Vem chegando o verão e com ele vários cuidados que as pessoas devem ter para que não haja problemas, principalmente o câncer de pele. Pensando nisso a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou o Dezembro Laranja, uma campanha para conscientizar a população sobre a prevenção do câncer de pele, com muita incidência no Brasil. A campanha visa estimular a prevenção e o autocuidado.
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Com o aumento da exposição ao sol nos dias mais quentes do ano, é fundamental que as pessoas estejam atentas às alterações em sua pele, especialmente em relação a pintas e manchas. O dermatologista Cristiano Kakihara, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, destaca a importância do mapeamento corporal para diagnosticar a doença de maneira precoce.
"O mapeamento é uma ferramenta essencial para a detecção precoce de alterações na pele. Ele permite monitorar o aparecimento de novas lesões e a evolução das já existentes", afirma Kakihara. A realização do mapeamento corporal deve ser feita por um profissional qualificado, que pode identificar características que podem ser indicativas de risco. "É importante que as pessoas realizem esse acompanhamento regularmente, especialmente aquelas com histórico familiar de câncer de pele ou que apresentem muitas pintas", ressalta o dermatologista.
Além do mapeamento, Kakihara orienta sobre a proteção solar. "O uso de protetor solar deve ser uma rotina diária, independentemente da estação do ano. Isso, aliado ao uso de roupas adequadas e à evitação da exposição solar nos horários de pico, contribui para a prevenção". O profissional compartilha ainda orientações sobre o cuidado da pele com melasma durante o verão. Segundo Kakihara, a higienização da pele é um passo fundamental. "Não adianta usar um creme clareador se a pele não está bem higienizada. É importante manter o uso de sabonetes, soluções micelares ou soluções tônicas", afirma.
O uso de protetor solar também é uma prioridade, segundo o especialista. "Recomendo o uso de protetor solar de duas a três vezes por dia, pois a proteção solar dura de duas a três horas. Aplicar apenas pela manhã não é suficiente". destaca. Kakihara menciona a importância de cremes clareadores, que têm a função de tratar os pigmentos nas camadas mais superficiais da pele. "Esses produtos são essenciais no tratamento do melasma", explica.
Em seu consultório, o dermatologista sugere procedimentos como lasers de picos segundos ou lasers fracionados não ablativos. "Esses tratamentos quebram os pigmentos em pedaços menores, facilitando sua expulsão pela pele”, afirma.
Também membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a médica Fernanda Sanchez, que tem uma clínica que leva o seu nome na Barra da Tijuca, fala sobre o câncer de pele. "É possível que existem cânceres de pele que não são necessariamente induzidos somente pelo sol, um exemplo é a melanoma que tem um componente genético importante e muitas vezes surgem até em áreas não expostas, em famílias que já tem essa predisposição genética, enquanto outros tipos de câncer têm mais a ver com o sol".
Radiação cumulativa ao longo dos anos
Para a profissional, as pessoas precisam saber que a exposição ao sol pode trazer danos e existem formas de minimizar os problemas."Com relação à exposição solar, a gente tem que ter em mente que toda radiação que se recebe na superfície da pele é cumulativa ao longo da vida. Então, você vai acumulando danos no seu DNA, você pode ter o desenvolvimento de lesões precursoras, pré malignas anos depois", fala ela, acrescentando que a vitamina D é importante, mas existem outros meios sem exposição direta ao sol.
"Então você expor sua pele sem proteção com sol com radiação UVB de alta intensidade, de 10h às 16h, horário que faz a vitamina D, a gente prefere que o paciente se proteja e se for o caso suplemente com a reposição oral. O dia a dia dele com a perna de fora e o braço já é o suficiente para ter vitamina D. Então não justifica a exposição num ambiente no sol de meio-dia", finaliza.
Sem proteção na adolescência
Aos 61 anos, Andréa Amaral conta que está com uma lesão de câncer de pele. "Segundo a dermatologista é um carcinoma baso celular. Eu já tirei outras lesões menores em consultório mas essa, como está maior, vou precisar retirar com cirurgião e será encaminhada para biópsia", diz ela que quando nova não tinha muitos cuidados. "Gostava de pegar sol quando adolescente mas acho que a gravidade maior é que não costumávamos nos proteger. Pelo contrário, a maioria das pessoas naquela época usava misturas e óleos que fritavam a pele. Isso eu não fazia", conclui Andréa.
Doença rara
Paciente oncológica Fabiana Rodrigo se trata no Instituto Nacional do Câncer (INCA) no setor de toque, pele e músculo. "Eu tenho câncer de pele e me trato. Tenho um tio que faleceu dessa doença. Como o meu caso é muito raro, eu fui no setor de pesquisa do Hospital Pedro Ernesto, da Santa Casa e do próprio INCA. Um dermatologista teve dificuldade em detectar o meu caso e houve uma junta médica para fazer minha cirurgia", disse Fabiana.
