Os policiais cumpriram contra Deivid um mandado de prisãoReprodução
Suspeito de matar ex com milkshake envenenado em Maricá demonstra frieza após prisão
Deivid Nascimento Santana, de 30 anos, disse que amava Vitória da Conceição Pereira, de 23, mas ficou calmo e tranquilo depois de ser detido
Rio - Deivid Nascimento Santana, de 30 anos, principal suspeito de matar a ex-namorada envenenada com um milkshake em Maricá, na Região Metropolitana, afirmou que amava a vítima, mas demonstrou frieza e tranquilidade com toda a situação. O homem foi preso, nesta terça-feira (6), em Rio das Pedras, na Zona Oeste, dois dias após a morte de Vitória da Conceição Pereira, de 23 anos.
O delegado Bruno Gilaberte Freitas, titular da 82ª DP (Maricá), disse, nesta quarta-feira (7), que o suspeito se mostrou calmo e permaneceu em silêncio durante o depoimento na delegacia.
"Oficialmente, ele não deu nenhuma versão sobre o caso. Extraoficialmente, ele ofereceu uma versão fantasiosa. O tempo todo ele se mostrou calmo, tranquilo, disse que era apaixonado pela vítima, mas em momento algum se mostrou sensibilizado com a situação. Nos pareceu algo bem fora do comum", disse.
Segundo Gilaberte, os investigadores conseguiram localizar seu paradeiro a partir da análise de dados de inteligência. Os policiais encontraram a pessoa que Deivid usava o nome para aplicar golpes. Essa pessoa recebeu mensagens do suspeito dizendo que ia sair de Maricá e que tinha chegado em determinado local, junto com uma foto.
O delegado explicou que o homem usou o celular desse amigo para instalar o aplicativo de transporte que ele utilizou para ir até Rio das Pedras, onde se escondeu.
"Isso possibilitou que nós descobríssemos o endereço, pelo menos a comunidade que ele estava. Depois, nós analisamos a foto de perfil do telefone usado para contato via aplicativo. Essa foto foi encaminhada para perícia para uma análise morfológica, conseguimos a identidade dessa pessoa e descobrimos que ela tinha endereço em Rio das Pedras. Evidentemente, era o endereço onde Deivid estava escondido", destacou.
A pessoa que ofereceu abrigo a Deivid já foi identificada e responderá pelo crime de favorecimento pessoal, que corresponde a esconder um criminoso para que ele não seja capturado ou punido pelo estado.
Já o suspeito responderá por homicídio qualificado com diferentes qualificadoras, como feminicídio, meio cruel e motivo torpe. O homem já era investigado por aplicação de golpes de venda de imóveis, além de outras situações envolvendo a ex-namorada. Em dezembro do ano passado, a Justiça do Rio expediu uma medida protetiva contra Deivid por agredir e ameaçar a jovem.
Relembre o caso
Na última semana de julho, Vitória, de 23 anos, compareceu à 82ª DP (Maricá) em duas ocasiões. Primeiro, a jovem alegou que Deivid invadiu sua casa, também em Maricá, e feriu seu namorado com uma faca. Após a denúncia, a Justiça do Rio concedeu uma medida protetiva a favor da mulher.
Após isso, ela retornou à delegacia para afirmar que recebia mensagens de texto enviadas de diferentes números e apontou que, provavelmente, o suspeito havia enviado.
Segundo as investigações, no último sábado (3), dia do crime, Deivid realizou uma nova investida contra a vítima. Ele, se passando por um homem chamado Leandro, convenceu um empresário a contratar Vitória para um serviço de faxina. Argumentando que pretendia surpreendê-la com um pedido de casamento, ele comprou o milkshake e batatas fritas e pediu para que a pessoa entregasse à vítima, que passou mal logo em seguida a ingestão.
Vitória foi socorrida e encaminhada ao Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no centro de Maricá, onde sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela chegou a ser reanimada, mas morreu na madrugada de domingo (4). O enterro aconteceu no cemitério da cidade na segunda-feira (5).
De acordo com o delegado Bruno Gilaberte, os laudos periciais ainda não estão prontos, mas o boletim de atendimento médico da vítima descreve sintomas e eventos compatíveis com envenenamento. Vitória teve também ferimentos no ânus, mas, até o momento, não há evidência de crime sexual.
"A vítima apresentava uma lesão anal, que não necessariamente é coligada ao crime sexual. Esse tipo de lesão pode ser provocado por diversos fatores, inclusive pela própria reação fisiológica ao veneno, já que a vítima teve uma congestão de vísceras muito grande. Inclusive, foi encontrada sob dejetos. Isso pode justificar esse ferimento encontrado na região anal, mas sobre crimes sexuais por ora, pelo menos, não temos nenhum tipo de evidência", explicou.
Deivid está preso temporariamente e aguarda audiência de custódia.
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