Professora argentina foi filmada imitando macacos junto com brasileiro em roda de sambaReprodução/Redes Sociais
Escola onde trabalha homem que imitou macaco em roda de samba se manifesta
Instituição informou que está tomando medidas cabíveis contra o funcionário; Polícia investiga o caso
Rio - A Escola Concept de São Paulo, onde trabalha o homem flagrado imitando macaco em uma roda de samba no Centro do Rio, emitiu uma nota repudiando a atitude e informando que está adotando medidas cabíveis contra o colaborador. Juntamente com ele estava uma mulher argentina que veio ao Rio participar de um fórum de educação musical.
A instituição afirmou que todos os valores de respeito à diversidade são cultivados na escola, que ainda tem o objetivo de promover um ambiente seguro para todos.
"A Escola Concept repudia todo e qualquer ato de racismo ou que fira os valores de respeito à diversidade cultivados em nossa instituição. Diante da notícia do ocorrido na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (19), esclarecemos que as medidas cabíveis em relação ao colaborador já estão sendo adotadas. Reafirmamos nosso compromisso em promover um ambiente seguro e respeitoso para todos os nossos estudantes, colaboradores e a comunidade escolar", escreveu a instituição em postagem nas redes sociais.
Apesar de dizer que adotou medidas contra o homem, o colégio não informou quais seriam elas.
O caso é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Representantes do grupo PedeTeresa, responsável pela roda de samba na Praça Tiradentes, registraram a ocorrência, junto com a jornalista Jackeline Oliveira, que gravou o casal. O fato aconteceu na sexta-feira (19), mas o registro ocorreu na segunda-feira (22).
"O racismo atravessa a gente de diversas formas e é muito doloroso. Até a gente entender que está sendo violentado e sofrendo um crime, é difícil! A gente sempre fala que faria algo mais enérgico, mas eu como jornalista entendo que ter provas para acionar a justiça também é muito importante! Era uma cena tão absurda que eu só me dei conta pela manhã, que foi pouco chamar os seguranças", explicou a jornalista ao O DIA.
Em depoimento, seguranças que trabalhavam na roda de samba relataram ter visto outro argentino fazendo imitação de macacos. A organização do evento acredita que havia um grupo de estrangeiros da Argentina no evento.
A Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio acompanha o caso e a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Casa anunciou que vai pedir ao Governo Federal a extradição da argentina.
A professora veio ao Rio para um evento no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Junta Diretiva Internacional do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem) pediu à seção brasileira uma investigação sobre a estrangeira.
Nesta terça-feira (23), a Associação Orff-Schulwerk da Argentina defendeu a professora e alegou que o ato não tem conotação racista. A organização sem fins lucrativos informou que a argentina é associada há muitos anos e participou de alguns encontros, "mostrando sempre uma grande capacidade de trabalho e criatividade".
A nota diz ainda que, no país, "no contexto de uma atividade pedagógica, a imitação de animais não tem conotação racista".
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