria de castigo e ele se assustou muito. Depois, eu descobri que ele ficava sempre de castigo. Acredito que tinha alguma questão sim, não posso dizer que era um trauma, mas não era uma relação normal. Não quero acreditar em agressões, mas vamos esperar as investigações da polícia", disse ao DIA.
Familiares de Kaleb estiveram no Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio nesta sexta-feira (19) para a liberação do corpo. O enterro está marcado para este sábado (20), às 15h, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. 
Segundo a Polícia Civil, a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) instaurou um inquérito para apurar o caso. As hipóteses de negligência e de maus-tratos estão sendo investigadas. Agentes da distrital ouvem testemunhas, levantam informações e realizam buscas para esclarecer a morte. A mãe e o padrasto do menino devem ser ouvidos na próxima semana. 
Questionada sobre a denúncia de negligência, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que não há registro em prontuário de informações dos responsáveis da criança sobre dor abdominal. De acordo com a pasta, o paciente foi levado à unidade com relato de queda da cama e trauma no crânio, apresentando sinais e sintomas compatíveis a este histórico. A SMS disse, ainda, que ele foi atendido conforme relato do ocorrido e sintomas apresentados. Por fim, a unidade ressaltou que está à disposição da polícia para auxiliar com o que for solicitado.