Material apreendido durante operação que prendeu torcedores do FlamengoReprodução

Rio - A Polícia Civil prendeu, na manhã desta quinta-feira (26), dois integrantes da Torcida Organizada Jovem Fla por tentativa de homicídio contra dois torcedores vascaínos. O crime aconteceu no último dia 15, horas antes do clássico entre Flamengo e Vasco no Maracanã, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro.


Contra Rafael Gomes Barcelos e Gilson Lira Ribeiro foram cumpridos mandados de prisão temporária e busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Capital.

Segundo investigações da 27ªDP (Vicente de Carvalho), a dupla que estava no interior do veículo VW GOL, de cor branca, registrado em nome da mulher de Rafael, atirou diversas vezes em direção a torcedores do Vasco, que se dirigiam à estação do metrô de Irajá, na Zona Norte, para seguirem até o Maracanã.

Na ocasião, dois vascaínos foram atingidos, sendo, um na perna, e outro na região sacral. Eles foram socorridos e internados no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Dentre as vítimas, uma ainda se encontra com o projétil alojado na região pélvica.

Durante o inquérito, os agentes conseguiram obter as imagens do momento do crime, bem como da rota de fuga do veículo utilizado, o que auxiliou na identificação dos autores. De acordo com as vítimas, foi Gilson quem efetuou os disparos em direção aos torcedores do Vasco.

Tanto Rafael como Gilson Lira Ribeiro integram a Jovem Fla, sendo que o segundo possui seis ocorrências policiais vinculadas à torcida organizada, tais como: rixa, desobediência, violação de decisão judicial e promoção de violência nos estádios.
De acordo com o delegado Gustavo Castro, da 27ªDP (Vicente de Carvalho), apesar do Rafael não possuir nenhuma passagem pela polícia, ele está envolvido com a torcida organizada do Flamengo há 15 anos.

"Pelo que a gente apurou eles são pessoas que já se conhecem há alguns anos e resolveram planejar e realizar um ataque a torcedores do Vasco nas proximidades da estação do metrô de Irajá, que é um local de concentração de uma das torcidas do Vasco. Então ele já sabedores disso planejaram essa emboscada utilizando o carro do do Rafael que era o motorista e o Gilson ocupava um dos bancos, tendo ele efetuado o disparo", explicou.

Ainda segundo o delegado, os agentes chegaram aos suspeitos através do carro utilizado pelos torcedores.
"Nós chegamos na identificação deles primeiramente através das imagens do crime e através das características específicas desse veículo a gente chegou em uma pessoa próxima ao Rafael e aí para confirmar que ele era usuário do carro fomos até o endereço dele e lá estava o veículo estava. Então ali a gente já confirmou que o Rafael estaria envolvido e começamos a procurar os vínculos dele com as pessoas ligadas a torcida organizada, e nessa chegamos na identificação do Gilson", disse.

Durante as buscas, os policiais apreenderam telefones celulares e uma arma com a numeração raspada na casa de Gilson.
Procurado pelo DIA, o advogado Diogo Ferrari, que representa Gilson, informou que ainda não teve acesso aos autos onde foi expedido o mandado de prisão de seu cliente e, por este motivo, se resguarda ao direito ao silêncio até o completo conhecimento da acusação e suas circunstâncias.
A defesa destacou que o homem não se dedica a atividades criminais, possui bons antecedentes e nunca foi processado criminalmente.

"Gilson é pai de família e trabalha como auxiliar administrativo na mesma empresa há mais de quatro anos para prover o próprio sustento e de seus filhos. Outrossim, maiores esclarecimentos sobre o fato apenas será possível após a análise dos autos. De toda a sorte, Gilson se coloca a inteira disposição da justiça para todos atos onde for requerida sua presença, e por isso entende que a prisão é desnecessária", explicou.
A advogada Alessandra Barboza, que defende Rafael, também informou que não teve acesso aos autos do processo para uma maior análise. A defesa destacou que o homem sempre manteve reputação ilibada, é pai, marido e trabalhador formal há mais de 20 anos e jamais se envolveu em qualquer atividade ilícita.

"Reafirmamos plena confiança de que, no decorrer da apuração dos fatos investigados serão apresentados todos os elementos que comprovam sua idoneidade e salientamos que Rafael estará à disposição da justiça", comentou.
Brigas
No mesmo dia do crime, outras duas pessoas também ficaram feridas em uma briga entre torcidas, no Tanque, na Zona Oeste do Rio. Por conta da confusão, dez pessoas foram levadas para a delegacia e o policiamento precisou ser reforçado na região.

Houve ainda um intenso confronto no bairro Vila São Luís, em Duque de Caxias. No local, os militares realizaram um cerco, com ajuda de um veículo blindado, e prenderam 12 suspeitos. Na ação, foram apreendidos cabos de madeira, uma faca e um artefato explosivo. Outros três envolvidos estão custodiados no Hospital Moacyr do Carmo. Imagens gravadas por moradores mostram o momento que um blindado da PM acelera em direção ao grupo de torcedores, a fim de dispersá-los.

Ao todo, 31 torcedores foram detidos e armas brancas e explosivos foram apreendidos antes do jogo.