Equipe méidca do HMAPN vai avaliar C. M. A. da R, 11, nas próximas 48 horas para decidir sobre amputaçãoArquivo / Pedro Teixeira / Agência O Dia

Rio - O menino de 11 anos baleado na perna esquerda, nesta quinta-feira (21), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, pode sofrer uma amputação, segundo familiares. C. M. A. da R. jogava bola com amigos em um campo de futebol, no Parque Eldorado, quando foi atingido. Ele precisou passar por uma cirurgia no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) e permanece internado, com quadro estável, nesta sexta-feira (22). Parentes da criança afirmam que os disparos partiram de policiais militares.

De acordo com o pai do menino, Luciano da Rocha, o filho relatou que não havia indícios de tiroteio na região e que policiais saíram de uma área de mata, já atirando. Assustada, a criança correu na direção de casa, mas acabou sendo atingida pelos militares. Ele conta que o filho costuma jogar bola com os amigos todos os dias no campo de futebol e nunca havia presenciado nenhuma ação violenta no local. "Foi tudo de repente. O C. falou que eles já saíram de dentro do mato atirando. Ele tentou correr para casa, quando viu que tinham dado um tiro nele e caiu", contou o pai.

Segundo Polícia Militar, na tarde de quinta-feira, equipes do 15º BPM (Duque de Caxias) viram um veículo suspeito, no bairro Pilar, e os ocupantes atiraram nos policiais, provocando um confronto. Na ação, um suspeito ficou ferido e foi socorrido ao HMAPN, mas não resistiu aos ferimentos. A corporação informou ainda que, após a troca de tiros, os militares localizaram e socorreram uma criança de 11 anos para o mesmo hospital. Segundo a Secretaria Municipal de Duque de Caxias, o menino deu entrada às 20h11, baleado na perna esquerda, com exposição óssea e muscular extensa e perda tecidual importante.
C. passou por um procedimento cirúrgico com as equipes de Ortopedia e Cirurgia Vascular, sem intercorrências e, nesta sexta-feira, permanece internado na emergência pediátrica do hospital e em acompanhamento pela equipe multidisciplinar, com quadro hemodinamicamente estável. Segundo o pai, a equipe médica disse que vai observar como a criança reage ao tratamento nas próximas 48 horas, para confirmar se ele vai passar ou não pela amputação. 

"Graças a Deus ele está se recuperando, está em estado estável. Agora, vamos orar para dar tudo certo, para o meu filho voltar para casa com as duas pernas", afirmou Luciano. O pai da vítima revelou que o menino quer ser goleiro profissional e teme que o filho não consiga realizar o sonho. "Ele está triste, muito triste. A gente está botando ele para cima, falando que um dia ele vai voltar (a jogar). A gente sabe que é uma coisa difícil, mas a gente não pode deixar ele assim. Todas as crianças têm um sonho, a gente já foi criança um dia, sabe o que é um sonho. O sonho do garoto foi, assim do nada, jogado para o alto". 

O pai da vítima ainda disse que, até o momento, não foi procurado ou recebeu qualquer apoio da corporação ou do Estado. Luciano pediu por justiça, para que outras crianças não sofram com a violência. "Do jeito que foi meu filho, pode ser outra criança daqui uma semana, daqui um dia. É muito violência", desabafou. A PM informou que um procedimento apuratório será instaurado para analisar as circunstâncias da ocorrência. 
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 60ª DP (Campos Elísios) e que os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos e as armas apreendidas para a perícia. "Diligências estão sendo realizadas para identificar a origem do disparo que atingiu o garoto", disse a instituição. A investigação está em andamento.
*Colaborou Renan Areias