Orlando Miranda foi um dos maiores nomes do teatro brasileiro Reprodução / Funarte

Rio – Um dos maiores nomes do teatro brasileiro, o empresário, produtor e ator Orlando Miranda morreu, na manhã desta segunda-feira (9), aos 91 anos. O fundador do Teatro Princesa Isabel, localizado no Leme, na Zona Sul, que tratava uma pneumonia, faleceu em sua casa, em Copacabana, também na Zona Sul, de forma serena.
Ao DIA, Isabel Miranda, filha única de Orlando, explicou que, apesar da tristeza da partida, este é um momento para celebrar a vida de Orlando. "Ele teve uma pneumonia e a gente estava tratando em casa com todo o amor e carinho, ele partiu dormindo na paz de Cristo, muito sereno. Montei um mini hospital em casa. Está aqui, cercado de grandes amigos e familiares, tudo com muita paz e serenidade", contou.
"O momento é de celebração. Ele era um grande homem na cultura, um divisor de água no país. Ele foi o homem que deu sustentação às artes cênicas brasileiras durante a Ditadura Militar. Era ele que, nos anos de chumbo, ia negociar com os militares e salvava todo mundo. Ele teve um privilégio que poucos tiveram, do jeito que partiu, em casa, com toda a serenidade do mundo", disse. 
O velório de Orlando Miranda está marcado para acontecer a partir das 10h, desta quarta-feira (11), na capela 1 do Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Central do Rio. Após a cerimônia, o corpo do produtor cultural será cremado. 
Nascido no Rio de Janeiro em 1933, Orlando Miranda de Carvalho se formou pela Escola de Teatro Martins Pena em 1959. Em 1963, ao lado de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga, fundou o Teatro Princesa Isabel, localizado na Avenida Princesa Isabel, 186, no Leme, Zona Sul. 
Palco de grandes sucessos, o espaço recebeu os primeiros shows de Bossa Nova e inúmeros espetáculos ao longo de sua existência. “Roda Viva”, “Trair e coçar é só começar” e “Um grito parado no ar”, foram alguns dos que passaram por seu palco.
Artistas como Procópio Ferreira, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Gracindo, Jô Soares, Jorge Dória, Dercy Gonçalves e Marília Pêra fazem parte da história do lugar, que também serviu como auditório para assembleias onde eram discutidas as necessidades e anseios da classe artística.
Entre os anos de 1974 e 1981, Orlando Miranda foi Diretor do Serviço Nacional de Teatro – SNT. De 1981 a 1985, presidiu o Instituto Nacional de Artes Cênicas – INACEN. Essas instituições eram responsáveis por elaborar e executar as políticas públicas do Governo Federal para o desenvolvimento das Artes Cênicas no país. 
Em 1982, durante a gestão no INACEN, Orlando idealizou e fundou a Escola Nacional de Circo da Funarte, referência internacional no ensino da arte circense, ao lado de Luiz Franco Olimecha. Desde 1988, era presidente da Escolinha de Arte do Brasil, fundada por Augusto Rodrigues. 
Na Ditadura Militar (1964-1985), Orlando foi um grande defensor das artes cênicas brasileiras. Ele criou programas e ações significativas para o seu desenvolvimento e foi um dos grandes atuantes no combate à censura.