Familiares e amigos do empresário Rhuan Rodrigues Pereira, de 20 anos, baleado em abordagem da PMReginaldo Pimenta
Segundo ela, familiares precisaram pagar por um reboque particular para levar o veículo atingido pelos disparos para a perícia e, por se negar a entregar a chave aos policiais militares, foi ameaçada de prisão.
"Eles queriam levar o carro embora o tempo inteiro, e falando que talvez me levassem presa porque eu estava segurando as chaves. A gente pagou um reboque particular para poder levar o carro para ser lacrado para perícia, porque eles não tiveram coragem de mandar um reboque para cá. Vieram sete viaturas na madrugada que ele deu entrada e ninguém veio falar um ‘ai’ com a gente, nenhum deles", expôs.
Ao DIA, Karine Lopes, de 26 anos, amiga e testemunha do ocorrido, disse que os policiais estavam em uma parte escura da BR-101. Ela estava em uma moto logo atrás do carro da vítima e presenciou toda a abordagem realizada pela PM.
Ao perceberem o carro em que Rhuan estava, os agentes deram uma ordem de parada, que foi cumprida pelo jovem. Mas, logo depois de ter parado, a amiga contou que ouviu os disparos de fuzil.
"Eu ouvi eles gritando: 'para, para, para'. Quando falaram, eu já estava atrás, saí da moto e fui andando em direção ao carro. Quando o Rhuan parou, eles fizeram os disparos. Foi só tiro de fuzil, foram vários tiros. Eu comecei a gritar, minha irmã começou a gritar, e correndo".
Além disso, Karine contou que somente um dos policiais se ofereceu para socorrer a vítima, após perceber que o jovem havia sido baleado.
"Quando olhei, o primo dele já estava enquadrado no mato e o Rhuan deitado no chão. Quando vi, achei que ele tinha se machucado quando saiu do carro. Vi ele encolhido. Depois que vi o tiro na barriga, vi sangue na blusa e levantei. Eu comecei a gritar: 'Vocês fizeram besteira. Ele não é bandido, é trabalhador'. Somente um policial, das duas viaturas, que foi ajudar e pediu para colocar ele no carro para ser socorrido. Não teve tiro, não teve nada. A gente estava na esquina da mãe dele. Se fosse troca de tiros, eu seria baleada, porque corri no meio".
Rhuan foi atingido por dois tiros, um no fígado e outro no intestino, porém não chegou a realizar as duas cirurgias necessárias pois precisava apresentar sinais de melhora para passar pela segunda intervenção cirúrgica.
"Foram dois tiros, a princípio, a gente achava que tinha sido só um, porque foi só uma saída. Mas foram dois tiros, perfurou o intestino e o fígado. Conseguiram operar o intestino, mas ele estava muito instável para poder fazer a segunda operação. Estavam esperando ele melhorar, ontem ele teve uma melhora, ficou todo mundo feliz que a pressão dele tinha começado a estabilizar. Aí hoje veio a notícia", contou a amiga.
Quem também comentou o caso foi tia do rapaz, Flávia Garcia. Muito emocionada, ela defendeu a imagem do sobrinho. "O Rhuan era uma pessoa maravilhosa. A única coisa que eu posso dizer é que ele não era o que o Estado está pintando. Meu sobrinho não era traficante, meu sobrinho não fazia nada de errado, ele trabalhava de segunda a segunda, o que fizeram com ele foi uma covardia. Agora a gente perdeu, entendeu? E a gente só quer Justiça, a família agora só quer Justiça", disse.
Flávia tratou a situação como uma grande covardia. "Não pode ficar impune. O policial pediu desculpas na delegacia, falando que entendia o sofrimento da mãe, mas que isso acontecia, que faz parte do trabalho. Mas não é assim", lamentou.
O que dizem as corporações?
Procurada, a Polícia Militar informou que o comando do 7º BPM (São Gonçalo) instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias.
"O comando da unidade vai colaborar com o inquérito instaurado da Polícia Civil. As armas usadas na ação foram apreendidas pela delegacia responsável pela investigação. A Corregedoria da corporação acompanha o caso", comunica a nota.
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