O traficante Marcelo Piloto foi expulso do Paraguai após cometer o crimeDivulgação
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, o homicídio foi praticado por meio cruel e motivo fútil, uma vez que a intenção do denunciado era inviabilizar sua extradição para o Brasil, pois acreditava que, enquanto estivesse sendo processado no Paraguai, não responderia pelos crimes cometidos em território brasileiro. No entanto, logo após a morte de Lídia, o presidente da época, Mário Abdo Benitez, o expulsou do país.
Na ocasião, o brasileiro teria usado uma faca de cozinha e atingido a vítima por diversas vezes no pescoço, barriga e costas. "A enorme quantidade de perfurações causou intenso sofrimento à vítima, tendo transfixado o pulmão esquerdo e o rim direito, gerando assim intensa hemorragia, o que a fez definhar até que a quantidade de sangue em seu corpo atingisse níveis insuficientes para sustentar-lhe a vida, dando causa assim ao choque hipovolêmico que a levou à morte", diz um trecho da denúncia.
Ainda segundo o MPF, os requintes de crueldade incluíram o fato de Piloto ter deixado a faca cravada no pescoço da jovem, bem como a tentativa de asfixiá-la. "Embora a asfixia não tenha sido a causa da morte de Lídia, o auto de exame Cadavérico descreve lesões nas paredes dos alvéolos pulmonares, compatíveis com asfixia", afirma outra parte do documento.
Investigações apontam que todo o crime foi planejado. A vítima era garota de programa e foi atacada após relações sexuais com o traficante. "No momento em que se encontrava completamente desprevenida, Marcelo Fernando a atacou, sem que Lídia tivesse qualquer chance de defesa, tanto por não esperar o ataque inopinado, quanto por sua compleição física franzina, incapaz de conter a fúria mortífera de seu algoz".
Em audiência de instrução e julgamento realizada em setembro deste ano, um soldado da Polícia Nacional Paraguaia, disse que foi o primeiro a entrar na cela do réu e ao chegar percebeu que havia uma pessoa no chão ensanguentada e com uma faca encravada no pescoço. Ele contou ainda que constatou que o acusado vestia uma camisa amarela ensanguentada e estava muito nervoso.
Já um oficial inspetor relatou ter escutado Piloto afirmar que havia acabado de matar a vítima, logo após o cometimento do delito.
Em outro depoimento, uma enfermeira da penitenciária contou ter sido a primeira pessoa a prestar os primeiros socorros à Lídia. Ao chegar na cela, ela encontrou a jovem caída ensanguentada
e ao perguntar ao réu porque havia feito aquilo, ele respondeu: "tranquilo Doutora, já aconteceu".
Durante a sessão, o acusado permaneceu em silêncio.
Saiba mais sobre o traficante
Piloto era homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar (preso em penitenciária federal desde 2006), tendo recebido todos os contatos de fornecedores de armas de Marcelinho Niterói, morto por agentes da Polícia Federal na Maré, em 2011. Integrante da facção Comando Vermelho (CV) era atuava na favela de Manguinhos, na Zona Norte.
Na ficha criminal do traficante, há também participações em ações violentas, como arrastões e ataques a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), além de resgate de presos.
Segundo o Portal dos Procurados, Piloto, também conhecido como Celo, foi preso pela primeira vez em 1998. Em 2007, seis dias após ganhar da Justiça o benefício do regime semiaberto, ele fugiu do Instituto Penal Edgard Costa, em Niterói, na Região Metropolitana. Contra ele, havia ao menos 20 mandados de prisão.
Piloto faz parte do grupo de dez traficantes, acusados de participar do resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, de 29 anos, da 25ª DP (Engenho Novo), no dia 3 de julho de 2012.
Dentre suas áreas de atuação também estão Inhaúma, Ramos, Penha, Bonsucesso, Pilares e Benfica. O traficante costumava ainda promover bailes funk nas comunidades, impulsionados pela venda de drogas, e circular com carros roubados.
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