Delegacia de Crimes Raciais e Intolerância Religiosa (Decradi)Renan Areias / Agência O Dia
Governo lança painel interativo de monitoramento de crimes de preconceito
Dados do ISP apontam que o mês de junho teve o maior número de registro de injúria por preconceito desde que os dados passaram a ser analisados
Rio - No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), o Governo do Rio apresentou o painel interativo Discriminação, ferramenta que reúne dados sobre crimes de preconceito registrados no estado. O quadro do Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta que o mês de junho teve o maior número de casos de injúria por preconceito registrados desde que os dados passaram a ser compilados, em janeiro de 2018. Ao todo, foram 209 ocorrências.
No primeiro semestre deste ano, 1.719 pessoas procuraram delegacias para denunciar algum tipo de crime relacionado à intolerância, o que representa uma média de nove vítimas por dia. Um dado que se destaca é a quantidade de crimes de intolerância cometidos no ambiente virtual: 46 ocorrências em seis meses.
Dentre os crimes analisados, a maioria das vítimas sofreu injúria por preconceito (1.106); seguida por preconceito de raça, cor, religião, etnia ou nacionalidade (436). Outros números incluem intolerância e/ou injúria racial, de cor e/ou etnia (60); praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão da sua deficiência (41); intolerância por orientação sexual e intolerância religiosa, os dois com 18 vítimas cada.
"Há 25 anos, o ISP se dedica à transparência e divulgação de estatísticas de segurança pública, oferecendo subsídios fundamentais para a criação de políticas públicas. O painel Discriminação, agora integrado ao ISPConecta, amplia ainda mais esse compromisso ao detalhar informações por raça, etnia, orientação sexual, deficiência e religião. É uma contribuição relevante para o diálogo e a conscientização social", destacou Leonardo Vale, vice-presidente do ISP.
A análise do perfil das vítimas aponta a predominância de mulheres negras, entre 30 e 59 anos. Nos registros de injúria por preconceito, o local mais comum de ocorrência é a via pública. Já nos de preconceito por raça e cor, estudantes negros também estão entre os mais afetados, com maior concentração de casos em ambientes residenciais.
O lançamento do painel ocorre no dia seguinte à reunião da Cúpula do G20 no Rio. O ISP pontua que a iniciativa, alinhada às discussões do G20 Social, reforça a importância de formular políticas públicas inclusivas, baseadas em evidências.
A Polícia Civil tem uma unidade especializada de atendimento às vítimas de racismo, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), localizada no Centro, com profissionais orientados a fazer o acolhimento ao cidadão. Outra iniciativa do Governo do Estado é a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, responsável por desenvolver políticas públicas para auxiliar no combate e conscientização sobre os crimes resultantes de discriminação ou preconceito.
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