Publicado 29/07/2024 10:58
Rio - A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) identificou e intimou o casal que imitou macacos durante a roda de samba Pede Teresa, no último dia 19, na Praça Tiradentes, Centro do Rio. O homem, carioca, e a mulher, argentina, foram notificados a prestarem depoimento na especializada. Ambos são professores e foram filmados durante a ocorrência. O vídeo foi entregue para a investigação policial por racismo no dia 22 de julho.
PublicidadeA Polícia Civil informou que a investigação está em andamento para elucidar os fatos, mas não esclareceu como os dois prestarão depoimento, uma vez que o suspeito mora em São Paulo e a suspeita é estrangeira.
Na última sexta-feira (26), duas novas testemunhas que presenciaram a cena prestaram depoimento. O empresário João Ricardo, 37, e o jornalista Thiago Teixeira, 37, afirmaram que o casal chegou a imitar os sons dos animais. João e Thiago aparecem ao fundo do vídeo e estavam editando um vídeo para a página que administram sobre sambas do Rio no momento da ocorrência.
Um segurança relatou, ainda, que viu outro argentino fazendo imitação de macacos. De acordo com o relato do profissional, havia um grupo dançando e um argentino passou a imitar macacos. Ele contou que repreendeu o homem, que teria parado. O flagrante aconteceu por volta de 1h, quando o público estava indo embora. Já a primeira dupla foi filmada fazendo os gestos racistas por volta das 23h.
O grupo Pede Teresa convocou um ato contra o racismo para a próxima sexta-feira (2), na Praça Tiradentes.
Argentina estava no Rio em evento
A professora argentina veio ao Rio para um evento no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre os dias 15 e 19 deste mês. A Junta Diretiva Internacional do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem) pediu à seção brasileira uma investigação sobre a estrangeira e informou que os investigados não são associados à entidade e que o vídeo foi gravado quando o seminário já havia terminado.
A Associação Orff-Schulwerk da Argentina defendeu a professora na terça-feira (23), alegando que o ato não tem conotação racista. A organização sem fins lucrativos informou que a argentina é associada há muitos anos. A nota diz ainda que, no país, "no contexto de uma atividade pedagógica, a imitação de animais não tem conotação racista".
Já a Escola Concept de São Paulo, onde trabalha o homem flagrado imitando macaco, emitiu uma nota repudiando a atitude e informando que está adotando medidas cabíveis contra o colaborador.
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