Operação policial no Complexo da Penha, nesta terça-feira (03).Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - O secretário estadual Victor Santos, responsável pela Segurança Pública, afirmou que a operação realizada no Complexo da Penha, na Zona Norte, é a primeira de diversas incursões que acontecerão em áreas controladas por organizações criminosas. A informação foi dada em uma entrevista coletiva na Cidade de Polícia, em Benfica, na tarde desta terça-feira (3).
"Hoje (terça), a gente começa uma das operações dentre outras várias que vão haver no Rio de Janeiro. Não vai haver local no Rio de Janeiro onde a ação da segurança pública não vai estar", disse o secretário.
Victor contou ainda que as ações terão o objetivo de impedir que traficantes e milicianos atuem como "agências reguladoras" de crimes contra o patrimônio no Rio.
"É a primeira de muitas ações que vão ser realizadas. E com um único objetivo. Hoje, o tráfico de drogas, a milícia e todas essas organizações criminosas que dominam essas localidades viraram verdadeiras agências reguladoras de crimes contra o patrimônio no Rio de Janeiro. Seja roubo de celular, roubo de veículos, roubo de carga... Obviamente as forças de segurança não vão admitir que isso aconteça", explicou.
Nesta terça-feira, a Polícia Civil prendeu 13 suspeitos e apreenderam 23 veículos o Complexo da Penha. Durante a ação, seis pessoas ficaram feridas e um suspeito morreu. Ao todo, 900 agentes atuaram na região, com apoio de quatro aeronaves. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ouvir muitos disparos e ver uma coluna de fumaça que se formou na região, depois que criminosos atearam fogo em barricadas em diversos pontos da comunidade.
Ainda na coletiva, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que o Comando Vermelho é um dos principais responsáveis pelos crimes contra o patrimônio no Rio e utiliza dos roubos para financiar a organização criminosa. Além disso, explicou que as lideranças do tráfico de drogas no Complexo da Penha planejam e ordenam os confrontos armados com objetivo de expandir o controle territorial do CV.
Apreensões
Cerca de 900 agentes cumpriram 114 mandados de busca e apreensão, oriundos de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, em endereços de diferentes alvos ligados à facção criminosa que atua na região. Mais de 1 tonelada de drogas apreendida, uma central de crimes financeiros e um local de refino de droga também foram estourados. Houve apreensão de peças de fuzis desmontados, carregadores, roupas táticas, celulares e anotações do tráfico. 
Alvos da operação
Entre os alvos da megaoperação, estavam Edgar Alves de Andrade, o 'Doca' ou 'Urso', de 54 anos, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o 'BMW'. Eles são considerados traficantes do alto escalão no Comando Vermelho. A dupla segue foragida.
Um dos criminosos mais procurados do Rio, Doca, que batizou a sua quadrilha como 'Tropa do Urso', possui 24 mandados de prisão em aberto. Velho conhecido da segurança pública do Rio, Edgar está à frente, segundo as investigações da Civil, de dezenas de invasões sangrentas em comunidades do estado nos últimos três anos. 
Doca também possui um mandado de prisão pelo desaparecimento de três meninos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em 2021. No inquérito, uma testemunha afirmou que ouviu de Wille de Castro, o Stala, um dos executores, dizer que tinha permissão de Doca para cometer o crime. Stala foi morto pelas mãos do próprio Doca, após o caso ganhar repercussão nacional. Ele também teria torturado e assassinado outros envolvidos no crime.
Doca e Juan Breno Malta, o BMW, também aparecem nas investigações do caso dos médicos executados na Barra da Tijuca, em outubro de 2023. Eles teriam ordenado a morte dos criminosos que mataram por engano os médicos. Os corpos dos suspeitos foram abandonados dentro de um carro na Zona Oeste do Rio.