Argentina que imitou macaco junto com homem em roda de samba é alvo de investigaçãoReprodução / Redes Sociais

Rio - A Junta Diretiva Internacional do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem) pediu o início de uma investigação sobre a argentina, que imitou macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio. A mulher veio à cidade para um evento, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado entre os dias 15 e 19 deste mês.
A solicitação da direção foi feita à seção brasileira do fórum para que inicie um processo em busca de que "tudo se proceda conforme as leis brasileiras". A organização informou que as pessoas investigadas não são associadas e que o vídeo foi gravado quando todo o seminário já havia terminado, não estando relacionado a nenhuma atividade acadêmica, pedagógica ou cultural que foi desenvolvida durante o evento.
"Atos individuais realizados dentro e fora dos espaços do Fladem são respondidos de forma particular dentro das esferas competentes. Queremos explicitar que repudiamos categoricamente este tipo de ação. O Fladem é um fórum que respeita e defende todas as culturas e etnias, que fomenta a participação de todos com igualdade, promove a Educação Musical a serviço da integração sóciocultural e da solidariedade, canalizando positivamente as diferenças de todo tipo. Com isso, sabemos que racismo é crime, e como tal, repudiamos veementemente qualquer tipo de discriminação. Estamos envergonhados com tal ato, mesmo sabendo que esse tipo de atitude não faz parte de nenhuma maneira de nossas práticas", informou em nota.
O episódio aconteceu na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, na última sexta-feira (19), e as cenas da dupla imitando macacos foram registradas pela jornalista Jackeline Oliveira, que registrou o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) nesta segunda-feira (22). Para ela, o fato de um dos envolvidos ser estrangeiro não diminui a gravidade do caso.
"Nada ameniza o racismo, país nenhum, lugar nenhum dá a entender que o racismo é uma coisa boba, uma brincadeira. O homem é do Rio de Janeiro, é brasileiro, está aqui na cidade e vai ser encontrado alguma hora. A mulher, eu não sei se já voltou, sei que ele é argentina e excluiu as redes sociais dela, porque as pessoas encontraram. Mas, ela também não vai sumir, a gente vai continuar buscando e espero que a polícia faça o trabalho deles", afirma.
A gravação mostra o casal fazendo gestos de macacos, inclusive sons, enquanto o grupo PedeTeresa se apresenta. A mulher simula pegar algo da cabeça do homem e comer, como os animais costumam fazer. Segundo Wanderson Luna, representante do grupo que também esteve na Decradi, o episódio poderia ter sido evitado se houvesse mais conscientização da sociedade e ações do poder público.
"A gente vive numa sociedade extremamente racista e, se a gente for analisar, é muita energia positiva para não ter dado um problema muito maior, porque imagina, alguém imitando macaco, a gente sabe quanto isso dói na gente, o primeiro que dá um tapa, tem uma multidão, olha só o tamanho do problema que o poder público, a sociedade podem tratar, podem prevenir", disse.
Além de ser investigado pela Polícia Civil, o caso é acompanhado pela Comissão de Combate ao Racismo da Câmara de Vereadores do Rio.