O prédio histórico atrai muitos visitantesRenan Areias / Agência O Dia

Rio - Considerado um verdadeiro xodó dos cariocas, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), um dos equipamentos mais visitados da cidade, na Rua Primeiro de Março, no Centro, comemorou 35 anos com uma programação especial neste fim semana. Em mais de três décadas, foram 2.500 projetos desenvolvidos e 61 milhões de visitantes, com exposições, peças de teatro, exibições de filmes e muitas outras atividades. No sábado (12), o aniversário foi celebrado com ações dedicadas ao público infantil, aproveitando o Dia das Crianças.
Gerente geral do CCBB-Rio, Sueli Voltarelli destacou a importância do local para a cultura da cidade e do país. "A instalação CCBB há 35 anos, aqui no centro do Rio de Janeiro, foi um momento histórico que contribuiu para a revitalização do lugar. Ao longo desse tempo todo, esse prédio em constante funcionamento e com muitas atividades tem uma importância muito grande  para a cidade do Rio de Janeiro e para o país."
Voltarelli destacou, ainda, que o espaço, que possui entrada franca, colocou o Rio no circuito internacional das artes plásticas: "Grandes exposições que não passavam pelo Brasil começaram a chegar em função das realizações do CCBB. Ao mesmo tempo em que valorizamos a produção cultural brasileira, proporcionamos também um diálogo e uma troca com a produção internacional."
A arquitetura é outro quesito que encanta todos. "Muitos turistas que visitam a cidade vão ao CCBB, às vezes, nem para participar de uma programação cultural, mas para visitar o prédio, que é um marco na história da cidade, simbólico para o carioca, a arquitetura, a rotunda, são características do centro cultural, que atraem o público por si só", afirmou Voltarelli.

Pai e filhos aproveitam

O fotógrafo Daniel da Conceição, 44 anos, é daqueles apaixonados pelo lugar. "A gente está sempre aqui, eu e meus dois filhos. Gostamos muito do Lab Maker, que são atividades tecnológicas e tudo mais, voltadas para o público infantil. São várias atividades semanais, então quase toda semana a gente está aqui fazendo esse tipo de atividade, eles adoram. Quando tem as feiras do lado externo também como a das Yabás nós prestigiamos".
Para o profissional, que visitou o CCBB neste domingo (13), o espaço tem uma importância ímpar. "É um marco cultural da cidade, são vários projetos superinteressantes. Quando dá, estamos prestigiando os projetos e apreciando essa arquitetura aqui que é maravilhosa e não tem como enjoar".
A técnica em química Ana Beatriz Sampaio, de 20 anos, aproveitou o domingo para levar o seu sobrinho, Davi Pamplona Rodrigues, de 33 anos. " É um lugar super legal para quem curte cultura e arte. É um espaço que realmente valoriza a cultura e a criatividade do Brasil, tornando a arte acessível para todo mundo. E eu e minha família amamos essa programação de dia das crianças, pois ensina e apresenta para elas muita cultura e arte",elogiou Ana Beatriz.
Artistas falam da importância
O ator Déo Garcez fala sobre a importância do espaço. "Tenho grande apreciação pelo CCBB, um importantíssimo espaço cultural do Rio e em outras cidades, seja no teatro, música, exposicões e proporcionando encontros e debates de temas diversos e necessários para a sociedade e nosso tempo. No CCBB ensaiei "Ricardo III", de Shakespeare, com Stênio Garcia vivendo o protagonista. Tenho ótimas lembranças desse espaço lindo e acolhedor'', disse ele.
A professora e crítica de teatro Jane Celeste, jurada do prêmio APTR (Associação de Produtores Teatrais do Rio de Janeiro, também dá sua opinião sobre o CCBB. "Pelo palco já passaram diversos nomes do teatro brasileiro como Sérgio Britto, primeiro curador, Fernanda Montenegro, Nathália Timberg, Tônia Carrero e Pedro Paulo Rangel, entre outros''.
 Trajetória

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB fica em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, e é um marco da revitalização do centro histórico do Rio. O espaço possui uma área construída de 19.243m² e conta com três teatros, duas salas de cinema, mais de dois mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso, biblioteca, com mais de 200 mil exemplares, Arquivo Histórico e o Museu Banco do Brasil.

Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico "The Art Newspaper", que lista anualmente os cem museus e centros culturais mais visitados do mundo. Em 2023, passou a ocupar a 46ª posição no ranking anual dos 100 museus/centros culturais mais visitados do mundo. Junto ao CCBB Belo Horizonte, foram os únicos representantes da América Latina na lista.

Em cartaz

Exposições (entrada gratuita)

FULLGÁS - ARTES VISUAIS E ANOS 1980 NO BRASIL
Até 27 de janeiro de 2025
Térreo e 1º andar

Nas artes visuais, a Geração 80 ficou marcada pela icônica mostra "Como vai você, Geração 80?", realizada no Parque Lage em 1984. FULLGÁS dialoga com essa mostra e traz algumas obras que lá estiveram, mas amplia a reflexão trazendo para o centro do processo artistas de fora do eixo Rio-São Paulo e que também estavam produzindo na época. Entre os nomes presentes na exposição estão Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leonilson, Luiz Zerbini, Leda Catunda, entre outros. Adicionalmente às obras de arte, a mostra inclui elementos da cultura visual da década de 1980, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos, que fazem parte da formação desta geração.

