Eles fazem parte de um grupo que, por meio de seu trabalho, consegue que pessoas riam sem nenhum clique ou palavra escrita. Trata-se dos caricaturistas que, com seus traços exagerados, são sucesso em jornais, revistas, livros e levam alegria para as pessoas. Na quarta-feira (18), às 18h, será inaugurado o Museu da Caricatura Brasileira, na Rua Primeiro de Março, 22, no Centro do Rio. Idealizado pelo caricaturista, colecionador e historiador Luciano Magno, de 50 anos, a instituição é a primeira do gênero no país a ser totalmente dedicado à caricatura.
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"É uma honra muito grande. A inauguração do Museu da Caricatura Brasileira vai ser marco para a nossa cultura", diz Luciano, afirmando que um dos objetivos, além de contar toda a história dessa arte, é resgatar o bom humor do carioca por meio da caricatura. "O Rio de Janeiro sempre foi a tradição da caricaturista brasileira e dos humoristas também. Os caricaturistas e humoristas de outros estados vieram para cá. O Museu da Caricatura Brasileira é um dos equipamentos culturais que quer resgatar o bom humor do carioca, já que a caricatura se traduz em riso, em piadas gráficas".
Para conseguir dar forma ao projeto, Luciano Magno participou do edital do Projeto Reviver Centro Cultural da Prefeitura do Rio. "O Reviver tentar reverter a situação de declínio social, do esvaziamento das ruas do Centro depois de uma certa hora. Desde o início do ano estamos trabalhando. Já tem mais de 30 estabelecimentos. O nosso demorou para ser inaugurado porque é um dos empreendimentos mais arrojado".
O idealizador acredita na importância de mostrar a caricatura para todos. "Temos que mostrar que a arte da caricatura brasileira é uma das melhores do mundo, resgatar essa tradição mostrando a trajetória e obra desses caricaturistas célebres da história do Brasil e manter o nível da programação cultural da cidade de par com as outras instituições (CCBB e Centro Cultural Correios) ao nosso redor. Acho que é um desafio, mas a caricatura do Brasil e o acervo que nós temos vão cumprir esse papel".
Autor da obra "História da Caricatura Brasileira", que ganhou o Prêmio Jabuti, e Organizador da Bienal Internacional da Caricatura – Brasil”, que já teve três edições, Luciano Magno é carioca, dedica sua vida à arte da caricatura, e organizou mais de 70 exposições. "Eu coleciono charges, desenho de humor e caricatura desde os meus 15 anos. Em Em 2000 a minha coleção já tinha se tornado bem significativa e já havia o projeto em paralelo do Museu da Caricatura. Tenho quatro livros lançados sobre a história da caricatura brasileira".
De acordo com Magno, são 35 membros fundadores."Eu procurei alinhar e convidar colecionadores, historiadores, parentes de caricaturistas, caricaturistas e cartunistas, desenhistas e caricaturistas ligados ao cinema de animação como o Allan Sieber. O cinema de animação começou pelos caricaturistas".
O Museu da Caricatura Brasileira, na Rua Primeiro de Março, 22, no Centro do Rio, tem 1.000 metros quadrados, e 14 salas expositivas espalhadas por seus três andares. O prédio é histórico e tem mais de 100 anos. Conta com o acervo particular de mais de 100 mil itens do historiador, colecionador e caricaturista Luciano Magno, autor do livro ''História da Caricatura Brasileira'', presidente do Museu. O segundo maior acervo é do vice-presidente Luiz Fernando Carvalho.
Na programação, haverá exposições históricas e contemporâneas, com obras de caricaturistas importantes das primeiras décadas do século XX, como J. Carlos, Calixto Cordeiro, Raul Pederneiras, Luiz Peixoto, Seth, Alvarus, Fritz e Nair de Teffé, até artistas consagrados da fase contemporânea da caricatura no Brasil.
Exposições que ficarão quatro meses em cartaz
1º Andar do Museu - A História do 1o Centenário da Independência do Brasil (1822-1922) através da Caricatura Exposição que tem obras de J. Carlos, Calixto Cordeiro, Raul Pederneiras, Luiz Peixoto, Seth, Nair de Teffé, e que apresenta, através da caricatura, tudo o que aconteceu no ano do 1º Centenário da Independência do Brasil, em 1922, como a Exposição Internacional do Centenário, a Semana de Arte Moderna, o Tenentismo, a derrubada do Morro do Castelo, entre outros temas.
2ª Andar do Museu - Apresentará a Exposição ''Nair de Teffé & Hilde Weber - Precursoras Brasileiras''. Mostra sobre a primeira caricaturista brasileira Nair de Teffé, e nossa primeira chargista, Hilde Weber.
Outra grande exposição é a Exposição Permanente sobre a História da Caricatura no Brasil, com obras originais, gravuras, pinturas e esculturas, de mestres da nossa caricatura, desde o século XIX, como Angelo Agostini, Henrique Fleiuss, Bordalo Pinheiro, passando pela geração do início do século XX, como J. Carlos, Calixto, Seth, Alvarus, Fritz, até a geração contemporânea da caricatura no Brasil, com obras de Lan, Borjalo, Chico e Paulo Caruso, Claudius, Ziraldo e Luis Trimano, entre outros.
3ª Andar do Museu - O terceiro andar do Museu apresentará a ''5a Bienal Internacional da Caricatura - Brasil'', que Magno também organiza. Nesta edição apresentará exposições de artistas da geração atual, como Cavalcante (que já atuou em O Globo), e dos artistas visuais e cartunistas Jorge Jardim, e Quim Duran, entre outros.
Algumas preciosidades
O acervo do Projeto Museu da Caricatura Brasileira tem muitas preciosidades: a famosa caricatura original sobre o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, numa ilha e sendo sobrevoado pelos aviões nazistas, obra publicada na revista Careta na 2a Guerra Mundial, de autoria de J. Carlos. Originais de K. Lixto, trabalhos feitos para a famosa revista D. Quixote, além de reproduções de sua obra. E uma faceta pouco conhecida desse artista: a de escultor, apresentando interessante trabalho realizado em barro.
Originais da obra de Raul Pederneiras, além de outras peças de sua memorabilia: cartas assinadas do próprio punho, álbuns publicados pelo caricaturista, cartões desenhados, e reproduções de seus trabalhos. Outro setor do acervo do Museu da Caricatura Brasileira que se destaca é a da escultura: uma do escultor Paulo Mazzuchelli sobre o grande caricaturista francês Honoré Daumier. Uma série de esculturas originais de Fritz, em bronze, como a série sobre Mendigos.
Outros artistas também têm destaque na Coleção Museu da Caricatura: Bambino, Crispim do Amaral, Rocha, Amaro do Amaral, Alfredo Cândido, Hélios Seelinger, Vasco Lima, J. Arthur, Gil, J. Ramos Lobão, Leônidas, Loureiro, Max Yantok, Belmonte, Théo, entre outros, também da fase contemporânea. São mais de 100 mil charges e outros itens constantes na Coleção, em revistas e recortes de jornais, entre milhares de itens originais, estabelecendo, portanto, o compromisso de servir ao Brasil, preservando a memória e o acervo dos caricaturistas e chargistas brasileiros.
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