Anfitrião do U20, prefeito Eduardo Paes discursou para líderes de 87 cidades do mundo na abertura do eventoReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Os eventos do G20 tiveram início nesta quarta-feira (14), com a abertura do U20 Rio Summit, que reúne 87 prefeitos e delegações de mais de 100 cidades ao redor do mundo, no Armazém da Utopia, na Praça Mauá, Zona Portuária. Durante a cerimônia de abertura, o anfitrião, prefeito Eduardo Paes, reforçou a importância do papel dos municípios em temas como mudanças climáticas, combate à pobreza, fome e desigualdade social.
"O tempo de agir é agora, se olharmos nossos o calendário e relógios estamos atrasados. Ano de 2024 é o mais quente, segundo cientistas. Temos pouco mais de cinco anos e meio para alinharmos o atraso. Cronologicamente estamos ficando para trás, ainda assim, aqui estamos em um momento de transformação e ação: Luta contra mudanças climáticas, pobreza, fome e desigualdades. Os centros urbanos são responsáveis por 80% das emissões de carbono", explicou.

O prefeito reforçou ainda que o U20 e o G20 no Rio fazem parte de um momento histórico. "As cidades têm capacidade de garantir serviços públicos essenciais, como transporte, moradia digna, saúde e educação. Hoje, 7% dos recursos necessários chegam até as cidades, isso não vai se alterar sem que os países façam uma reforma na arquitetura global. Mas, sobretudo, queremos fazer nossos anseios e esforços por um mundo mais justo e sustentável. Já é tempo de agirmos", frisou.
Na abertura, houve uma roda de samba da Resenha dos Sambistas do Rio. Participaram prefeitos de Paris, Barcelona, Milão, Amsterdam, Istambul, Helsinki, Phoenix, Montreal, Freetown, Joanesburgo, Medelín e Montevidéu, entre outros, e vice-prefeitos e conselheiros de cidades como Londres, Nova York, Buenos Aires e Singapura. O evento ocorre no dia em que Eduardo Paes completa 55 anos e ele foi parabenizado por todas as autoridades presentes.
Também discursam o ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo; o secretário de Relações Internacionais de São Paulo, Ricardo Gomyde; o fundador da Bloomberg Philathropies, Michael Bloomberg, por vídeo; o diretor executivo da C40, Mark Watts; a secretaria Geral da United Cities and Local Governments (CGLU), Emilia Saiz; a diretora-executiva da ONU-Habitat e Subsecretária Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ana Cláudia Rossbach; e o ministro das Cidades, Jader Filho. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também participa do evento. 
Para a secretária -geral da CGLU, Emília Saiz, é necessário mudar as prioridades e focar em investimento para um mundo melhor.
"Estamos aqui trazendo boas notícias, essa é uma localização muito especial para ter essa cúpula social e isso faz parte da maturidade de expandir nossas alianças. Há muitas coisas que precisam mudar, há coisas que não podemos mudar, mas que podemos fazer, como inclusão social, combate à fome e à pobreza. Estamos aqui prontos a nos comprometer para que alavanquem os objetivos sustentáveis. Então é muito importante que nós estejamos comprometidos com essas pautas, mas precisamos fazer isso junto com a sociedade. A energia do RJ é algo difícil de encontrar, mas se juntar os cariocas com paulistas temos a mágica aí”, comentou.

Já a diretora-executiva da ONU-Habitat e subsecretária-geral da ONU, Ana Cláudia Rossbach, citou crises climáticas e questões humanitárias em sua fala. "Temos 300 milhões de pessoas em situação de rua, um tema importante e grave, e um bilhão morando em assentamentos informais, o que é um número robusto. Temos também brechas históricas entre preços das moradias e salários, além de pessoas afetadas por desastres, que estão perdendo suas casas em guerras e conflitos. Precisamos entender como as cidades podem se organizar em infraestrutura física e social para gente poder avançar na agenda 2030". 

A diretora informou ainda que o U20 visa a necessidade de inovações e identificação de caminhos para política urbana, assim como fortalecer eventos locais, com estruturas participativas. 
Entre outras atividades, o encontro dos prefeitos do G20 vai elaborar um comunicado com propostas das cidades para solucionar problemas sociais, climáticos e de financiamento de projetos municipais. O documento será entregue por Paes e representantes do U20 ao Governo Federal, que passará as demandas aos líderes dos países membros, durante reunião da cúpula, que acontece nas próximas segunda (18) e terça-feira (19), no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, Zona Sul. 
Programação do U20
Entre esta quinta-feira e o próximo domingo (17), o U20 terá uma programação ampla, com painéis organizados por redes de cidades e lideranças municipais, sobre os temas prioritários do G20, abertas ao público que se inscreveu no site previamente. Nesta sexta-feira (15), o palco principal receberá a sessão G20 Favelas, para discutir o papel das favelas como centros de inovação e empreendedorismo, além de debates sobre governança urbana e geração de empregos dignos, por meio da economia social.
Ainda na sexta-feira, às 15h, a Cúpula das Megacidades, convocada pela Associação Mundial das Grandes Metrópoles (Metropolis) e pelas cidades do Rio e Istambul (Turquia), discutirá agenda colaborativa para megacidades. Às 16h30, será lançado o Breathe Cities Rio de Janeiro, uma iniciativa do Clean Air Fund, C40 e Bloomberg Philanthropies, para combater a poluição do ar na capital fluminense. 

No sábado (16), o palco principal vai destacar a sessão Inteligência Artificial para o Bem Social, e a C40 Cities debate o financiamento da ação climática em múltiplos níveis. Às 12h, haverá lançamento do Pacto Social Local pela UCLG, focado na coesão social e inclusão. No último dia, ocorre a reunião de cúpula dos prefeitos, que será fechada para o público. Na ocasião, será entregue ao presidente Lula, o documento do U20 consolidando os compromissos discutidos, no Museu do Amanhã, também na Praça Mauá. 
G20
Com significado de 'Grupo dos Vinte', o G20 reúne os países com as maiores economias do mundo. Os Estados-membros se encontram anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais, e se definem como o principal fórum de cooperação econômica internacional. Embora os líderes do grupo se encontrem diversas vezes, uma vez ao ano acontece a Cúpula do G20, reunião mais importante e que conta com presidências rotativas anuais. De 1º de dezembro de 2023 até 30 de novembro de 2024, o Brasil exerce a presidência. 
Ao todo, 19 nações compõem o G20: Brasil, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Estados Unidos, França, índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Coreia do Sul, Rússia e Turquia, além da União Africana e da União Europeia. Os membros representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
Nos dias 18 e 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o anfitrião da cúpula que reunirá os líderes do G20. Até o momento, o único presidente que não deve vir ao Brasil é Vladmir Putin, da Rússia. Entre os confirmados estão Joe Biden, dos Estados Unidos, Xi Jinping, da China, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Claudia Sheinbaum, do México, e Prabowo Subianto, da Indonésia.
Ainda devem vir ao Brasil líderes da Arábia Saudita; Javier Milei, presidente da Argentina; Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália; Justin Trudeau, presidente do Canadá; Yoon Suk-yeol, presidente da Coreia do Sul; Emmanuel Macron, presidente da França; Recep Erdoan, presidente da Turquia; Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha; Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália; Prabowo Subianto, presidente da Indonésia; Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia; Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão, Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido; e Recep Tayyip Erdoan, presidente da Turquia.