A.R.L. - VIDA E OBRA
Até 28 de outubro
2º andar
A exposição oferece ao público um conjunto de pinturas e fotografias produzidas pelo artista autodidata Antônio Roseno de Lima, abrindo um campo de discussão importante sobre a chamada Arte Bruta brasileira. Original de Alexandria (RN), Roseno parte em 1926 para Campinas (SP), onde produziu a maioria de suas obras. Apesar da extrema pobreza e da falta de instrução formal, A.R.L., como assinava suas obras e nome pelo qual teve reconhecimento internacional, encontrou meios para se expressar de forma livre, autêntica e criativa. A partir de materiais rústicos, o artista constrói uma identidade criativa forte, baseada em cores vivas e chapadas.

PRIMEIRO DE MARÇO 66 – ARQUITETURA DE MEMÓRIAS  
Até 16 de dezembro
4º andar

A exposição resgata a rica trajetória e a importância arquitetônica do icônico prédio do CCBB. Relatado como um ser vivo, cuja história se entrelaça com a do Rio de Janeiro e do Brasil, passando de sede de uma Associação Civil para sede do maior e mais antigo banco do país na época e para, finalmente, inaugurar um novo conceito de apoio e promoção da cultural no país.

ARTES CÊNICAS

NEBULOSA DE BACO
Teatro I - Térreo
De 12 de outubro a 24 de novembro - Quartas a sábados - 19h; Domingos – 18h

A peça traz aos palcos duas mulheres, duas atrizes, na tarefa de convencer a si mesmas a acreditar em si mesmas, ao mesmo tempo em que tentam entender e dar andamento aos preparativos de uma peça que se equilibra entre o riso e o choro, repleta de confusões e ansiedades próprias da cabeça de todos nós. Confusões entre o que é e o que não é, o que parece que é, mas também não é, entre o que é verdade e o que é manipulado, ou mera narrativa, entre o que é realidade e o que é ficção, ou imaginação. Texto e direção: Marcos Damaceno; Elenco: Rosana Stavis e Helena de Jorge Portela. Classificação indicativa: 18 anos

SANGUE
Teatro II - 2º andar
De 11 de outubro a 10 de novembro - Quintas a sábados - 19h; Domingos - 18h
A peça propõe uma discussão sobre o poder e a dominação, a partir da história de dois atores brasileiros, que em meio à montagem de uma peça de um autor estrangeiro, já falecido, recebem a notícia da revogação de seus direitos de realização. A partir daí deflagra-se uma parábola sarcástica da realidade contemporânea, que coloca em protagonismo uma história de violência e misoginia praticada contra uma atriz. Texto e direção: Kiko Marques. Elenco: Carol Gonzalez, Leopoldo Pacheco, Marat Descartes, Rogério Brito e Marcos Suchara (stand-in). Classificação indicativa: 14 anos


UM JARDIM PARA TCHEKHOV
Teatro III – 2º andar
Até 27 de outubro - Quartas a sábados - 19h; Domingos – 18h

Uma consagrada atriz de teatro vai morar com sua filha, médica, e seu genro, um delegado de polícia, num condomínio em Botafogo. Desempregada há 3 anos, Alma Duran sonha em montar "O Jardim das Cerejeiras". Ao enfrentar dificuldades para montar o espetáculo, ela conhece um desconhecido no playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov, e que passa a ajudá-la. Os limites entre realidade e ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia, vão se misturando, numa trama que discute - com bastante humor- os tempos de intolerância vividos no país. Dramaturgia: Pedro Brício. Elenco: Maria Padilha, Leonardo Medeiros, Erom Cordeiro, Olivia Torres e Iohanna Carvalho Ingressos: R$ 30 (inteira). 
MÚSICA
Entrada gratuita

V FESTIVAL INTERNACIONAL DE TROMBONE DA UNIRIO
Sala 26 (4º andar) - 18 de outubro – 09h às 20h

Criado em 2012, esse projeto bienal tem o objetivo de divulgar e fomentar o desenvolvimento do trombone no Brasil através de concertos, shows e eventos didáticos, mostrando toda a versatilidade dos músicos nacionais e internacionais que transitam entre o erudito e o popular com toda a naturalidade que o instrumento proporciona.

MÚSICA NO MUSEU
Sala 26 (4º andar) – 12h30 – Quartas-feiras
O projeto tem por objetivo a formação de plateias e estimular a música de concerto, sendo realizado em diversos museus e centros culturais da cidade. Todas as quartas-feiras no CCBB. Consulte a programação em www.musicanomuseu.com.br

CINEMA
Ingressos: R$ 10 (inteira).

MOSTRA LÉA GARCIA
Cinema I - Térreo
Até 4 de novembro

A Mostra Léa Garcia, idealizada em comemoração aos 90 anos da atriz, apresenta uma retrospectiva inédita com 16 filmes, sendo 15 longas-metragens e 1 curta-metragem, todos protagonizados por Léa Garcia. Este evento se soma às diversas homenagens já feitas ao longo de sua carreira, destacando a importância histórica e o legado de uma das grandes atrizes do cinema brasileiro. Léa Garcia é reconhecida como uma das principais atrizes negras do Brasil, com uma trajetória marcante no teatro, cinema e televisão. Ela foi uma figura fundamental no Teatro Experimental do Negro, e seu trabalho é notável por sua forte atuação política e social, dando voz a personagens que exploram questões raciais e de identidade.
A programação completa está em em bb.com.br/cultura