Velório do mestre sala Chiquinho na quadra da Imperatriz Leopoldinense, nesta sexta-feira (18)Pedro Teixeira/Agência O Dia

Rio - O histórico mestre-sala Chiquinho, figura ilustre do Carnaval carioca e da Imperatriz Leopoldinense, foi enterrado na tarde desta sexta-feira (18) no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Antes do sepultamento, o corpo de José Francisco de Oliveira Neto, de 60 anos, foi velado na quadra da escola de samba, em Ramos, com a presença de amigos e familiares.
Durante o velório, a mulher de Chiquinho, Kelly Carpinetti, se emocionou ao lado do caixão e recebeu carinho de pessoas próximas. Integrantes da escola também estiveram presentes na cerimônia para se despedir do filho de Maria Helena, eterna porta-bandeira da agremiação.
O mestre-sala estava lutando contra uma infecção bacteriana desde o dia 1º de setembro e ficou internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho por oito dias, até ser transferido para a UPA Beira-Mar, em Duque de Caxias, na Baixada, onde passou mais quatro dias até receber alta. No dia 17 de setembro, ele foi internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde descobriram uma infecção generalizada.
Durante a internação, Chiquinho ficou entubado e em coma induzido para reagir melhor à medicação. Em 28 de setembro, ele sofreu uma parada cardíaca que, de acordo com Kelly, durou 20 minutos. Depois da intervenção da equipe médica, o sambista se recuperou, mas continuou internado até morrer na tarde desta quinta-feira.
Ao DIA, Bruna Carpinetti, filha do mestre-sala, definiu o pai como uma pessoa carinhosa, que valorizava sua família e seus amigos. "Ele era um parceiro meu, meu orgulho. O melhor marido, pai e avô que já vi na vida. Me dava conselhos, me chamava para as melhores conversas, que eu nunca vou esquecer. Além disso, era um avô excepcional para a minha filha. Ela vai levá-lo para toda a vida. Não podiam nem brigar com ela que ele falava: 'Não mexe com minha neta'. Que falta ele vai nos fazer", disse.
Por meio das redes sociais, Pablo Carpinetti se despediu do pai. "Meu amigo, meu amor maior, meu rei. Te amarei eternamente. Hoje, me despedi do meu rei, batimento cardíaco dele em 32. Foi só eu e o meu irmão falar com o senhor, que o senhor partiu e, se Deus quiser, bem. Que falta o senhor vai fazer para toda nossa família. Sua alegria é e sempre será nossa. Te amo pai", escreveu.
A Imperatriz Leopoldinense lamentou o falecimento do baluarte. Definido como "eterno e respeitado mestre-sala", Chiquinho ocupava atualmente o posto de "Joia da Coroa", a maior honraria destinada aos baluartes da agremiação.
"Ao lado de sua mãe, a inesquecível porta-bandeira Maria Helena, Chiquinho fez história na Marquês de Sapucaí, e em seis dos nove títulos de nossa agremiação, defendeu o pavilhão da Rainha de Ramos com maestria, elegância e imponência, sendo inspiração para tantas gerações de mestres-salas do Carnaval. Chiquinho nunca será esquecido, e o mesmo merece todas as homenagens e reverências por sua colaboração à maior manifestação cultural do nosso país. Fica registrada aqui a nossa gratidão e os sentimentos aos familiares, amigos e fãs. Descanse em paz", diz a nota.
Filho de Maria Helena
Chiquinho é filho de Maria Helena Rodrigues, eterna porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense. Desfilando juntos, eles foram campeões pela escola de Ramos em seis oportunidades: 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001.
O mestre-sala, figura histórica do Carnaval carioca, atuou pela agremiação por 25 anos. Depois de sair da Verde e Branco, ele ainda desfilou pela Alegria da Zona Sul em 2006 e 2007. Posteriormente, voltou a sair na Imperatriz como Destaque.
Maria Helena morreu em março de 2022, aos 76 anos, devido a complicações causadas pelo diabetes. Naquele ano, ela chegou a participar do último ensaio técnico da escola para o desfile. A histórica porta-bandeira nasceu em 1945, na cidade de São João do Nepomuceno, em Minas Gerais, e veio para o Rio de Janeiro nos anos 60 em busca de uma vida melhor.
Mundo do Carnaval se despede
Chiquinho era uma pessoa querida pela sua personalidade e por sua história no Carnaval carioca. A Portela usou as suas redes sociais para lamentar a perda do mestre-sala.
"José Francisco, mais conhecido como Chiquinho, foi um dos mais icônicos mestres-salas da história do Carnaval carioca, defendendo o pavilhão da Imperatriz Leopoldinense ao lado de sua mãe Maria Helena por várias décadas, se tornado uma figura central na evolução do quesito e no sucesso da coirmã Rainha de Ramos. Descanse em paz", diz o texto.
Laryssa Victoria, porta-bandeiras da Arranco do Engenho de Dentro, desfilou, por uma noite, com Chiquinho e relembrou os momentos que teve com o mestre-sala.
"Desde quando decidi virar porta-bandeiras, Chiquinho e Maria Helena fizeram presente, aulas, conselhos e até presença na minha posse como 1ª porta-bandeiras do Boca de Siri, que honra. Em 2024, tive a honra de por uma noite, um desfile, ser sua porta-bandeiras e a última que cruzou a Sapucaí ao seu lado, que sonho! Mestre, é doloroso se despedir de alguém que fez tanta história, que foi tão importante pra nossa arte e para o Carnaval. Obrigada por tudo", escreveu.
Fãs também se despediram do baluarte. "Ele fez parte das minhas lembranças do tempo de criança, pois por causa dos meus pais, a Imperatriz era o meu 'parque de diversões'. E nessa época, eu ficava encantado ao vê-lo bailar, mais do que um bailarino, e sim uma pluma, pois parecia levitar na quadra principalmente quando ele fazia aquele passo imitando andar em câmera lenta. Nunca será esquecido", contou um internauta.
"Um dos maiores mestres-salas que vi dançar. Descanse em paz meu amigo e muito obrigado por ter proporcionado tanta alegria na Sapucaí e em todos os lugares por onde passava. Como não lembrar do bailado em câmera lenta que eternizou ao lado da sua querida mãe, que hoje te receberá no céu para que continuem brilhando na imensidão", comentou outro.