Flávio da Mocidade foi conduzido para DHC após cumprimento de mandado de busca e apreensãoReginaldo Pimenta

Rio - O presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, foi preso em flagrante, nesta quarta-feira (9), durante uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público contra acusados de envolvimento no assassinato de Fábio Romualdo Mendes, ocorrido em setembro de 2021. Segundo a investigação, o crime foi motivado por uma disputa dentro de uma organização que controla parte da contravenção no Rio, com a qual a vítima era envolvida. Rogério de Andrade, contraventor e patrono da agremiação, também foi alvo da ação.

Contra Flávio foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Segundo a Polícia Civil, ele teria jogado uma arma .40, de uso restrito, pela janela do seu apartamento. Em sua casa, ainda foram apreendidas munições do mesmo calibre. Por conta disso, o homem foi autuado em flagrante porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito.
A defesa nega a acusação. De acordo com o advogado Carlos Lube, que esteve na porta da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), a pistola apreendida foi encontrada em um canteiro, nas proximidades da residência do empresário, mas não o pertence.
À imprensa, ele disse ainda que vai analisar os autos do processo e contestar as acusações na audiência de custódia.
A operação Fissão é resultado da denúncia do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra quatro indiciados por envolvimento no assassinato.
Foram alvos dos mandados de prisão nesta quarta: o PM Bruno Marques da Silva, o ex-policial militar Thiago Soares Andrade Silva, Anderson de Oliveira Reis Viana e Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza.
Bruno foi preso durante a operação. Já os mandados contra Thiago e Rodrigo foram cumpridos em presídios, pois ambos já estavam encarcerados. O segundo, inclusive, está preso desde dezembro de 2021 por causa de uma acusação de ter matado a tiros um homem em um posto de gasolina de Realengo, na Zona Oeste, no ano anterior. 
Apenas Anderson segue foragido. As diligências seguem para localizar o criminoso.
Busca e apreensão
Ainda na ação, buscas foram realizadas em endereços ligados a Rogério de Andrade, Flávio da Silva Santos, ao PM Adriano da Rocha Muniz e a José William Fernandes de Assis, que seguem sendo investigados por possível envolvimento no crime.
Também foram alvos de busca o PM da reserva Márcio Araújo de Souza, chefe da segurança de Rogério de Andrade, e os policiais militares Marcos Araújo de Souza e Ramon Malta Moreira, em razão da suspeita de ocultamento de provas vinculadas ao assassinato.
Entre as apreensões da operação, estão dispositivos eletrônicos, valores em reais, moedas estrangeiras e documentos, entre outros itens. Todo o material será analisado, a fim de auxiliar nas investigações
Em um dos endereços, os agentes encontraram três aves silvestres. O investigado foi conduzido à delegacia, onde assinou termo circunstanciado. Os pássaros foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica, na Baixada Fluminense.

Procurada sobre o envolvimento de agentes, a Polícia Militar informou que colabora integralmente com as ações desencadeadas e que a Corregedoria instaurou um procedimento para acompanhar o caso.
"Vale ressaltar que o comando da corporação não compactua com desvios de conduta ou cometimento de crimes por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos", informou em comunicado.
O crime
Segundo investigações, mandantes do homicídio, integrantes de um subgrupo liderado por Flávio da Mocidade, contrataram os serviços do matador Jhonathan Borges dos Reis, conhecido como “Esquilo”, para a execução do assassinato.

A vítima foi morta em setembro de 2021, por volta das 9h, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena. Na ocasião, Fábio estava em seu veículo, aguardando a mulher que tinha ido ao posto de saúde, momento em que dois homens em uma motocicleta pararam próximo ao carro e atiraram.
Em nota, a Mocidade Independente de Padre Miguel esclareceu que não tem relação com eventuais investigações. "A agremiação reforça que segue focada nas atividades sociais com a comunidade e na preparação para o Carnaval 2025", disse em nota.
A reportagem tenta contato com a defesa dos demais envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.