Domingos Brazão chorouReprodução

Rio - Acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, Domingos Brazão foi interrogado pelo segundo dia consecutivo no Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta quarta-feira (23). Na audiência, Brazão disse que participou de encontros com o miliciano Marcus Vinícius Reis dos Santos, vulgo 'Fininho', em Rio das Pedras, na Zona Oeste. O integrante da milícia do bairro atualmente está preso após uma operação do Ministério Público do Rio (MPRJ).
O interrogatório recomeçou no início da tarde desta quarta-feira. Neste primeiro momento, o desembargador Airton Vieira, responsável por conduzir a sessão, faz perguntas, em seguida, é a vez do promotor Olavo Pezzotti, representante da Procuradoria Geral da República. Os assistentes de acusação que representam as famílias da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson, também terão a chance de fazer perguntas. Por fim, será a vez dos advogados dos outros quatro réus no processo.
No primeiro dia de interrogatório, o conselheiro do TCE-RJ disse que preferia ter morrido no lugar da parlamentar do que viver na prisão. Também afirmou que nunca viu Lessa pessoalmente, apenas pela televisão quando o mesmo foi preso. Além disso, o homem destacou que também nunca esteve com Marielle nem com Anderson.
PM também será interrogado
Robson Calixto da Fonseca, policial militar e ex-assessor do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Domingos Brazão, será o próximo a ser interrogado no STF, nesta quinta-feira (24). Ele será o terceiro réu a responder às perguntas sobre o caso da morte de Marielle Franco nessa fase processual.
Apelidado como 'Peixe', o ex-assessor foi preso em abril deste ano durante uma ação da Polícia Federal para prender envolvidos na morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Ele responde por integrar organização criminosa com os irmãos Brazão.
Além de Robson, outras duas pessoas ainda são aguardadas para depor nos próximos dois dias. Na quinta-feira (24), o STF vai interrogar o delegado Rivaldo Barbosa. Já na sexta (25), o Major Ronald Paulo de Alves Paula, acusado de monitorar as atividades de Marielle, será ouvido.
O interrogatório faz parte do processo que julga os cinco réus pelo assassinato de Marielle e de Anderson, ocorrido em março de 2018. Os acusados já tinham prestado depoimento depois das prisões e apresentado suas defesas após as denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR). Após essa fase processual, os advogados dos réus e a acusação terão cinco dias para avaliar a necessidade de novas investigações. Se isso não acontecer, o processo entra na fase das alegações finais.
Irmãos Brazão foram interrogados
O deputado federal Chiquinho Brazão, primeiro réu a ser interrogado no processo sobre o assassinato de Marielle e Anderson, disse nesta segunda-feira (21) que tinha uma boa relação com a vereadora e que ela possuía um futuro brilhante. O parlamentar é acusado de ser um dos mandantes do crime, assim como o seu irmão, Domingos. Chiquinho respondeu às perguntas por meio de videoconferência.
Ao ser questionado sobre Marielle, o deputado garantiu que tinha uma boa relação com a vereadora, sendo ela definida como uma pessoa amável. Chiquinho ainda disse que o assassinato foi uma "maldade".
"Foi maldade o que fizeram. Marielle tinha um futuro brilhante sem dúvida nenhuma. Sempre foi minha amiga. Era uma vereadora muito amável. A gente tinha uma boa relação. Ela sempre foi muito respeitosa e carinhosa", comentou.
Durante o depoimento, prestado ao juiz Airton Vieira, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, o parlamentar chorou ao falar sobre seus familiares e afirmou que nunca teve contato com o ex-policial militar Ronnie Lessa, que o apontou como mandante do crime e revelou que teve reuniões com os irmãos Brazão sobre o caso. De acordo com ele, Lessa estaria protegendo alguém.
Domingos Brazão iniciou seu depoimento logo depois do irmão. Nesta terça, o parlamentar disse que não seguia com denúncias contra grupos criminosos enquanto era vereador do Rio. Chiquinho relembrou que participou de comissões da Câmara de Vereadores, onde teve quatro mandatos, mas não tinha interesse em receber acusações contra facções e casos de polícia.
"Caso de polícia eu nunca tratei. Nunca me interessei. A Marielle também corria desses assuntos. Tenho família que frequenta Jacarepaguá. Não quero saber o que é milícia ou o que é tráfico. Sempre disse que casos de polícia é com a polícia", disse.