Familiares durante o velório de Richard Ferreira, no Cemitério da Penitência, no Caju, nesta terça-feiraRenan Areias/Agência O Dia
Alessandra também revelou que seu filho lutava contra a depressão e a bipolaridade. Apesar dos desafios, o jovem tinha o sonho de se tornar escritor. Alessandra contou que eles estavam prestes a procurar um local para apresentar o texto que ele havia escrito. "O sonho dele era ser escritor. Na segunda-feira a gente ia procurar um lugar para ele apresentar o texto dele, 'Entre Amor e Paixão'. Ele sempre ficava escrevendo no computador", desabafou.
A Polícia Civil investiga se o jovem morreu em decorrência das agressões por parte dos funcionários de saúde durante o atendimento na unidade, no domingo (11). O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse estar acompanhando de perto o andamento das investigações em torno da morte de Richard e afirmou que a denúncia da família é grave.
Em nota, a SMS disse que os profissionais alegam terem sido agredidos pelo jovem e usado os meios necessários para a contenção e que caberá à investigação policial concluir se houve excessos que contribuíram para o óbito. “O jovem deu entrada na unidade com um corte no pescoço e bastante agitado. Durante uma briga verbal e física com os profissionais, ele não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade”, diz trecho da nota.
A mãe do jovem contesta a versão e diz que o rapaz foi agredido por um médico com um soco no local do ferimento, no domingo (11), durante o atendimento. A agressão, segundo ela, agravou o corte no pescoço, levando à morte. Alessandra também contou que o filho estava bastante agitado no momento do atendimento.
Já os profissionais envolvidos no caso afirmaram em depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca) que Richard deu entrada com um ferimento no pescoço e, durante o atendimento, começou a agir de forma agressiva. Ele também teria tentado fugir da unidade de saúde. Em outro momento, Richard teria ameaçado os funcionários.
Ainda segundo o depoimento do profissional de saúde, a mãe de Richard, ao ver a cena, o puxou, mas ele acabou caindo no chão. "Foi neste momento que ele começou a sangrar muito. Ele foi colocado na maca e levado para sala vermelha, local onde é realizado procedimento em paciente que estão com quadro clínico agravado", informou o profissional em depoimento.
Além desta internação, Richard já havia sido hospitalizado no Centro Especializado de Reabilitação (CER) da Barra da Tijuca, em maio deste ano, com quadro de surto psicótico. Na ocasião, ele tinha lesões no braço causadas por ele mesmo durante um ataque de fúria. Ainda neste episódio, foi registrado pela equipe médica que ele precisou ser contido por militares do Corpo de Bombeiros. Na unidade de saúde, ele havia sido diagnosticado com 'Transtorno de personalidade com instabilidade emocional'.
O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca) e encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que ouve testemunhas para concluir as investigações.
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