Mochileiros em ação - Uma marca globalmente reconhecida por sua expertise em cuidados com a pele, a Neutrogena® retorna com seus mochileiros para agitar a temporada de verão e destacar a importância de se proteger do sol. Desde 2023, os mochileiros participam de ações em eventos com o protetor solar corporal da marca, onde quase meia tonelada do produto foi distribuída gratuitamente em vários estados do país, como aconteceu no Rio de Janeiro no início deste mês.
Por meio de uma abordagem interativa, a empresa busca acompanhar e alertar os consumidores sobre a importância de se protegerem do sol, tanto em dias ensolarados quanto em dias nublados, na praia ou na piscina, bem como durante atividades de lazer ao ar livre.
Tratamentos estéticos aumentam
Além dos cuidados médicos, que são imprescindíveis, muitas pessoas também gostam de manter a estética em dia com tratamentos que promovem hidratação profunda, proteção e rejuvenescimento da pele exposta ao sol, calor e maresia. Segundo especialistas, como a farmacêutica Esteta, especialista em Estética e Diretora do Instituto Bolognani, Silmeri Bolognani, os tratamentos mais procurados para esta temporada incluem o uso de ácido hialurônico, peeling de ácido glicólico e lasers de última geração que garantem uma pele mais uniforme e radiante, sem comprometer a rotina de atividades ao ar livre.
Estudos da Sociedade Brasileira de Dermatologia indicam que a busca por procedimentos que oferecem resultados rápidos e sem tempo de recuperação aumentou 35% nas últimas temporadas. Além disso, o uso de antioxidantes descritos e procedimentos de hidratação profunda, como o skinbooster, são essenciais para combater os danos causados pela exposição solar e manter a pele com aparência saudável.
Em entrevista ao jornal O DIA, os dois profissionais, o dermatologista Cristiano Kakihara e a especialista em Estética e Diretora do Instituto Bolognani, Silmeri Bolognani, falam sobre o câncer de pele e os cuidados que devem ser tomados principalmente no verão.
O DIA: Com a chegada do verão, o câncer de pele volta a surgir com mais intensidade. Quais os principais cuidados que as pessoas devem ter?
Cristiano Kakihara: A prevalência e a incidência de câncer de pele vêm aumentando em todo o mundo ao longo dos anos. E para combatê-lo, é necessário o uso de protetor solar com FPS de pelo menos 30. Na prática, recomendamos para quem tem melasma, vitíligo, câncer de pele prévio ou quem faça uso de remédios fotossensibilizantes, o uso de protetor solar com FPS de pelo menos 50. Preferencialmente, na face com tonalizante, porque daí há uma proteção adicional contra a luz visível, e nas áreas extrafaciais, como pescoço, orelhas, mãos e braços, um protetor solar com esses FPS mencionados, sem tonalizante.
Silmeri Bolognani: No verão, os cuidados com a pele se tornam ainda mais essenciais, principalmente para prevenir o câncer de pele, que é o tipo de câncer mais comum no Brasil. Usar um bom protetor solar, adequado ao seu tipo de pele e com FPS de no mínimo 30, de 3 em 3 horas, é essencial para prevenir queimaduras e o envelhecimento precoce, que são fatores de risco para o câncer de pele. A hidratação também é fundamental, tanto a tópica, com cremes/géis, quanto a ingestão de líquidos, como água, suco de frutas e água de coco, para manter a pele saudável e viçosa.
Além disso, é importante fazer uma limpeza suave para remover o excesso de suor e sebo, e investir em uma alimentação rica em antioxidantes, frutas e vegetais, para proteger a pele dos danos solares. Exames regulares de pele são essenciais, principalmente para quem tem histórico familiar de câncer de pele ou possui muitas pintas e sinais. Caso note alterações em manchas, como aumento de tamanho, mudança de cor ou formato, procure um especialista. A detecção precoce é fundamental para o tratamento eficaz do câncer de pele. Evitar a exposição solar nos horários de pico (entre 10h e 16h) e usar a proteção física como chapéus, roupas leves e óculos de sol ajudam a proteger ainda mais. Com esses cuidados, a pele fica mais saudável e radiante durante o verão.
O DIA: Somente o uso de protetores solares impede o câncer de pele? Uma senhora teve no nariz, mas ela nem saía de casa porque tinha quase 90 anos. É comum pessoas que não pegam sol também terem a doença?
Cristiano Kakihara: Somente o uso do protetor solar tópico não é o suficiente para oferecer 100% de prevenção do câncer de pele. Já que existem doenças que causam mutações no DNA da célula, isso por si só já aumenta extraordinariamente o risco do desenvolvimento de câncer de pele. Exemplo, a doença chamada seroderma pigmentoso. Assim, é muito importante as pessoas usarem protetor solar tópico, roupas cujas fibras ofereçam uma proteção solar equivalente a FPS 50, como chapéus, camisetas, calças, sombrinhas, guarda-chuvas e também que usem uma proteção em ambientes externos, como guarda-sol na praia.
