Família alega que prisão de vendedor de peixe e frutos do mar é indevidaReprodução

Rio - Familiares de Jadir Pereira de Oliveira Filho, de 28 anos, preso durante uma operação contra roubo de veículos, na última quarta-feira (25), na Comunidade Vila Ruth, em São João de Meriti, alegam que o homem é inocente. Segundo parentes, o homem é vendedor de peixes e frutos do mar e não tem envolvimento com o tráfico de drogas. A família agora tenta a libertação de Jadir. 
Segundo os parentes, o vendedor havia acabado de sair da casa da sogra e seguia para a própria residência quando começou o tiroteio entre criminosos e agentes. Ao correr para tentar se proteger, ele teria sido detido e preso por agentes da Polícia Civil.
Graziele Souza, mulher de Jadir, relatou que o caminho para casa onde eles moram cruza com uma boca de fumo, e reitera que o marido apenas estava no lugar errado na hora errada. 
"Pra gente subir pra nossa casa, infelizmente, a gente tem que passar no meio do tráfico. Ele não teve chance, já botaram no carro e levaram ele sem nada. Ele só estava passando no lugar errado, na hora errada [...] os policiais não pediram para periciar o telefone, se fizessem, iam ver que ele só tem contato de clientes, restaurantes e que trabalha na Taquara, Lins, Copacabana...", desabafou.
Pelas redes sociais, algumas pessoas comentaram em uma publicação afirmando que Jadir era trabalhador. "Ele vende camarão e peixe aqui em frente ao mercado de Copacabana", publicou um; "vejo esse rapaz vendendo camarão e peixe de terça-feira à sábado em frente ao Supermercado Mundial, na rua Siqueira Campos, em Copacabana", reiterou outro; "conheço ele, é trabalhador. Eu trabalho num posto de gasolina e ele ia lá sempre abastecer e uma vez levou camarão pro gerente do meu posto, amigo dele”, escreveu outro.
Jadir e mais cinco acusados foram encaminhados para a 64ª DP (São João de Meriti) e responderão por prisão em flagrante por envolvimento com tráfico de drogas, porte de arma e tentativa de homicídio contra agentes de segurança pública.

Procurada, a Polícia Civil informou que com os presos da ação foram encontradas duas pistolas, mais de mil trouxas de maconha, 600 pinos de cocaína e 1,2 mil pedras de crack, mas sem especificar quem estava com o que.
Jadir passou por audiência de custódia, onde teve a prisão flagrante convertida em preventiva. Na decisão, a Juíza Rachel Assad da Cunha alega que "não há nada que indique ilegalidade na prisão dos custodiados, tratando-se de flagrante formal e perfeito", e pontua que nenhuma das defesas dos presos apresentou comprovação de trabalho ou residência fixa.
Já o advogado do vendedor, José Carlos dos Santos, declarou ser improcedente a afirmação do TJ, uma vez que, segundo ele, em audiência de custódia, não há como apresentar provas. A defesa ainda ressalvou que as drogas e armas não foram encontradas com Jadir, mas sim próximas a ele. 

Outro caso, mesma ação
Na mesma operação, outra família alega prisão indevida. Parentes de Ailton Belarmino de Oliveira, de 41 anos, afirmam que ele apenas deixava um passageiro na comunidade quando foi confundido com criminosos e levado para a delegacia.
O morador de Vilar dos Teles é motoboy há dez anos e desde quando se tornou profissional autônomo é contribuinte do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).


Operação Torniquete

Com objetivo de combater o roubo de veículos e cargas no Estado, a Operação Torniquete atuou em São João de Meriti, após trabalho da equipe de inteligência apontar que bandidos estariam em uma comunidade na região. A ação resultou na prisão de seis pessoas que, segundo a polícia, são suspeitos de pertencerem à facção criminosa que controla o tráfico de drogas na comunidade.