Maioria das vítimas foi alvo de agressores dentro da própria casa Freepik

Rio - A 19ª edição do Dossiê da Mulher, divulgada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, nesta terça-feira (10), revelou que 83% dos casos de feminicídio foram motivados por insatisfação com o término de relacionamento, ciúmes ou suspeita de traição. O levantamento do órgão de análise de dados, que é uma autarquia do Governo do Estado, avalia os crimes registrados em 2023.

Segundo o dossiê, o número de casos de feminicídio no ano é de 99, inferior ao registrado pela polícia em 2022, quando 111 mulheres perderam a vida assassinadas por seus companheiros.

Em mais de um terço do casos registrados em 2023, os autores usaram arma branca, como faca para cometer o crime. A arma de fogo aparece na sequência, sendo o local de maior incidência do crime contra as mulheres a própria residência (85%). O levantamento aponta ainda que quase metade das vítimas tinham entre 30 e 59 anos e 62% eram negras.

Um dos participantes da divulgação do dossiê, o governador Cláudio Castro falou em "enfrentamento ao feminicídio e proteção integral da mulher". De acordo com Castro, as ações são prioridade no governo, especialmente pela Secretaria da Mulher.

"O lançamento do Dossiê Mulher reafirma o nosso compromisso de incentivar ações de proteção, acolhimento e atendimento de todas as mulheres, especialmente das que são vítimas dessa grave violência", disse o governador.

Outro dado revelado pelo dossiê sobre as mortes de mulheres é que 80% dos crimes são praticados por companheiros e ex-companheiros. Ainda em relação aos autores, 57% já tinha antecedentes criminais, sendo mais de dois terços por crimes de violência doméstica, e 21 eram usuários de drogas e de álcool.

Das 99 vítimas registradas em 2023, 67 eram mães, 40 desses filhos eram menores de idade e 15 deles presenciaram o feminicídio. Ainda segundo o levantamento, mais da metade dessas mulheres já havia sofrido algum tipo de violência doméstica, mas não registrou queixa contra o agressor.

"A 19ª edição vem com análises novas, fruto da dedicação e do amadurecimento intelectual de pesquisadoras e policiais em sistematizar e traduzir, de forma cada vez mais rica, os números oficiais da segurança pública", afirmou Marcela Ortiz, presidente do ISP.

Aumento da violência psicológica

Em 2023, a violência psicológica superou as demais sofridas pelas mulheres. Foram 36% dos casos de crimes cometidos contra as vítimas, correspondendo a um total de 51.019 registro, o que representa uma média diária de 140 casos no estado. O dado indica um aumento de 17% em relação ao ano de 2022.

O levantamento geral de violência contra a mulher, considerando física, moral, patrimonial, psicológica, sexual e descumprimento de medida protetiva de urgência indicou um aumento de 12% de casos no ano passado, ante o ano anterior. Ao todo, foram 145.347 vítimas.
Regiões com maior índice
Dentre os casos de violência sexual, o estupro foi o crime com o maior número de vítimas mulheres, foram 4.759, seguido pela importunação sexual, com 2.227 vítimas, e assédio sexual, com 298. A Região Metropolitana concentrou 71% dessas vítimas, seguida pelas Baixadas Litorâneas, com 7%.
Apesar do índice elevado, houve uma redução de 3% em comparação com o ano anterior. O dossiê revela ainda que as vítimas de estupro e estupro de vulnerável levaram para denunciar seus agressores, com 59% registrando o crime em até uma semana após o ocorrido, e 83% em até um ano.