Agentes cumprem mandados em endereço de Copacabana, na Zona SulPedro Teixeira/Agência O Dia

Rio - Alvo de uma operação da Polícia Civil, nesta terça-feira (22), o 'Povo de Israel' surgiu há 20 anos nos presídios do Rio de Janeiro. A facção criminosa é investigada por aplicar o golpe do falso sequestro de dentro de presídios, além de tráfico de drogas, e movimentou cerca de R$ 70 milhões em dois anos, lavados por meio de laranjas e empresas de fachada. 
Segundo a Delegacia Antissequestro (DAS), que realiza a ação desta terça-feira, a facção surgiu no ano de 2004, após a separação de criminosos, por conta de desavenças em uma rebelião. A organização criminosa, atualmente, conta com cerca de 18 mil presos e já ocupa 13 unidades prisionais - chamadas pelos detentos de aldeias. O número representa 42% do efetivo prisional e a base da quadrilha é o Presídio Nelson Hungria (Bangu 7), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.
A facção vem sendo alvo de investigações há dez meses que, segundo a especializada, são importantes por "mirar no poderio econômico dos criminosos, que segundo constatado, já pretendem conquistar território fora das penitenciárias". Estão na mira da operação os líderes da organização criminosa Avelino Gonçalves, o Alvinho; Jailson Barbosa, o Nem; Marcelo Oliveira, o Tomate; e Ricardo Martins, o Da Lua; além de cinco policiais penais. 
O golpe do falso sequestro é aplicado pela facção ocorre em três partes, sendo a primeira delas pelos chamados "empresários", que conseguem os celulares usados dentro da prisão; seguidos pelos "ladrões", responsáveis por fazer ligações para as vítimas, imitando as vozes de pessoas que estariam sob poder dos bandidos; e, por fim, os "laranjas", comparsas de fora da cadeia que recebem o dinheiro do crime. Cada um deles fica com 30% do valor obtido e o restante vai para o grupo. A quadrilha já usou 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas para movimentar os valores obtidos com os crimes.
Operação 13 Aldeias 
A Operação 13 Aldeias cumpre 44 mandados de busca e apreensão, além de bloqueios de contas correntes e bens de 84 investigados e o afastamento de cinco policiais penais. Os agentes estão em endereços de Copacabana e Irajá, nas Zona Sul e Norte do Rio; São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana; Rio das Ostras e Búzios, na Região dos Lagos; e São João da Barra, no Norte Fluminense; além de em Apiacás, no Espírito Santo.
A ação teve apoio da Subsecretaria de Inteligência e Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que atuou nos presídios onde estão as lideranças da facção. Os policiais penais Anderson Vieira de Souza, Bruno Henrique Rodrigues Baldi, Fábio Ferraz Sodré, João Paulo de Souza Nascimento e Plínio Brum Almada foram afastados dos cargos, após as investigações apontarem que transações financeiras foram feitas diretamente para eles.
Em nota, a Seap informou que tem intensificado o combate às atividades criminosas no interior do sistema prisional "por meio do recrudescimento das ações para impedir a entrada e remover das unidades prisionais aparelhos celulares e drogas, seja através de operações de Inteligência para desarticular a atuação dessas quadrilhas". Entre os policiais penais investigados pela DAS, a pasta disse que dois deles estão respondendo a processos administrativos da Corregedoria e um deles já está preso.

"É importante destacar que, além do monitoramento, a Seap tem intensificado as ações de combate da atuação desse grupo, que teve como resultado, nos últimos dois anos, na apreensão de 6.921 celulares nas 13 unidades de atuação do Povo de Israel. Também vale ressaltar que a Seap também reforçou o combate à ação de servidores da secretaria envolvidos em atividades ilícitas, tendo detido, entre 2022 e 2024, 50 policiais penais, o que resultou em 13 demissões", disse a Seap, que anunciou licitação para a compra de bloqueadores de celulares para unidades do Complexo Penitenciário de Gericinó.