Casal foi flagrado imitando macaco durante roda de samba no Centro do RioReprodução / Redes Sociais
Casal é flagrado imitando macacos durante roda de samba no Centro
Grupo PedeTeresa, responsável pelo evento, e a jornalista Jackeline Oliveira, que gravou o casal, expuseram a situação como racismo
Rio - Um homem e uma mulher foram flagrados imitando macacos durante uma roda de samba ocorrida na noite desta sexta-feira (19), na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. O grupo PedeTeresa, responsável pelo evento, e a jornalista Jackeline Oliveira, que gravou o casal, expuseram a situação como racismo.
O vídeo, divulgado nas redes sociais da jornalista e do grupo na tarde deste sábado (20), mostra o homem e a mulher fazendo gestos de macacos, inclusive sons, enquanto o samba acontece. A mulher até simula pegar algo da cabeça do homem e comer, como os animais costumam fazer.
Ao DIA, a jornalista informou que denunciou o caso à Comissão de Combate ao Racismo da Câmara de Vereadores do Rio.
"O racismo atravessa a gente de diversas formas e é muito doloroso. Até a gente entender que está sendo violentado e sofrendo um crime, é difícil! A gente sempre fala que faria algo mais enérgico, mas eu como jornalista entendo que ter provas para acionar a justiça também é muito importante! Era uma cena tão absurda que eu só me dei conta pela manhã, que foi pouco chamar os seguranças", explicou.
Em seu perfil no Instagram, Jackeline contou que ambos estavam debochando em um espaço produzido e feito por, em maioria, pessoas negras. A jornalista explicou que estava indo comprar uma água quando passou e viu o casal fazendo os gestos. Ela parou para gravar com o objetivo de ter provas.
"Esse casal de pessoas brancas estava rindo e debochando. Pessoas pretas em volta. É uma parada que eu quero me posicionar aqui mesmo porque várias pessoas vieram me cobrar. Cada pessoa tem uma reação e, às vezes, não tem reação. Quando eu vi o que estava acontecendo, a minha reação foi filmar e chamar o segurança. Eles foram lá, falaram com as pessoas e elas pararam de fazer. Eu, na hora, não tive reação", disse.
Segundo a jovem, ambos foram racistas. "O racismo é uma violência que atravessa as pessoas pretas de diversas formas. Ele é doloroso, paralisante e brutal. A gente se sente até culpada de não ter reagido de outra forma. Acredito eu que, se não tivesse filmado, isso nem seria divulgado. Ninguém saberia o que aconteceu. É uma falta de respeito", completou.
A produção do PedeTeresa também se posicionou sobre o assunto. O grupo informou que pretende denunciar o caso, junto com Jackeline, na segunda-feira (22).
"O samba é lugar de gente preta, feito por gente preta. Nosso samba é nosso quilombo, nosso espaço de existência e resistência. No samba não só nos divertimos, mas expressamos nossa humanidade, nosso chão. Pessoas brancas têm que pisar devagar e respeitar. Se virmos este comportamento inaceitável serão expulsos. Pessoas pretas que se sentirem de alguma maneira incomodadas em nosso samba devem procurar nossa produção. Não passarão!", diz a postagem.
A vereadora Mônica Cunha (Psol), presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara do Rio, afirmou que acompanhará o caso.
"O samba é um patrimônio cultural crucial da comunidade negra. Desrespeitar este espaço é desrespeitar a história, a luta e a identidade do povo negro. O combate ao racismo é uma ação permanente e responsabilidade coletiva", escreveu.
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