Arma, carregadores, balaclavas e dinheiro foram apreendidos na casa do PM em agostoReprodução

Rio - A Polícia Civil cumpriu, nesta segunda-feira (7), um mandado de prisão temporária contra o policial militar Thiago Alves Benício, suspeito de envolvimento na tentativa de homicídio do policial penal Altamir Senna Oliveira Júnior, o Misinho, ocorrida em outubro do ano passado em Campo Grande, na Zona Oeste. 
A ação foi realizada por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, na Região Metropolitana, onde o PM está preso desde agosto.
Segundo as investigações, celulares e documentos de posse de Thiago indicam que ele teve participação efetiva no crime contra Misinho. Por isso, a especializada pediu sua prisão, aceita pela Justiça do Rio.
As investigações sobre a tentativa de homicídio foram iniciadas pela 35ª DP (Campo Grande) e continuaram com a DHC após a realização de buscas e apreensões em endereços ligados ao policial militar, ocorridas em 8 de agosto, quando houve a deflagração da operação "Malafectores".
Na ocasião, o agente foi preso em flagrante pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. Durante as buscas na sua casa, os policiais encontraram uma pistola com numeração suprimida, diversos carregadores, toucas-ninjas (balaclavas), luvas e dinheiro em espécie sem comprovação da origem.
Relembre o caso
A tentativa de homicídio contra Misinho aconteceu no dia 28 de outubro de 2023, na Rua Macedo Coimbra, em Campo Grande, na Zona Oeste.
Os criminosos desceram de um veículo, modelo Chevrolet Ônix, que tinha placas clonadas, e atiraram várias vezes de fuzil contra a vítima. Altamir foi baleado no braço e no pé esquerdo. Câmeras flagraram a ação. O homem correu para fugir dos executores e conseguiu se abrigar na residência de um vizinho até a chegada de policiais militares.
Alvo de operação contra jogo do bicho
Misinho é policial penal e já foi candidato a deputado federal nas eleições de 2022. Ele foi preso na Operação Fim da Linha, realizada pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) em novembro de 2022, pelos crimes de organização criminosa e corrupção ativa. 
Segundo a investigação, ele era intermediário direto do bicheiro Bernardo Bello, outro alvo da operação. Os promotores afirmaram na época que o policial penal auxiliava e representava o contraventor em reuniões com bicheiros e milicianos. Para tentar evitar ser grampeado, Misinho usava três celulares, sendo um deles em nome de terceiros e de uso exclusivo para conversar e trocar mensagens com Bello. O contraventor era o único contato salvo no aparelho usado apenas para tratar de "assuntos escusos", de acordo com o MPRJ.
Na denúncia apresentada à Justiça, o Ministério Público anexou trocas de conversa entre Altamir e Bernardo. Em uma delas, ao dizer que recebeu um convite para trocar de quadrilha, Misinho diz que tem "palavra" e é "bandido". Em diversas mensagens, ele se refere ao contato como "irmão".
Misinho responde pelos crimes em liberdade.