Atualmente, dispomos de guarda-sol com tecidos bem resistentes e que fazem uma proteção solar equivalente a FPS 50. Então, em cidades como o Rio de Janeiro, o uso do protetor solar tópico dessas roupas como boné, chapéu, camiseta, calça comprida e o guarda-sol oferecem uma proteção adicional. Ademais, existem substâncias orais que acrescentam uma proteção ao protetor tópico e existem várias substâncias que oferecem essa proteção adicional, por exemplo, piquinogenol, polipódium leucotomos, vitamina C e vitamina E.
Silmeri Bolognani: O câncer de pele pode ser causado por fatores como genética, histórico familiar e exposição ao sol, seja direta ou indireta, como a luz que passa pelas janelas. No caso da senhora, por exemplo, ela pode ter desenvolvido câncer de pele no nariz mesmo sem sair de casa, pois a radiação UV pode entrar pelas janelas, danificando a pele ao longo do tempo, especialmente em idosos. Portanto, a proteção solar deve ser contínua, com cuidados como evitar o sol entre 10h e 16h, usar roupas e chapéus, e realizar exames regulares com especialista. O diagnóstico precoce aumenta as chances de tratamento eficaz e cura.
O DIA: Os ortopedistas dizem que as pessoas precisam tomar sol, por 20 minutos, entre meio-dia e 15 horas por conta da vitamina D, mas os dermatologistas não são adeptos desse hábito. Por que o uso do protetor solar é tão importante até nesses casos?
Cristiano Kakihara: A exposição solar seria interessante para a prevenção da hipovitaminose D. Contudo, a radiação solar tem espectros de onda cancerígenos. E o câncer de pele pode espalhar para outros órgãos e matar o ser humano. Por isso que a sociedade brasileira não oferece essa recomendação ostensiva de proteção solar todo dia, um pouco, ou três vezes por semana. Alguns países onde a incidência solar é muito baixa, eles até falam isso, mas aqui no Brasil isso realmente não é uma recomendação que domina o receituário dos dermatologistas. O que nós, de uma forma geral, orientamos os pacientes devem usar protetor solar meia hora antes da exposição solar.
Silmeri Bolognani: Essa é uma ótima pergunta! O sol é uma importante fonte de vitamina D, que é essencial para a saúde óssea e o bom funcionamento do sistema imunológico. Muitos ortopedistas recomendam uma exposição ao sol de cerca de 15 a 20 minutos por dia, entre 10h e 15h, para estimular a produção de vitamina D, especialmente em pessoas com níveis baixos dessa vitamina. No entanto, os dermatologistas alertam que, embora o sol seja necessário para a produção de vitamina D, a exposição sem proteção solar pode ser perigosa, pois os raios UV (principalmente os UVA e UVB) são a principal causa de câncer de pele e podem danificar a pele mesmo em exposições curtas e repetidas.
Por isso, é importante conciliar a produção de vitamina D com a proteção solar. Para isso, recomendo: uma exposição controlada: Tomar sol por cerca de 10 a 20 minutos e depois aplicar protetor solar para continuar se protegendo, isto se a pele não for sensível. Fontes alternativas de vitamina D: Como alimentos ricos em vitamina D (peixes, ovos, leite fortificado) ou suplementos, caso a exposição solar não seja suficiente ou segura. Resumindo, a exposição solar para produção de vitamina D deve ser equilibrada com a proteção da pele para evitar os danos causados pelos raios UV, principalmente em horários de pico (entre 10h e 16h), quando os raios solares são mais intensos.
O DIA: Os produtos e os próprios protetores solares são caros, como a população de baixa renda por fazer para não se expor tanto no dia a dia?
Cristiano Kakihara: O custo dos protetores solares realmente é elevado, e por isso recomendamos a quem não possa fazer o uso desta medicação que fique em ambiente externo, longe da janela, que significa longe da janela, além de dois metros da janela, dentro de casa. Essa orientação é muito importante, então, por exemplo, se a pessoa estiver a 2,5 metros da janela, isso já confere uma proteção muito interessante solar. Agora, se a pessoa estiver a 2 metros da janela dentro de casa, mais pertinho da janela, o ideal é que ela use protetor solar. Se a pessoa não puder adquirir esse produto, então fique além de 2 metros da janela. Ela vai estar protegida da radiação solar, que é o que realmente causa câncer de pele.
Silmeri Bolognani: Para quem tem um orçamento apertado, é possível se proteger do sol sem gastar muito. A primeira dica é evitar a exposição direta durante os horários mais intensos, entre 10h e 16h, quando os raios UV são mais fortes. Além disso, usar roupas que cubram bem a pele, como camisas de manga longa, e acessórios como chapéus e óculos de sol ajuda a diminuir a exposição. Uma alternativa é procurar protetores solares mais acessíveis, como os de marcas genéricas ou os formatos de spray, que costumam ser mais baratos. Sempre que possível, buscar sombra natural, como de árvores ou construções, também é uma boa forma de evitar os danos do sol. Para quem precisa ficar ao ar livre, como em atividades de trabalho, usar sombrinhas ou roupas mais fechadas pode ser uma maneira prática de se proteger sem precisar recorrer ao protetor solar o tempo todo. Essas atitudes simples ajudam a cuidar da pele de forma eficaz e acessível.